Você sabia que a maria-farinha (aquele crustáceo mais clarinho) também é conhecida como caranguejo-fantasma justamente por causa da sua cor pálida e de seus hábitos noturnos? E que a coruja-buraqueira tem uma visão 100 vezes mais aguçada que a do homem, um mirante poderoso sobre um pescoço capaz de girar até 270 graus? Ou então que a clúsia, a planta com folhas arredondadas vistas à beira-mar, é dioica, isto é, tem espécimes macho e fêmea?
Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre esses fatos curiosos, mas provavelmente já tenha feito uma visita (ou várias) ao lar dessas espécies, a restinga de Camburi, em Vitória. E ali, bem perto, no extremo norte da orla, próximo ao pontão rochoso e ao manguezal, é possível encontrar diversos crustáceos, répteis e pequenos mamíferos.
A recuperação e a defesa da biodiversidade desses dois espaços na Capital estão contempladas em duas frentes. A primeira delas, na restinga, começou em agosto, e a segunda, na área norte de Camburi, passa a ser executada em outubro. São medidas que fazem parte de Termo de Compromisso Ambiental (TCA) assinado pela Vale com o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, a Prefeitura de Vitória (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos), o governo do Estado (Iema) e associações de moradores da orla.
Na restinga, haverá plantio e manutenção de 25,5 mil mudas de plantas nativas com mais de 30 espécies exclusivas do bioma em 140 mil m², equivalentes a 14 campos de futebol. Tipos rasteiros, arbustos e árvores serão distribuídos ao longo da praia para estimular um círculo virtuoso entre fauna e flora.
Ao trabalharmos conjuntamente com esses elementos, otimizamos a recuperação da área. Em um primeiro momento, a fauna é beneficiada com a introdução de espécies frutíferas nativas que hoje não ocorrem na região. Com o aumento da oferta de alimentos, cresce também a presença de fauna, que, consequentemente, por meio dos mecanismos de dispersão de sementes e polinização, auxiliam no aumento da biodiversidade da flora, ajudando assim a preservação da restinga, explica o gerente de Meio Ambiente da Vale, Fernando Di Franco.
Ele acrescenta que essa vegetação tem papel fundamental na estabilização da areia da praia, evitando a erosão causada pelo vento, e serve, ainda, de porto seguro inclusive para aves migratórias.
A primeira fase do trabalho deve ser concluída no primeiro semestre de 2021 e abrange do Atlântica Parque até a altura da Avenida Adalberto Simão Nader. A segunda etapa, entre este último ponto e o Píer de Iemanjá, será feita em 2021 e entregue em julho de 2022. Durante esse período, a Vale ficará responsável pela manutenção da área, que depois será entregue à prefeitura.
Para delimitar e proteger as áreas de vegetação recuperada, serão construídos cerca de 7 mil metros de cerca, além da manutenção de 3 mil metros de cercas já existentes.
Já as obras de recuperação do extremo norte da Praia de Camburi devem começar em outubro. O trabalho abrange especificamente a faixa de areia que não é banhada pelo mar, conforme definido no projeto aprovado pelos órgãos ambientais, onde há sedimentos de minério de ferro oriundos das atividades da empresa no passado, nos anos 1970.
Será retirada de uma camada de sedimentos de areia e minério de ferro com profundidade média de 50 cm e a recomposição com areia (17 mil m³) e argila (4 mil m³) em uma área de 43 mil m² (quatro campos de futebol). Haverá supressão vegetal, com retirada de espécies invasoras, e resgate da fauna.
Durante as obras, que devem ir até abril de 2022, a área a ser recuperada, localizada ao Norte do Atlântica Parque no final da praia de Camburi, vai ser interditada por questões de segurança.
O planejamento das intervenções está sendo acompanhado de perto pelos órgãos competentes de forma a garantir as melhores soluções e mais segurança para as pessoas e o meio ambiente. A recuperação da área e a construção de um segundo parque, ao lado do Atlântica Parque, que foi tão bem recebido pela comunidade, vai valorizar ainda mais a região, destaca Fernando Di Franco.
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