O sexto dia da invasão russa da Ucrânia começou sob relativa calma na capital Kiev, mas o centro de Kharkiv, segunda maior cidade do país, foi bombardeado por Moscou na manhã desta terça-feira (1º). O governante da região, Oleg Sinegubov, relatou que mísseis Grad e de cruzeiro atingiram áreas residenciais e o prédio oficial do governo, mas afirmou que a cidade segue resistindo. "Tais ataques são um genocídio do povo ucraniano, um crime de guerra contra a população civil", disse Sinegubov.
Na mesma toada, o presidente do país, Volodimir Zelenski, classificou os ataques de "terrorismo de Estado" cometido pela Rússia. O Ministério das Relações Exteriores da Índia afirmou que um estudante do país foi morto no ataque. Não há informações e detalhes sobre mais vítimas.
Já a capital teve uma noite pacífica, apesar da ameaça de um comboio russo de 64 km que já está a cerca de 25 km a noroeste da capital, segundo imagens de satélite. Em mensagem no Telegram, a Prefeitura de Kiev relatou uma noite foi tranquila, apesar de conflitos entre o que chamou de "terroristas e sabotadores".
O governo municipal também afirmou que estão sendo montadas estruturas de proteção nas entradas da cidade e reforçou o pedido para que moradores não deixem suas casas nem se desloquem desnecessariamente. A partir desta terça, a venda de bebidas alcoólicas está proibida.
Há, na mídia local, porém, relatos de explosões nos arredores. O diretor da maternidade Adonis, em Buzova, a leste da capital, publicou no Facebook que uma granada atingiu o local, que foi esvaziado. Apesar do estrago, Vitalii Girin, chefe do hospital, diz não ter havido vítimas e que o edifício segue em pé.
Em Borodianka, a noroeste de Kiev, o centro de reabilitação do Ministério dos Assuntos dos Veteranos da Ucrânia foi bombardeado, segundo relatou a ministra da pasta, Iulia Laputina, em vídeo. "É um ato de violação do direito internacional humanitário, um ato de violência que será punido", afirmou. A cidade tem sido ocupada por tanques russos, que começaram a destruir infraestruturas e moradias na cidade, segundo o jornal Pravda.
O Exército ucraniano alertou no Facebook que, nas últimas 24 horas, as forças russas acumularam blindados e artilharia para "rodear e tomar o controle de Kiev e outras grandes cidades". Mariupol, por exemplo, está sob constante bombardeio, segundo o prefeito, e há tropas nos arredores de Kherson, próximo à península da Crimeia, no sul da Ucrânia.
O prefeito da cidade, Igor Kolikhaiev, publicou na madrugada desta terça que é difícil prever como a situação irá evoluir, mas que "Kherson é e continuará sendo ucraniana". Nas redes sociais, incluindo alguns perfis da mídia local, vídeos mostravam as forças russas entrando na cidade de 290 mil habitantes.
A inteligência britânica, por outro lado, diz que o avanço na capital progrediu pouco nessas últimas 24 horas devido a dificuldades logísticas. Ao mesmo tempo, o boletim do Ministério da Defesa relata o aumento do uso de artilharia no norte de Kiev e na região de Kharkiv e Chernihiv.
O conselheiro do presidente Volodimir Zelenski afirmou, nesta terça, que a Rússia está bombardeando ativamente os centros das cidades, lançando mísseis e ataques de artilharia diretamente em áreas residenciais e locais do governo. "O objetivo é claro: pânico em massa, vítimas civis e danos na infraestrutura", disse Mikhailo Podoliak. Outro conselheiro, Oleksii Arestovich, disse que as forças russas tentam formar um cerco em Kiev e Kharkiv.
Para o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, o bombardeio de regiões pacíficas "é a prova de que eles são incapazes de lutar mais com ucranianos armados", afirmou em publicação no Facebook.
Com um tom de vitorioso, começa dizendo que no quinto dia de intervenção, esta segunda (28), os russos "revelaram-se incapazes de esconder que sua agonia começa". Também ressalta que na parte econômica, Moscou também já sofreu "uma destruição devastadora". Sancionado pelos britânicos, o Banco Central do país disse que a situação é dramática e tenta evitar asfixia e quebras financeiras.
Pelo lado ucraniano, mais de 70 militares foram mortos nesta segunda em um bombardeio em Okhtirka, no nordeste do país, segundo o governante da região, Dmitro Zhivitskii. Entre civis, o governo afirma que 350 já foram mortos, entre eles 14 crianças. A ONU confirmou 102 óbitos e 304 feridos, além de mais de meio milhão de refugiados, apesar de reconhecer que os números podem ser maiores.
Reznikov afirma ainda que o fornecimento de armas dos europeus está aumentando. Segundo a Força Aérea do país, 70 caças da União Europeia devem chegar nesta terça, provenientes de Bulgária, Polônia e Eslováquia. A Austrália também prometeu mísseis antiblindados.
O clima de tensão segue enquanto há a expectativa para uma segunda rodada de negociações, após a primeira nesta segunda acabar sem avanços claros. Os representantes dos dois países concordaram em voltar às suas capitais para discutir pontos da conversa e devem marcar uma segunda rodada de reuniões, informou a agência estatal russa RIA, citando um funcionário do governo ucraniano.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta