SÃO PAULO - O teórico da conspiração Alex Jones foi condenado a pagar pelo menos US$ 965 milhões em danos a várias famílias de vítimas do atentado em Sandy Hook, nos Estados Unidos, por alegar falsamente que a matança dos 20 alunos do primeiro grau e seis educadores na escola americana foi encenada pelo governo e pelos familiares.
O veredito desta quarta-feira (12) foi o resultado de um processo de difamação movido por parentes das vítimas e por um agente do FBI que respondeu ao atentado, e veio após três semanas de depoimentos em um tribunal em Waterbury, no estado do Connecticut (EUA). Jones também terá de pagar os honorários dos advogados, mas o valor será definido em novembro.
Advogados das famílias de oito vítimas disseram no julgamento que Jones lucrou por anos com mentiras sobre o atentado, o que gerou tráfego para seu site de desinformação, Infowars, e impulsionou as vendas de seus produtos, dentre os quais suplementos alimentares. Documentos legais mostram que seus empreendimentos faturaram mais de US$ 165 milhões de 2015 a 2018.
Enquanto isso, os familiares sofreram por uma década assédio e ameaças de morte por parte dos seguidores de Jones, argumentou um dos advogados, Chris Mattei. "Cada uma dessas famílias (estava) se afogando em luto, e Alex Jones colocou o pé em cima delas", disse ele aos jurados.
A defesa de Jones alegou que os familiares haviam mostrado poucas evidências de perdas quantificáveis. Seu advogado, Norman Pattis, também pediu aos jurados que ignorassem as tendências políticas do caso. "Este não é um caso sobre política", disse Pattis, "é sobre quanto compensar os requerentes".
Jones também testemunhou, se recusando a se desculpar com as famílias e criticando seus detratores "liberais". Durante uma transmissão ao vivo enquanto o veredito era lido, Jones prometeu apelar: "Estamos lutando contra Golias", disse ele.
No atentado à Sandy Hook, um homem de 20 anos chamado Adam Lanza matou na véspera do Natal 20 crianças com idades entre seis e sete anos, além de sete funcionários da escola. O atirador se matou em seguida.
Ligado à ascensão da direita conservadora nos últimos anos, Jones conquistou uma audiência de milhões como apresentador de rádio e comunicador, propagando desinformação e teorias conspiratórias pelo site Infowars e pelas redes sociais. Ele também era convidado para podcasts populares e programas no YouTube.
Depois de divulgar mentiras sobre o massacre em Sandy Hook, afirmando em seu programa de rádio que o atentado a tiros na escola havia sido uma montagem dos defensores do controle de armas, e que os pais das vítimas eram atores, reconheceu posteriormente que o caso havia sido "100% real".
O radialista também foi condenado recentemente em outro processo por difamação movido contra ele pelos pais de uma criança de seis anos assassinada em Sandy Hook. Em agosto, um júri em Austin, no Texas, decidiu que ele e sua empresa devem pagar US$ 49,3 milhões ao casal. Os advogados de Jones disseram que esperam anular a maior parte do pagamento antes que ele seja aprovado por um juiz, chamando-o de excessivo sob a lei estadual.
O InfoWars declarou falência em abril, assim como outra empresa de Jones, a Free Speech Systems, o fez recentemente.
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