É um consenso entre educadores que o mercado profissional tem exigido muito além do que competências intelectuais, isto é, aquele aprendizado de conteúdos aplicados nas escolas e universidades. Dessa maneira, torna-se cada vez mais necessário que o aluno desenvolva dentro e fora do ambiente escolar as chamadas competências comportamentais.
Capacidade de pensar fora da caixinha, de trabalhar bem em grupo, proatividade, resolução de problemas, tomadas de decisões e criatividade são as principais habilidades apontadas por educadores, como requisitos necessários para o bom desenvolvimento do estudante, e que devem ter a mesma relevância que o conteúdo cognitivo nas instituições de ensino.
Tais aptidões, segundo especialistas, dependem de outros contextos, além do ambiente escolar, para serem aprimoradas. Professora do Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância (Cefor) do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Larissy Alves Cotonhoto afirma que a família e o círculo social do estudante são pilares fundamentais neste processo.
Nosso comportamento é fruto das nossas aprendizagens intelectuais e afetivas. Portanto, um comportamento colaborativo, criativo e pró-ativo, tão necessário atualmente, precisa ser desenvolvido ao longo da vida familiar, escolar e social, pontua Larissy.
A educadora sustenta que as instituições de ensino estão em processo de adaptação de suas grades curriculares, para torná-las mais humanizadas, proporcionando aos estudantes um debate amplo sobre questões diversas da sociedade. Para Larissy, essa é uma importante iniciativa para a formação completa dos cidadãos do futuro e desenvolvimento das competências comportamentais.
Entendo que ainda estamos nos adequando às questões como equidade, ética, direitos humanos, meio ambiente, mas considero que já demos alguns passos em direção a uma proposta curricular mais abrangente, mais humana e contextualizada. Adequações nem sempre são fáceis, demandam estudos, planejamentos e práticas que, por vezes, não fizeram parte da nossa história. Entretanto, elas estão sendo estudadas e gradativamente implementadas. Hoje, em nossas escolas, particularmente no Ifes, discutimos, problematizamos e propomos ações que contemplem as questões ambientais, étnico-raciais, gênero e sexualidade, deficiência e outros temas", analisa Larissy.
Professor universitário e doutorando em História, Rafael Cláudio Simões observa que o mercado tem valorizado profissionais com habilidades comportamentais, pois indicam maior capacidade de aprendizagem.
Rafael Simões lembra que a educação é um processo coletivo, que já contribui para o desenvolvimento do trabalho em equipe - uma competência comportamental que cria a capacidade de crítica coletiva - e, por essa razão, é para ele a habilidade mais significativa.
O professor acrescenta ainda que a crise sanitária provocada pela Covid-19, e o decorrente afastamento social, demonstram como a coletividade faz falta no cotidiano, em todos os aspectos da vida. Por mais que tenhamos nos fechado um pouco, por conta das necessárias medidas de isolamento, a pandemia também mostra como nós somos seres coletivos, desde o aspecto psicológico, até as nossas necessidades cotidianas, e como sentimos falta dessa coletividade no dia a dia, conclui Rafael Simões.
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