O presidente Donald Trump segue entrincheirado na Casa Branca, sem aparições públicas, enquanto a pandemia avança e seus advogados colecionam derrotas nos tribunais. No domingo (22), líderes do Partido Republicano aumentaram a pressão para que ele aceite a derrota e conceda uma transferência de poder para o democrata Joe Biden.
Os dois últimos conselheiros de Segurança Nacional dos EUA, o general Herbert McMaster e John Bolton, criticaram no domingo o comportamento do presidente em aparições na TV. "Biden tomará posse em janeiro. A verdadeira questão é o tamanho do prejuízo que Trump pode causar antes que isso aconteça", afirmou Bolton no programa State of the Union, da CNN. "No momento, Trump está jogando pedras nas janelas. Ele é tipo um vândalo da política."
Ao programa Face the Nation, da CBS,McMaster disse que os esforços de Trump são "prejudiciais" e alertou que suas ações estavam semeando dúvidas entre o eleitorado. "Ele está fazendo o jogo dos nossos adversários", disse o general. "A Rússia, por exemplo, não se importa com quem vence, desde que muitos americanos duvidem do resultado, minando a democracia dos EUA."
O governador de Maryland, o republicano Larry Hogan, também disse que Biden seria empossado no dia 20 de janeiro. "Estou envergonhado com a falta de liderança do partido em se manifestar reconhecendo o resultado da eleição", disse Hogan. "Os EUA costumavam monitorar eleições em todo o mundo, mas agora estamos começando a parecer uma república das bananas."
Trump parece ficar cada vez mais isolado, com alguns senadores e alguns deputados apenas repetindo suas alegações de fraude generalizada na eleição. No domingo, pelo menos três senadores republicanos - John Cornyn, Pat Toomey e KevinCramer - vieram a público dizer que é hora de começar a transição e Biden receber os relatórios de segurança.
Chris Christie, ex-governador de New Jersey e um aliado do presidente, disse que as ações legais da campanha eram um "constrangimento". "Eu apoiei o presidente. Votei nele duas vezes. Mas as eleições têm consequências e não podemos continuar a agir como se tivesse acontecido alguma coisa que não aconteceu", afirmou.
Um dos mais duros com o presidente foi o deputado Fred Upton, de Michigan. Biden venceu o Estado por mais de 150 mil votos de vantagem, mas Trump vem pressionando o Legislativo estadual - de maioria republicana - para ignorar o resultado das urnas e escolher eleitores fiéis a ele no colégio eleitoral.
"Os eleitores deram o veredicto. Ninguém apresentou qualquer evidência de fraude ou abuso. Todos os 83 condados certificaram seus resultados eleitorais. Eles serão tabulados oficialmente ou deveriam ser amanhã (segunda, dia 23). Esperamos que esse processo avance e deixe os eleitores, não os políticos, darem a palavra final", afirmou o deputado no programa Inside Politics, da CNN.
Upton se refere à certificação dos resultados, uma espécie de ato administrativo final que chancela a vitória de Biden no Estado. Na sexta-feira, a Geórgia certificou a vitória do democrata. Nesta segunda (23), será a vez dos Estados de Michigan e Pensilvânia. Na terça (24), Minnesota e Nevada - em mais um sinal de que o caminho para Trump contestar as urnas vai se estreitando.
A última derrota de Trump nos tribunais ocorreu na Pensilvânia. O juíz Matthew Brann rejeitou o pedido para descartar quase 7 milhões de votos com uma sentença dura. "Esta ação é como o monstro de Frankenstein, foi costurada ao acaso, a partir de duas teorias distintas, em uma tentativa de evitar os precedentes", escreveu. No fim de semana, o presidente perdeu outros processos judiciais na Geórgia, Michigan e Arizona.
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