FOLHAPRESS - Se tamanho de tradição é documento, o "perdão ao peru" é uma das maiores na Casa Branca. Está no calendário oficial: há três décadas, o presidente da vez concede clemência a um exemplar desta ave protagonista no prato principal do Dia de Ação de Graças, um dos feriados mais importantes dos EUA.
Nesta terça (26), às vésperas da data festiva, Donald Trump deveria decidir se salvava Bread (pão) ou Butter (manteiga), após votação aberta ao público e divulgada nas redes sociais do governo.
"Os democratas me acusam de pegar leve com o peru", zombou Trump. Não foi a única bicada que o republicano deu nos rivais partidários, que lideram um processo de impeachment contra ele.
Bread e Butter, ironizou o mandatário, "já receberam intimações para aparecer no porão de Adam Schiff na quinta [28, o Dia de Ação de Graças]". Schiff comanda o comitê responsável pelas investigações do caso que, torcem democratas como ele, resultará na destituição do presidente.
Trump também aproveitou a cerimônia para renovar seu arsenal contra a imprensa, comparando jornalistas a abutres, um tipo menos nobre do que seus "lindos amigos de penas". "Espero que este perdão seja muito popular na mídia. Afinal, perus são próximos de abutres."
No fim, os dois candidatos a virar refeição foram poupados dos fornos da Casa Branca. Antes, a dupla foi registrada por fotógrafos presidenciais num hotel cinco estrelas, onde tiveram camas separadas para não dar briga.
Certo belicismo já roubou a cena em peruadas anteriores. Em 2001, Liberdade surpreendeu o então presidente, George W. Bush: o peru, batizado no auge do patriotismo pós-11 de setembro, enfiou-se sob seu paletó e lhe tascou uma mordida na barriga. Ronald Reagan, 15 anos antes, foi esnobado pela ave, que ameaçou voar para longe dele na frente da imprensa.
A complacência presidencial foi oficializada em 1989, mas há relatos prévios de mandatários que perdoaram os rangos oferecidos --há 21 anos, é a Federação Nacional do Peru, dona do site EatTurkey.org (ComaPeru.org), que patrocina o evento na Casa Branca.
O primeiro perdão capturado pelas câmeras remonta a 1963, quando John F. Kennedy recebeu um peru de quase 20 kg que trazia uma placa pendurada no pescoço: "Boa comilança, sr. presidente!". JFK decidiu poupá-lo, e o Los Angeles Times do dia seguinte publicou como manchete: "Peru recebe o perdão presidencial".
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