Uma semana depois de retomar as aulas do ensino infantil e fundamental, o governo francês anunciou que voltaria a fechar 70 das 40 mil escolas por causa de contágio pelo coronavírus.
Em entrevista ao canal de notícias BMF TV, o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, disse que o fechamento não deveria ser motivo de inquietação, mas, ao contrário, uma demonstração de que as autoridades de saúde estavam vigilantes.
Como o período de incubação da doença pode levar até 14 dias, é possível que as pessoas cujos testes deram positivo tenham sido contaminadas antes da retomada das aulas.
Das 70 escolas, 24 foram fechadas em uma única cidade, Sens (na região da Borgonha), por causa de um caso confirmado de Covid-19 (doença provocada pelo coronavírus).
Questionado pela repórter do canal francês sobre se não era exagero fechar dezenas de escolas por causa de uma só pessoa infectada, o ministro respondeu: "Às vezes nos acusam de fazer de menos, às vezes de fazer de mais. Se tirarmos uma linha de equilíbrio, estamos atentos à saúde das pessoas".
O recuo pontual é previsto nas estratégias de vários governos europeus durante o desconfinamento.
A ideia é monitorar os números da doença de forma local ou regional e aplicar medidas de restrição pontuais, em vez de gerais.
Na Dinamarca, que reabriu as escolas no dia 15 de abril, também houve um aumento na taxa de contaminações em um primeiro momento, mas o país conseguiu manter a epidemia sob controle. Na última sexta (15), nenhuma morte por coronavírus foi registrada, pela primeira vez desde 13 de março.
A Alemanha também registrou aumento na taxa de contágio após o início do descongelamento.
O ministro francês disse que as escolas foram fechadas seguindo dois princípios básicos: orientação das autoridades de saúde e diálogo com os governantes locais.
Na retomada das aulas, a França reduziu à metade o tamanho das turmas, de 30 para 15 alunos, adotou medidas de higiene e desinfecção e permitiu que as crianças continuassem acompanhando as aulas de casa, pela internet.
Segundo Blanquer, 30% delas voltaram à escola. O ministro afirmou que as consequências de não ir à escola podem ser graves, com impacto emocional e de nutrição, já que parte das crianças depende da merenda escolar.
O risco de abandono ou fracasso escolar também é preocupante, disse ele, principalmente para os cerca de 500 mil alunos de famílias mais pobres.
"Voltar à escola não é uma medida secundária; é fundamental", afirmou Blanquer. Nesta segunda, outros 150 mil estudantes do equivalente ao fundamental 2 retornaram às aulas na França.
Manter escolas infantis e primárias abertas foi uma das principais diferenças da estratégia de combate à pandemia da Suécia, quando comparada a outros países europeus.
O governo sueco não decretou um confinamento geral, mas pediu a idosos, doentes e pessoas com sintomas que ficassem em casa e recomendou distanciamento físico a todos.
Em seminário pela internet em abril, o professor de história social Lars Trägårdh disse que escolas primárias não foram fechadas na Suécia porque, na avaliação dos especialistas do país, o resultado do ensino online para crianças menores é insatisfatório.
Em países menos desenvolvidos, como o Brasil, pode haver também o problema da desigualdade de acesso.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, duas semanas depois do lançamento de aplicativo para ensino remoto do governo paulista, menos da metade dos alunos havia acessado as aulas.
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