Mesmo apresentando alguns índices positivos na economia do Brasil ao longo de 2024, como desemprego em baixa, inflação dentro da meta e crescimento positivo, ainda há preocupações à vista para o próximo ano. Na visão de especialistas, o país precisará de ajustes para um ambiente promissor e de crescimento econômico em 2025.
Esse foi o tema do painel Panorama Econômico 2024/2025, que abriu o segundo dia da 19ª edição do Pedra Azul Summit, neste sábado (23). Participaram do debate o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, que também é presidente executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). A mediação foi feita pelo consultor financeiro e comentarista da CBN Teco Medina.
"O Brasil precisa de algum freio de arrumação. A economia vem crescendo em um ritmo bem favorável, com taxa de desemprego baixa e outras boas notícias, mas não pode se tornar inflacionário. Talvez o ano que vem seja um momento de dar uma freada, de colocar o trem de volta no trilho para que, em 2026, o país volte a crescer de forma sustentável", frisou Megale.
Na palestra aos convidados do evento realizado pela Rede Gazeta, em Pedra Azul, Domingos Martins, na Região Serrana do Estado, o economista-chefe da XP Investimentos apontou que, como o ajuste nos gastos ainda não foi feito pelo governo federal, o freio de arrumação precisa ser mais forte a partir de agora, com câmbio e juros em alta, por exemplo.
Para Megale, é preciso frear esse processo o mais rápido possível para inflexionar a curva da inflação e do câmbio e, a partir do segundo semestre do ano que vem, cortar novamente os juros. No cenário projetado pela XP para 2025, a taxa de juros pode subir para até 13,25% , com a queda começando a partir de novembro do próximo ano.
Para o ex-governador e economista Paulo Hartung, o momento é de corte de gastos, também demonstrando preocupação com o desequilíbrio institucional do país. Ele ainda relembrou o cenário econômico mundial, destacando que a China não está dando o resultado esperado, a Europa tem economia andando de lado e os Estados Unidos enfrentam um ciclo de inflação muito alta, influenciado pelos juros. Isso tudo, segundo ele, acaba afetando o mundo negativamente.
"Não tem um momento com tal riqueza de oportunidade que estamos vivendo. O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta e poderia estar liderando a corrida de energia limpa e ganhando dinheiro. Estamos na cara do gol, sem goleiro, e estamos fazendo como nossa Seleção Brasileira", disse Hartung, comparando a situação do país com a da equipe nacional de futebol, que vive mau momento nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
Hartung também afirmou que o Brasil tem uma carga tributária excessiva para um país em desenvolvimento, frisando que há espaço para fazer justiça tributária, porque essa carga é mal distribuída. "É preciso eliminar distorções e privilégios. Dá para fazer um sistema maior e mais eficiente. Precisamos aprender a cortar gastos", enfatizou.
Hartung defendeu também que a reforma do Estado brasileiro deveria ser uma bandeira de todo líder empresarial do Brasil. O ex-governador prevê que 2025 será um ano desafiador, mas ressalta que será mais fácil visualizar o cenário depois que o governo federal apresentar o projeto de corte de gastos, previsto para a próxima semana.
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