SÃO PAULO - O papa Francisco nomeou, neste sábado (27), dois brasileiros como cardeais, em um consistório que oficializou a posse de 20 novos religiosos, ao todo.
O movimento ajuda a consolidar certa internacionalização do colégio cardinalício, órgão que ajuda o pontífice a governar a Igreja Católica - e define o novo papa quando este deixar o posto. A cerimônia e os eventos que a sucedem até terça-feira (30) estão envoltos em ineditismos, pontos de interrogação e burburinhos, em meio a rumores sobre uma renúncia de Francisco.
No total, o Brasil passa a ter oito cardeais na instituição, sendo seis eleitores de um novo pontífice. Saiba quem são os escolhidos.
Arcebispo de Manaus (AM) desde 2019, dom Leonardo Steiner é considerado o primeiro "cardeal da Amazônia". Segundo ele, a escolha por seu nome sinaliza que o papa Francisco está preocupado com a floresta e deseja aproximar a Igreja Católica da região. Sua nomeação desbancou o titular da Arquidiocese de Belém (PA), a mais antiga e tradicional no Norte brasileiro.
Em entrevista recente à Folha de S.Paulo, o arcebispo afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) "perde o horizonte" ao incentivar o garimpo na Amazônia e disse que as atitudes do presidente têm deixado comunidades indígenas desprotegidas.
Steiner, 71 anos, é ex-secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e, na instituição, ajudou a mobilizar religiosos para a reforma da sede nacional, em Brasília.
Nascido em Forquilhinha (SC), ele cursou filosofia e teologia em Petrópolis (RJ), entre 1973 e 1978, quando foi ordenado padre por seu primo Paulo Evaristo Arns.
O religioso também tem formação pedagógica e já foi professor. Na década de 1990, mudou-se para Roma, onde fez mestrado e doutorado em filosofia. Ao voltar ao Brasil, na década seguinte, passou a lecionar o curso no interior do Paraná.
Foi nomeado bispo em 2005 pelo papa João Paulo 2º para a Prelazia de São Félix do Araguaia (MT).
O outro brasileiro que chega para o colégio cardinalício é dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília desde 2020, mesmo ano em que passou a integrar, no Vaticano, a Pontifícia Comissão para a América Latina, cargo que o aproximou do papa.
Costa nasceu em Valença (RJ), em 1967. Possui graduação em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da arquidiocese do Rio de Janeiro e mestrado e doutorado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana.
Na vida acadêmica, foi professor do Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro, da Escola Teológica São Bento e do Departamento de Teologia da PUC-Rio, onde também atuou como coordenador e diretor.
Foi ordenado presbítero no início da década de 1990. Em seu ministério, foi vigário paroquial, pároco e reitor do Seminário Diocesano Paulo 6º em Nova Iguaçu (RJ). Colaborou na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como membro do grupo de peritos da Comissão Episcopal de Doutrina.
Em 2010, foi nomeado pelo então papa Bento 16 como bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro. Além de arcebispo de Brasília, também é membro do Conselho Permanente da CNBB.
"O papa Francisco pegou a todos nós de surpresa, anunciando meu nome na lista de cardeais", disse ele no final de maio, logo após a oficialização. "O posto de cardeal veio com a bondade do papa, como reconhecimento do nosso trabalho e da nossa doação. Pretendo continuar servindo e olhando para Jesus Cristo. Ele é o servidor por excelência."
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