SÃO PAULO - A decisão de excluir a Rússia do sistema global de pagamentos Swift será tomada em questão de dias, disse o presidente de um banco central da zona do euro à Reuters neste sábado.
"O Swift é apenas uma questão de tempo, muito pouco tempo, dias", disse o presidente do banco central, que pediu para não ser identificado.
"É suficiente? Não. É necessário? Absolutamente. As sanções só fazem sentido se houver custos para ambos os lados e isso será caro", acrescentou a autoridade monetária.
A decisão é uma das sanções mais disruptivas que o Ocidente pode aplicar contra a Rússia por seu ataque à Ucrânia.
Fundada em 1973, a Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias (Swift) não lida com nenhuma transferência ou fundos, mas seu sistema de mensagens, desenvolvido na década de 1970 para substituir a dependência das máquinas de Telex, fornece aos bancos uma forma de comunicação rápida, segura e barata.
A empresa, com sede na Bélgica, é uma cooperativa de bancos e pretende permanecer neutra.
Os bancos utilizam o sistema Swift para enviar mensagens padronizadas sobre transferências de valores entre si, transferências de valores para clientes e ordens de compra e venda de ativos. Mais de 11.000 instituições financeiras, em mais de 200 países, usam o Swift, tornando o mecanismo a espinha dorsal do sistema internacional de transferências financeiras.
Seu papel preeminente nas finanças também significou que a empresa teve que cooperar com autoridades para evitar o financiamento do terrorismo.
De acordo com a associação nacional RosSwift, a Rússia é o segundo maior país, atrás dos Estados Unidos, em número de usuários, com cerca de 300 instituições financeiras pertencendo ao sistema. Mais da metade das instituições financeiras da Rússia são membros do Swift.
A Rússia conta com uma infraestrutura financeira doméstica, que inclui o sistema SPFS para transferências bancárias e o sistema Mir para pagamentos com cartão, semelhante aos sistemas Visa e Mastercard.
Em novembro de 2019, o Swift "suspendeu" o acesso de alguns bancos iranianos à sua rede. A medida se seguiu à imposição de sanções ao Irã pelos Estados Unidos e a ameaças feitas pelo então secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, de que o Swift seria alvo de sanções dos EUA se não concordasse.
O Irã já havia sido desconectado da rede Swift, entre 2012 e 2016.
Taticamente, "as vantagens e desvantagens são discutíveis", disse à AFP Guntram Wolff, diretor do think tank Bruegel, com sede em Bruxelas. Em termos práticos, ser removido do Swift significa que os bancos russos não podem usá-lo para realizar ou receber pagamentos junto a instituições financeiras estrangeiras para transações comerciais.
"Operacionalmente, seria uma dor de cabeça", apontou Wolff, especialmente para países europeus que têm um comércio considerável com a Rússia, que é seu maior fornecedor de gás natural.
Nações ocidentais ameaçaram excluir a Rússia do Swift em 2014, após a anexação da Crimeia. Mas descartar um país tão importante -a Rússia também é um grande exportador de petróleo- poderia estimular Moscou a acelerar o desenvolvimento de um sistema de transferências alternativo, com a China, por exemplo.
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