A descarbonização, que é o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2), pode se transformar em uma grande oportunidade econômica para o Brasil. A avaliação é de Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e presidente do Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
“Hoje temos uma oportunidade histórica. Temos terra degradada, terra que está à disposição para ser convertida para produção de energia e alimentos, quem no mundo tem isto? Estamos diante de uma enorme oportunidade para o Brasil em ativos ambientais que ninguém tem. O mundo precisa descarbonizar”, assinala Hartung.
Ele foi o mediador da palestra “A descarbonização e as oportunidades para o Brasil”, realizada na manhã deste sábado (28), no segundo dia do Pedra Azul Summit, realizado pela Rede Gazeta. A discussão envolve uma política de redução de emissão de carbono, e os impactos para as empresas que precisam se estruturar para atingir esse objetivo. Debate que contou com a participação do agroambientalista e coordenador da Academia Global do Agronegócio/FDC, Marcello Brito, e da diretora na Biomas, Natália Renteria.
Outro ponto destacado por Hartung é o projeto de regulação que tramita no Congresso Nacional, com foco no mercado oficial de crédito de carbono, suas emissões anuais e o comércio de licenças dos direitos de emissão. Entre os objetivos da descarbonização está o alcance de uma economia global com emissões reduzidas.
Ele explicou que o modelo de desenvolvimento organizado mundialmente é suportado por combustível fóssil, o que levou a uma emergência climática. “É uma situação que precisamos cuidar. A forma é mudar a matriz energética, é descarbonizar”, reafirma.
Na avaliação do ex-governador, para aproveitar as oportunidades que se apresentam nesta discussão, o Brasil precisa se deslocar “e pedir para ter preferência e agarrar a janela de oportunidade”.
“Agora, precisamos de liderança, que a gente pare de olhar para o retrovisor, para políticas antigas, ultrapassadas. Temos que ter um olhar para o futuro”, acrescenta, observando ainda que o Brasil perdeu tempo na regulamentação das normas e que hoje precisa ainda de uma diplomacia presidencial.
Para o agroambientalista e coordenador da Academia Global do Agronegócio/FDC, Marcello Brito, o Brasil precisa superar alguns desafios que vão impactar nos créditos de carbono: a regularização fundiária e o desmatamento.
“É preciso criar um comitê para acabar com esta ignorância do desmatamento. Estamos com uma agenda de duas décadas e ainda discutindo. Nos últimos 3 anos, aumentou a área agrícola em 6 milhões de hectares, sem avançar em desmatamento”, destaca.
Ele pondera ainda que a elite brasileira - do agronegócio, das indústrias -, criem um comitê para debater, além das questões envolvendo o desmatamento, os dilemas causados pelo problema fundiário.
Natália Renteria, especialista em Direito Climático e diretora de Assuntos Regulatórios da Biomas, assinala que é preciso estar atento às mudanças e oportunidades que o processo de regulação que tramita no Congresso poderá trazer. “Novas relações marcam a nova era”, pondera.
Observou que além do mercado regulado de crédito de carbono, que nasce de uma legislação específica e vai ficar obrigado ao que a lei trás, tem-se ainda o mercado voluntário, vindo dos compromissos assumidos pelas empresas, de créditos vindo de projetos.
Observou ainda que a demanda por créditos de carbono é crescente e que o Brasil tem potencial real no mercado voluntário. “Apesar da complexidade do tema, ele é de super importância. É preciso estabelecer um estímulo para tratar do assunto no meio produtivo, desenvolver as estratégias e trocando entre si os créditos, e assim atingir seus planos de descarbonização”.
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