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Saldo de mortos em explosão no Líbano chega a 135; há 5.000 feridos

Saldo de mortos em explosão no Líbano chega a 135; há 5.000 feridos

De acordo com o premiê do Líbano, Hassan Diab, o incidente foi causado por 2.750 toneladas de nitrato de amônio estocadas na região portuária há seis anos

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 08:34

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Imagem desta quarta-feira, 05, mostra a destruição causada por duas fortes explosões que atingiram a região portuária de Beirute, no Líbano.
Imagem desta quarta-feira (5), mostra a destruição causada por duas fortes explosões que atingiram a região portuária de Beirute, no Líbano. (HUSSEIN MALLA/ AP / ESTADÃO CONTEÚDO)

O saldo de mortes da grande explosão ocorrida em Beirute nesta terça-feira (4) já chegou a 135 pessoas, e há mais de 5.000 feridos, de acordo com a mais recente contagem divulgada pelo Ministério da Saúde do Líbano, nesta quarta (5).

Pela manhã, a Cruz Vermelha do Líbano havia divulgado um balanço com 113 mortos e mais de 4.000 feridos.

"Nossas equipes ainda seguem realizando operações de busca e resgate nas áreas adjacentes [ao local da explosão]", disse o comunicado da entidade.

O saldo informado na véspera pelas autoridades libanesas dava conta de 78 mortes provocadas pela explosão na região portuária de Beirute. O número deve crescer ainda mais, dada a escala da destruição registrada.

"É como uma zona de guerra. Estou sem palavras", disse o prefeito da capital libanesa, Jamal Itani, à agência de notícias Reuters. "Esta é uma catástrofe para Beirute e para o Líbano."

Cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas após a explosão. A estimativa é do governador de Beirute, Marwan Abboud. Segundo ele, os danos se estenderam a mais da metade da área da capital libanesa e são estimados em US$ 3 bilhões (quase R$ 16 bilhões).

As buscas também seguem na água, já que a intensidade da explosão lançou muitas vítimas ao mar. De acordo com a Cruz Vermelha, muitos dos mortos eram funcionários do porto e da alfândega de Beirute.

A grande explosão que atingiu na tarde desta terça a capital libanesa, levantou bolas de fogo e colunas de fumaça gigantescas e afetou construções a quilômetros de distância.

Paredes de prédios foram destruídas, janelas quebraram, carros foram virados de cabeça para baixo e destroços bloquearam várias ruas, forçando feridos a caminhar em meio à fumaça até hospitais.

De acordo com o premiê do Líbano, Hassan Diab, o incidente foi causado por 2.750 toneladas de nitrato de amônio estocadas na região portuária há seis anos "sem medidas preventivas". "Isso é inaceitável e não podemos permanecer calados", disse Diab.

A substância é comumente usada como fertilizante, mas também na confecção de artefatos explosivos e pirotécnicos. De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, há risco de explosão se a substância entrar em contato com altas temperaturas, fogo, combustível ou alguma fonte de ignição, por exemplo.

A explosão em Beirute ocorre no pior momento da história recente do Líbano. O país atravessa uma crise econômica aguda e uma onda de protestos de rua em meio à pandemia de Covid-19.

O governo libanês decretou um dia de luto em todo o país nesta quarta-feira (5). O presidente Michel Aoun disse que determinou uma investigação para revelar as causas da explosão e punir os responsáveis o mais rapidamente possível.

Aoun também pediu à comunidade internacional que acelere o envio de assistência para ajudar o Líbano a lidar com a crise humanitária.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que o país fará "algo concreto para atender em parte aquelas pessoas que estão numa situação complicada".

O chanceler Ernesto Araújo se reuniu nesta quarta com o embaixador libanês, Joseph Sayah, para "tratar da cooperação que será oferecida pelo Brasil ao Líbano".

A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira informou que está em contato com Beirute para identificar as necessidades imediatas a serem atendidas. A expectativa da entidade é que uma doação de materiais seja despachada nos próximos dias, junto com a ajuda anunciada pelo governo brasileiro.

Nas últimas horas, diversos países já se comprometeram a auxiliar o Líbano.

A União Europeia ativou o Mecanismo de Proteção Civil do bloco, projetado para prestar assistência após desastres naturais.

Mais de cem bombeiros especializados em busca e resgate em contextos urbanos estavam sendo enviados com veículos, cães e equipamentos.

A UE também vai utilizar um sistema de mapeamento por satélite para ajudar as autoridades libanesas a avaliar a extensão dos danos.

O governo da França, antiga potência colonial que administrou o Líbano no início do século 20, disse que mandaria equipamento médico ainda nesta quarta-feira.

O gabinete do presidente Emmanuel Macron informou que o país enviaria dez médicos especializados em atendimentos de emergência, 55 agentes de segurança e 6 toneladas de equipamentos de saúde.

O governo francês anunciou ainda que o próprio Macron irá a Beirute nesta quinta-feira (6) para se encontrar com o presidente e o primeiro-ministro libaneses.

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, ofereceu condolências e apoio médico ao Líbano. Segundo a mídia iraniana, o país enviará nove toneladas de comida, além de remédios, médicos e um hospital de campanha.

Rouhani também expressou esperança de que a causa da explosão seja descoberta e de que a calma seja restaurada em Beirute o mais rapidamente possível.

Irã e Líbano são adversários históricos, mas a dimensão da tragédia conteve as animosidades. Nesta terça, o Hizbullah, partido xiita ligado ao Irã, também deixou de lado as rivalidades e pediu união para enfrentar o que classificou como catástrofe.

A Fundação de Ajuda Humanitária da Turquia (IHH) anunciou apoio na busca de sobreviventes, escavando detritos para procurar pessoas soterradas e recuperar os corpos das vítimas. A mídia local transmitiu imagens de pessoas presas a escombros, algumas cobertas de sangue.

O IHH também mobilizou uma cozinha em um campo de refugiados palestinos para fornecer comida para os necessitados.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha disse, em uma rede social, que funcionários da embaixada alemã em Beirute estão entre os feridos. O país deve enviar uma equipe de resgate urbano composta por 47 profissionais especializados em buscas em destroços.

Berlim também anunciou uma doação imediata de 1 milhão de euros (R$ 6,28 milhões) por meio da Cruz Vermelha Alemã para a instalação de postos de primeiros socorros e compra de material médico.

A Rússia informou que cinco aviões carregando equipamentos médicos, profissionais de saúde e um hospital de campanha estão a caminho da capital libanesa. Uma unidade de bombeiros, que inclui cinco cães de resgate, seus treinadores e mais 30 profissionais também foi enviada pela República Tcheca.

Do Qatar, já foi enviado um avião militar e, segundo a agência de notícias estatal QNA, outros três aviões devem seguir para Beirute nesta quarta-feira, com equipamentos para a instalação de dois hospitais de campanha com 500 leitos cada um.

Uma equipe de busca e salvamento composta por 67 médicos, enfermeiros, bombeiros e policiais também foi enviada pela Holanda ao Líbano. A esposa do embaixador holandês no país ficou gravemente ferida e está internada em um hospital de Beirute.

Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FIRC) anunciaram o envio de 40 toneladas de suprimentos médicos à capital libanesa.

Os libaneses também correm o risco de viver uma crise alimentar. De acordo com o ministro da Economia, Raoul Nehme, a explosão destruiu o principal silo de grãos do país, deixando o Líbano com menos de um mês de reservas de trigo.

O ministro afirmou que há navios a caminho para cobrir as necessidades a longo prazo. O porto de Beirute, entretanto, era a principal porta de entrada para os alimentos importados.

"Tememos que haja um enorme problema na cadeia de suprimentos, a menos que haja um consenso internacional para nos salvar", disse Hani Bohsali, chefe do sindicato dos importadores.

Agências da ONU estão reunidas nesta quarta-feira para coordenar os esforços de socorro a Beirute, disse Tamara al-Rifai, porta-voz da agência palestina de refugiados.

"As pessoas são extremamente pobres, é cada vez mais difícil para qualquer um comprar comida, e o fato de Beirute ser o maior porto do Líbano torna a situação muito ruim."

Segundo ela, o porto de Trípoli, a segunda maior cidade do país, localizada a 85 km da capital, é a principal alternativa no momento, mas pode não ser capaz de atender as demandas dos libaneses.

COMO AJUDAR

Cruz Vermelha

A entidade internacional atua no atendimento às vítimas em Beirute. Doações podem ser feitas pelo site.

Impact Lebanon

A ONG libanesa criou uma página de doações em um site de financiamento coletivo.

Unicef

O setor da ONU voltado para a infância dá apoio a equipes de resgate e oferece acompanhamento psicológico a crianças afetadas.

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