Publicado em 27 de setembro de 2019 às 20:27
A linguagem permite ao homem estruturar seu pensamento, traduzir o que sente, registrar o que conhece e comunicar-se. Mas quando essa linguagem não pode ser traduzida com sons e palavras orais, entra em cena a Língua Brasileira de Sinais, ou Libras, uma ferramenta de ensino e aprendizagem adotada pela Igreja Cristã Maranata (ICM) em todo o mundo.
A ICM vem investindo na formação de multiplicadores da Palavra de Deus em seus mais de 5 mil templos espalhados pelo país. São profissionais de diversos segmentos, membros da comunidade cristã, que atuam de forma voluntária para ensinar e aprender a transmitir os ensinamentos bíblicos com a linguagem das mãos. Entre eles, estão mestres e doutores em Língua Brasileira de Sinais de todos os Estados, em um verdadeiro intercâmbio e troca de experiências.
É o caso da mestranda em Libras-Português Nathalia Castro dos Santos, que atua voluntariamente na capacitação de jovens e adultos, ampliando o universo da comunicação de quem quer participar, mas tem na limitação da fala uma barreira social.
Evangelizar em Libras é ampliar horizontes. É trazer o surdo para dentro do contexto social. Essas pessoas saem daqui multiplicando a Palavra de Deus, isso os aproxima da família, de amigos e amplia seu leque de convívio, avalia.
Com cerca de 150 participantes entre surdos-mudos, cegos-mudos, ouvintes, técnicos e profissionais da área, o Seminário de Libras promovido pela Igreja Maranata Cristã no Maanaim de Cariacica, mostrou a importância da ampliação da linguagem de sinais como ferramenta de inclusão e propagação da Palavra de Deus dentro e fora da Igreja. Durante um sábado, foram realizadas oficinas, debates, painéis e até mesmo orientações sobre os casos de surdos-mudos diagnosticados clinicamente.
Surdos no Brasil
O Brasil tem hoje quase 210 milhões de habitantes e, segundo o IBGE, 5% desse total apresentam alguma perda significativa de audição, o que compromete a inserção de milhões de pessoas em diversos ambientes dominados pela linguagem oral.
Para o pastor Marco Medina, membro da Comissão LIBRAS da ICM e um dos multiplicadores da Língua de Sinais pelo Brasil, a proposta da Igreja Maranata vai muito além de evangelizar, visa criar um caminho de acessibilidade e inserção no seio da comunidade cristã, em especial daqueles não adaptados à linguagem oral.
O voluntariado é importante na multiplicação dessa ferramenta de comunicação que é a linguagem de Libras, feita não só com as mãos, mas em todo o seu gestual, que envolve o corpo, as expressões faciais e, acima de tudo, o desejo de mostrar as diversas formas possíveis de expressão, afirma.
Um desses exemplos de inclusão são os irmãos Alexsandro, Juliana e Wanderson (foto abaixo). Os três sofrem de uma doença congênita que vem evoluindo, limitando a fala, a audição e a visão. É justamente por meio do treinamento da Igreja Maranata que os três estão voltando ao convívio social. Meus irmãos estão aposentados, mas eu ainda trabalho como fisioterapeuta. Aprender Libras ajuda a comunicação e o aprendizado, já que não usamos só as mãos, mas uma série de gestuais que fazem a linguagem fluir, comemora Juliana Campos Souza.
A médica pediatra Maria Amim, que há 40 anos faz parte de programas sociais cristãos da Maranata, é outra profissional que busca aliar ciência, fé e conhecimento para diminuir a distância entre ouvintes e não ouvintes.
Ela desenvolve um trabalho nacional com crianças surdas e cegas com um material didático específico para cada segmento. O trabalho está em fase de ampliação e vai ser oferecido para quem tem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), para crianças com espectro autista e altas habilidades. Desde 2005, estamos dando oportunidade para que esses jovens possam frequentar a sala de aula como qualquer outro aluno, mas com material didático especial, que facilita o aprendizado, avalia.
O voluntariado é importante na multiplicação dessa ferramenta de comunicação
Marco Medina
Pastor da Igreja Cristã Maranata
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