A maior tempestade de neve dos últimos 50 anos cobriu grande parte da Espanha, matou ao menos quatro pessoas e deixou outras milhares presas em carros, estações de trens e aeroportos, que suspenderam todos os serviços. Os corpos de um homem e de uma mulher foram recuperados pelo serviço de emergência da região da Andaluzia depois que o carro deles foi levado pela correnteza de um rio inundado perto da cidade de Fuengirola.
O Ministério do Interior disse que um homem de 54 anos também foi encontrado morto em Madri, sob um grande monte de neve. Um sem-teto morreu de hipotermia na cidade de Zaragoza, no norte do país, informou a polícia local.
Em resposta aos acontecimentos, o Rei Felipe VI e a Rainha Letizia tuitaram: "a família real gostaria de expressar sua tristeza pelas vítimas da tempestade (...) e pedir extrema cautela contra os riscos de acúmulo de gelo e neve". O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, pediu aos espanhóis que evitem tudo, exceto viagens essenciais. "Estamos enfrentando a tempestade mais intensa dos últimos 50 anos", disse.
Mais de 650 estradas foram bloqueadas pela neve, disse Grande-Marlaska. Os serviços de resgate chegaram a 1.500 pessoas presas em carros, enquanto esquiadores deslizavam pela Gran Via, normalmente uma das ruas mais movimentadas da capital. Outros residentes de Madri usaram a nevasca anormal para fazer snowboard na estrada ou atirar bolas de neve uns nos outros.
A Aena, que controla os aeroportos do país, disse que o aeroporto de Barajas, em Madri, que foi fechado na noite de sexta-feira, permanecerá fechado pelo resto do sábado. A agência informou que pelo menos 50 voos para Madri, Málaga, Tenerife e Ceuta, território espanhol no norte da África, foram cancelados.
Todos os trens que entram e saem de Madri, tanto as rotas urbanas quanto os trens de passageiros de longa distância, bem como as linhas ferroviárias entre o sul e o nordeste do país, foram suspensos, disse a operadora ferroviária Renfe.
O jogo do Atlético de Madrid contra o Athletic Bilbao, programado para começar às 15h15 GMT no sábado, foi adiado, disse o La Liga em um comunicado.
Mais de 50 centímetros de neve caíram na capital. Às 7 horas da manhã de sábado, a agência meteorológica nacional AEMET registrou a maior queda de neve em 24 horas desde 1971 em Madri.
Sandra Morena, que ficou presa na noite de sexta-feira ao ir para o turno da noite como segurança em um shopping center, chegou em casa, a pé, depois que uma unidade de emergência do exército a ajudou a sair na manhã de sábado. "Costumo levar 15 minutos, mas dessa vez já faz 12 horas congelando, sem comida nem água, chorando com outras pessoas porque não sabíamos como sairíamos de lá", disse Morena, 22 anos. "A neve pode ser muito bonita, mas passar a noite presa em um carro por causa disso não é divertido", acrescentou.
A AEMET havia alertado que algumas regiões estariam recebendo mais de 24 horas de queda de neve devido à estranha combinação de uma massa de ar frio estagnada sobre a Península Ibérica e a chegada da tempestade mais quente Filomena do sul. A tempestade deve se mover para o nordeste durante o sábado, mas deve ser seguida por uma onda de frio, disse a agência.
As regiões de Castilla, La Mancha e Madri, onde vivem 8,6 milhões de pessoas, anunciaram que as escolas fechariam pelo menos na segunda e terça-feira.
Apesar dos inúmeros galhos e até de árvores inteiras derrubadas pelo peso da neve, a nevasca também rendeu imagens surreais que divertiram muitos madrilenos, incluindo alguns bravos esquiadores e um homem em um trenó puxado por cães que foi visto em vídeos amplamente divulgados nas redes sociais.
Lucia Valles, treinadora de um clube de esqui com sede em Madri, que geralmente tem que viajar para montanhas distantes com seus clientes, ficou emocionada ao ver as camadas brancas de neve se acumulando literalmente à sua porta. "Nunca imaginei isso, foi um presente", disse Valles, 23. "Nunca tirei tantas fotos de mim", acrescentou ela enquanto deslizava pelo prédio do final do século 18 que abriga o Museu do Prado. (Com agências internacionais).
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