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Escolas precisam se reinventar para garantir permanência de alunos

Escolas precisam se reinventar para garantir permanência de alunos

As instituições de ensino que vão continuar no mercado são aquelas que melhor se adaptarem à nova realidade imposta pela pandemia da Covid-19

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 16:00

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Fotos de sala de aula vazia - banco de imagens
Os desafios para a Educação no país são ainda maiores devido à pandemia da Covid-19. (Freepik)

As transformações e desafios causados pela pandemia do novo coronavírus atingiram todos os setores, no Brasil e no mundo. Porém, especialistas em educação, assim como pais, professores e alunos, concordam que as mudanças ocasionadas pela interrupção de aulas presenciais em decorrência do fechamento de escolas e faculdades estão entre as mais drásticas. Ainda que os computadores e o uso da internet não fossem nenhuma novidade, usá-los de forma exclusiva para garantir o aprendizado foi uma ruptura significativa para a sociedade, com implicações ainda desconhecidas para o futuro.

“Aulas de robótica, simulados e correções de redação on-line, recursos audiovisuais dos mais variados e o próprio ensino a distância para o nível superior, nada disso é novidade: os congressos e pesquisas já tratam há anos da transformação digital. Mas a ruptura vista este ano é algo novo, especialmente por não ter sido prevista ou escolhida por ninguém. Então, se faz necessário repensar completamente o que estamos fazendo e por que está sendo tão difícil usar a tecnologia já disponível desde a década de 90”, argumenta a consultora em educação, pesquisadora e psicopedagoga Jane Haddad.

Jane Haddad, psicopedagoga, mestre em Educação e professora universitária
Jane Haddad argumenta que é preciso repensar os modelos de ensino adotados nas escolas. (Acervo pessoal)

Na perspectiva da pesquisadora, as escolas que irão permanecer no mercado pós-Covid são as que melhor se readaptarem pedagogicamente, metodologicamente, economicamente e socialmente, além, é claro, as que conseguirem manter em ordem os novos protocolos de biossegurança.

“Ressignificar a forma de avaliar os alunos e pensar em como novos conteúdos serão integrados à grade curricular vão ser exigências a partir de agora. Não adianta colocar uma quantidade excessiva de conteúdo, disciplinas e encher os horários de uma criança, de um adolescente, se não ensinar a usar o conhecimento de forma prática. O ensino híbrido vai ser uma realidade sim, mas como forma de enriquecer e complementar, não substituir a presença do professor ou o espaço físico da escola,” constata Jane.

Para a consultora e especialista em Educação Integral do Instituto Ayrton Senna, Cynthia Sanches, as empresas de educação devem ficar atentas: é provável que ao retomar o ensino presencial a transformação digital deixe de ser protagonista, e as habilidades socioemocionais e o processo de aprendizagem passem a ser prioridade. Cabe pensar, segundo ela, em uma personalização do ensino.

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Sabemos que nem todos os alunos aprendem no mesmo ritmo e também que possuem interesses diversos, o que exige outros modos de ensinar – e amplia o currículo atual para outros tipos de conhecimento, como aprender a construir seu projeto de vida e aprender a interagir criticamente e criar nas diferentes mídias, por exemplo

Cynthia Sanches
Consultora e especialista em Educação Integral do Instituto Ayrton Senna
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A mestra em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e professora alfabetizadora, Paola Forechi, está tendo uma experiência inusitada durante o período de isolamento social. Aluna de Psicologia, ela se vê diariamente no papel de estudante. Porém, tendo filhos em idade escolar e ajudando um sobrinho, é responsável por mediar as atividades escolares dos meninos. E ainda é professora. Justamente por estar vivenciando todas as perspectivas, é que ela afirma a importância de repensar as metodologias de ensino, valorizar mais o professor enquanto mediador e buscar a todo custo democratizar o acesso à internet para não permitir que o conhecimento seja distribuído de forma ainda mais desigual.

“É importante destacar que a escola não perderá tão cedo, talvez nunca, o seu lugar social. É nela que processos importantes como a socialização e a aprendizagem estruturada acontecem efetivamente. No entanto, é inegável que a tecnologia é uma aliada e pode ser um acelerador de aprendizagem. Assim como também pode acentuar as desigualdades, caso o acesso para alunos e professores não seja revisto”, disse a mãe, aluna e professora.

Paola Forechi, mestra em educação, professora alfabetizadora, estudante de Psicologia e mãe que acompanha os filhos nas aulas
Paola Forechi está no papel de aluna, professora e mediadora durante a pandemia, e tem visão abrangente sobre o que é preciso melhorar na Educação. (Acervo Pessoal)

LIÇÕES

O vice-presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) e diretor de escola, Eduardo Gomes, também concorda que é possível aprender algumas lições com o momento conturbado. Entretanto, é preciso cautela e reflexão para compreender que a escola não pode ser substituída e que qualquer recurso, tecnológico ou não, deve ser visto como uma ferramenta e não como o caminho único para o ensino.

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Apesar de grande sofrimento, a experiência trouxe aprendizado e crescimento. Até para enxergar novas possibilidades, parcerias com escolas de outros lugares, treinamentos e capacitação para os professores sem a obrigatoriedade da modalidade presencial. Percebemos, ainda que obrigados, a possibilidade de usar recursos já existentes, mas que ainda não estavam sendo aproveitados em sua totalidade. É muito mais confortável, por exemplo, fazer uma reunião por videoconferência

Eduardo Costa Gomes
Vice-presidente do Sinepe-ES
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A transformação digital será inevitável, nas palavras do especialista em Políticas Educacionais e coordenador de projetos do Todos pela Educação, Ivan Gontijo. Porém, as desigualdades na educação também vão crescer, caso não sejam oferecidas condições mínimas para alunos, professores e escolas.

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“A ideia de trazer novos elementos para a sala de aula é incrível, mas precisa ser responsável. Em um futuro bem próximo, a perspectiva é de enfrentar grandes discrepâncias no aprendizado, já que comprovadamente perdemos um pouco durante a adaptação e, claro, com quem não tem infraestrutura adequada para o ensino a distância. Além de uma provável evasão escolar, grande entre os alunos da rede pública, motivada pela crise econômica e também pela quebra de vínculo com o espaço físico, o ambiente escolar”, finaliza. 

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