Empatia, autoconfiança, tolerância ao estresse, respeito, autonomia, organização e a curiosidade para aprender são apenas algumas das competências citadas por especialistas em educação para compor o currículo do novo aluno. Após o período de isolamento social, com escolas fechadas e ensino remoto, tudo indica que a inteligência emocional vai ganhar mais espaço do que nunca dentro e fora das salas de aula.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já sinalizou a importância dos currículos de todas as escolas do país incluírem o desenvolvimento socioemocional. Com a pandemia, extrapolou-se a importância do desenvolvimento socioemocional para a vida, para o aqui e agora, frisa a especialista em Educação Integral do Instituto Ayrton Senna, Cynthia Sanches. Segundo os profissionais da área, cabe à escola preparar o aluno para o mundo real dando mecanismos para criar maturidade emocional, tornando mais suave, por exemplo, a transição para o mercado de trabalho.
Um dos principais quesitos a ser valorizado no futuro é a autonomia, ou seja, a capacidade que o estudante deve ter de chegar sozinho às conclusões, utilizando o professor como um mediador entre o conteúdo e a vida real, enfatizando os aspectos práticos do ensino. Para a mestre em Educação e Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e gerente de Implementação de Projetos no Instituto Unibanco, Maria Júlia Azevedo, desde as séries iniciais fica evidente a importância de tornar o aluno pensante, sendo, também, o maior desafio a ser enfrentado no cenário pós-pandemia.
O professor de inteligência emocional e habilidades para a vida, Gustavo Boaventura, reforça a ideia de que a forma brusca como as aulas foram interrompidas pode ter sido responsável por acelerar a valorização das competências socioemocionais, entre os educadores e as famílias, evidenciando a necessidade de investir mais em aspectos emocionais do que no próprio conteúdo programático.
A escola precisa ensinar a estudar, a aprender e, principalmente, a conviver em grupo, lidar com as emoções negativas e não só a reproduzir um conteúdo escolhido pelo professor, de forma verticalizada, sem questionamento. O estudo é um vetor muito importante na aprendizagem, e a tendência é que as escolas, cada vez mais, ensinem o aluno a aprender. Estávamos muito dependentes das tarefas de casa, provas, como única forma de reproduzir e fixar um conteúdo disponibilizado no espaço escolar. Na verdade, quando o aluno apenas decora, acaba esquecendo e, no ano seguinte, é necessário regredir para lembrar aspectos que poderiam ter sido bem aprendidos, pondera o professor.
Embora o ensino a distância não seja novidade no nível superior, é importante ressaltar que a adaptação não tem sido fácil também para os universitários. Segundo professores, a falta de autonomia, organização, pouca tolerância ao estresse e dificuldade de trabalhar em grupo são competências deficientes e que poderiam ter sido trabalhadas desde o ensino básico.
O professor é um facilitador de aprendizado. No ensino remoto, isso fica bem evidente. O professor seleciona textos, vídeos, exercícios e outros materiais para guiar e facilitar o estudo. Mas os alunos não estão acostumados com a responsabilidade sobre o próprio aprendizado. Eles querem ver o professor explicando a matéria, querem poder tirar dúvidas ao vivo, esclarece a professora de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Nayara Peneda Tozei.
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