Nas últimas quatro décadas, o número de pinguins de Adélia (Pygoscelis adeliae), um dos mais comuns da Península Antártica, estava em declínio, ao menos era o que os cientistas pensavam. Em 2012, a espécie chegou a ser incluída na lista de quase ameaçada da União Internacional para a Conservação da Natureza, mas agora uma descoberta aumenta exponencialmente o tamanho da população desses animais. Com auxílio de imagens de satélite, pesquisadores do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, em Massachusetts, encontraram uma supercolônia com 1,5 milhão de pinguins.
Em 2014, Heather Lynch, professora associada da Universidade Stony Brook, em Nova York, com o colega Mathew Schwaller, da Nasa, identificou manchas de guano em imagens de satélite, sugerindo a existência de uma colônia relativamente grande de pinguins. Para investigar o local, Heather organizou uma expedição para o arquipélago com Stephanie Jenouvrier, ecologista de aves marinhas na Woods Hole; Mike Polito, da Universidade Estadual da Louisiana; e Tom Hart, da Universidade de Oxford.
"Até recentemente, as Ilhas do Perigo não eram conhecidas por serem um habitat importante de pinguins", comentou Heather, líder do estudo publicado nesta sexta-feira no periódico Scientific Reports. "A princípio, pensei que fosse um erro. Mas, quando vimos as imagens de satélite de alta resolução, nós nos demos conta de que era uma descoberta maior".
Quando o grupo chegou ao local, em dezembro de 2015, encontraram centenas de milhares de pinguins em ninhos em solo rochoso. A contagem visual era inviável, então os cientistas usaram um drone para tomar imagens aéreas. Com um sistema de navegação e de imagem especial, o equipamento sobrevoou a ilha em grids, tirando uma fotografia por segundo. Reunidas, elas formaram um mapa preciso da colônia. Um software de inteligência artificial analisou a imagem para contar o número de ninhos. E os resultados surpreenderam.
"As Ilhas do Perigo não apenas possuem a maior população de pinguins de Adélia da Península Antártica, como parecem não ter sofrido os declínios populacionais registrados ao longo do lado oeste da península que estão associados com as recentes mudanças no clima", apontou Polito.
Para essa conclusão, os pesquisadores analisaram antigas imagens aéreas da região, algumas em preto e branco, de 1957
"Sempre estiveram ali", comentou Hart. "Foi uma experiência incrível encontrar e contar tantos pinguins".
A descoberta da supercolônia fortalece a proposta de criação de Áreas Marinhas Protegidas na costa da Península Antártica.
"Dado que as propostas de Áreas Marinhas Protegidas são baseadas na melhor ciência disponível, esta publicação ajuda a destacar a importância desta área para proteção", afirmou Mercedes Santos, do Instituto Antártico Argentino, que não participou da pesquisa, mas apresentou o pedido de proteção à Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da Antártica.
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