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Rússia muda tom sobre reconhecimento de presidente da Ucrânia

Rússia muda tom sobre reconhecimento de presidente da Ucrânia

M inistro das Relações Exteriores da Rússia afirmou que Moscou está "comprometida com a desmilitarização da Ucrânia" e sugeriu que seja feita uma lista de armas que nunca poderiam ser implantadas em território ucraniano

Publicado em 2 de março de 2022 às 17:26- Atualizado há 3 anos

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O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira (2) que o governo russo reconheceu o presidente Volodymyr Zelensky como presidente da Ucrânia, em uma sinalização de mudança no posicionamento do país frente à crise. O chanceler também citou como um "passo positivo" o fato do ucraniano pedir garantias de segurança nas negociações.

"Nossos negociadores estão prontos para a segunda rodada de discussão dessas garantias com representantes ucranianos", disse Lavrov, em entrevista à Al Jazeera.

Na terça (1º), Zelenskiy acusou a Rússia de terrorismo após a tropas comandadas por Vladimir Putin efetuarem um bombardeio contra o prédio do governo de Kharkiv nesta quarta e atingir também áreas residenciais próximas ao edifício. "Isso é terror contra a cidade, terror contra a Ucrânia", afirmou o mandatário em um vídeo publicado nas redes sociais.

O ucraniano também voltou a pedir que os países da comunidade internacional ampliem as sanções contra a Rússia, e defendeu que o país de Putin não pode fazer parte do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

Lavrov também afirmou que Moscou segue "comprometida com a desmilitarização da Ucrânia" e sugeriu que seja feita uma lista de armas que nunca poderiam ser implantadas em território ucraniano.

"Tipos específicos de armas de ataque devem ser identificados que nunca serão implantados na Ucrânia e não serão criados", defendeu.

O chanceler russo disse, ainda, que se ocorresse uma terceira Guerra Mundial, o combate envolveria armas nucleares e seria destrutivo. As declarações ocorrem diante das ofensivas armadas contra a Ucrânia e foram divulgadas pela agência de notícias russa RIA Novosti.

Segundo o ministro, a Rússia enfrentaria um "perigo real" se Kiev adquirisse armas nucleares. O país lançou o que chama de uma operação militar especial contra a Ucrânia na semana passada, sob ordens do presidente Vladimir Putin.

O conflito bélico alcança o sétimo dia, com um bombardeio, ainda durante a madrugada, ao prédio da polícia de Kharkiv. O ataque deixou a estrutura do edifício parcialmente destruída e a parte superior pegou fogo. Não houve registro de mortos, mas três pessoas ficaram feridas.

Zhytomyr, localizada a 140 quilômetros de Kiev, também foi alvo de bombardeios nas primeiras horas da madrugada desta quarta, no horário local. Uma área residencial foi atingida, deixando várias casas destruídas e ao menos quatro pessoas mortas, sendo três adultos e uma criança.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou a Rússia de atacar jardins de infância e orfanatos. "Putin está em guerra com as crianças", escreveu no Twitter.

Local do Serviço de Guarda de Fronteira do Estado Ucraniano danificado por bombardeios na região de Kiev, na Ucrânia(Reuters/Folhapress)

NEGOCIAÇÕES

A delegação da Rússia já está a caminho da reunião com a comitiva da Ucrânia para uma nova rodada de negociações em relação à guerra entre os dois países.

Mais cedo, o secretário de imprensa da Rússia, Dmitry Peskov, disse que o Kremlin está aberto às tratativas com o país vizinho e que as autoridades russas esperariam os ucranianos até a noite desta quarta.

A segunda reunião entre os altos escalões da Rússia e da Ucrânia foi marcada após a primeira, realizada na segunda, terminar sem um acordo de cessar-fogo. Conforme noticiou a agência estatal russa RIA Novosti na terça, a nova reunião deve acontecer na fronteira entre Belarus e Polônia. A agência cita como fontes membros do alto escalão diplomático da Ucrânia que não foram identificados.

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