O agronegócio é um dos motores da economia brasileira e já mostrou resiliência e sua importância mundial, nos últimos anos, com safras e exportações recordes. Atenta a esse cenário, a VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), executa um plano de desenvolvimento territorial sustentável para aumentar a área agrícola de Minas Gerais, Goiás e Bahia. Com o fomento da atividade, a previsão é elevar o volume de cargas que circulam na Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) em direção aos portos do Espírito Santo.
“Esse projeto vai fortalecer a operação do corredor Centro-Leste e gerar novos volumes no médio e longo prazo. Temos a estrutura pronta para atender e a possibilidade de ampliar nosso serviço conforme a demanda”, afirma Marlon Tadeu, gerente-geral de Planejamento da VLI.
Até o momento, a VLI investiu R$ 2,7 milhões no processo. Os testes e ações de fomentos são conduzidos pela Companhia de Promoção Agrícola – CPA (Campo). Para dinamizar a cadeia de produção regional e impulsionar a demanda por transporte de cargas, o projeto estabelece a utilização do pó de rocha (ou pó de basalto) como fertilizante natural para o solo. Os basaltos são rochas silicáticas de origem vulcânica, de ampla distribuição no país, incluindo o Triângulo Mineiro. Essas rochas podem contribuir para a reconstrução da produtividade dos solos.
“Já identificamos pedreiras em Goiás que comercializam o item. Estamos apoiando interessadas de Minas Gerais na oferta do pó de basalto. Essa é uma das frentes de trabalho. É possível que, no próximo ano, tenhamos o início do processo em uma escala maior”, aponta Marcos Ramos, engenheiro agrônomo e consultor de projetos na Campo.
Para o engenheiro agrônomo, ex-ministro da Agricultura e considerado o “pai da agricultura moderna brasileira”, Alysson Paolinelli, o uso dessa técnica será uma transformação importante para o Brasil garantir a segurança alimentar global.
A logística favorável para o basalto da região de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, associada a uma demanda a ser construída no Noroeste e Norte de Minas Gerais, Sul da Bahia e Leste de Goiás, resulta em um mercado potencial de 10 milhões de hectares para a produção de grãos.
A remineralização do solo pode aumentar o espaço de cultivo. “Com projeções conservadoras seria possível adicionar 6 milhões de toneladas na produção agrícola nacional em um período de cinco anos”, estima Eduardo Calleia, consultor em agronegócio.
Além da movimentação dos grãos do interior até o litoral capixaba, o projeto viabiliza a comercialização e o fluxo do basalto. Estudos estimam que a cada um milhão de hectares incorporado, há uma geração de R$ 5 bilhões em receitas divididos entre a produção agrícola, empregos, aquisição de máquinas e logística.
Por meio da FCA, a nova produção agrícola terá um escoamento eficiente até os portos do Espírito Santo, contando com os terminais integradores de Pirapora e Araguari.
Uma alternativa que pode vir a ser estudada futuramente para fortalecer esse projeto é a extensão da malha da FCA da cidade de Pirapora até Unaí, conectando Norte e Noroeste mineiros, gerando atratividade para empreendedores logísticos do agronegócio. Para isso, uma opção poderia ser a adoção de novos formatos em discussão atualmente, como o modelo de autorização previsto no Projeto de Lei 261, o novo Marco Legal das Ferrovias.
A proposta resultaria, ainda, na ampliação do terminal de Pirapora. A unidade, que integra rodovia e ferrovia, é um exemplo de fomento ao agronegócio regional. Há 10 anos, a VLI inaugurou o ativo após recuperar 150 quilômetros da FCA entre Corinto e Pirapora. O terminal movimenta cerca de um milhão de toneladas de grãos anualmente. Entre 2008 e 2018, a área produtiva nas regiões Norte e Noroeste saltou de 340 mil para mais de 700 mil hectares.
“Projetos como esse têm a capacidade de revolucionar as regiões. Aumentam a produção, geram empregos, melhoram a qualidade de vida das pessoas e estimulam toda uma cadeia de fornecedores”, Eduardo Calleia.
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