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ES pode exportar o equilíbrio nas contas públicas, apontam Funchal e Vescovi

ES pode exportar o equilíbrio nas contas públicas, apontam Funchal e Vescovi

Para os economistas Ana Paula Vescovi e Bruno Funchal, Estado capixaba é exemplo a ser seguido no país pela conexão entre lideranças empresariais e políticas na luta pela organização fiscal

Publicado em 28 de outubro de 2023 às 11:14

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Economista Bruno Funchal, Teco Mediana e a economista Ana Paula Vescovi
Economista Bruno Funchal, Teco Mediana e a economista Ana Paula Vescovi. (Carlos Alberto Silva)

Nota A no Tesouro Nacional há 12 anos, o Espírito Santo tem sido um exemplo para todo o país e pode ter a fórmula do equilíbrio fiscal exportada para outros Estados. É o que avaliam a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, e o CEO do Bradesco Asset, Bruno Funchal.

Segundo eles, durante painel Panorama econômico, que abriu o segundo dia do Pedra Azul Summit 2023, a saúde financeira permite o governo cumprir com obrigações e realizar investimentos. O ponto forte do Estado é a preocupação com as futuras gerações, que conta desde de 2019 com o Fundo Soberano, uma poupança formada com compensações pelas atividades de produção do petróleo.

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No evento, realizado pela Rede Gazeta, Funchal e Ana Paula debateram com o consultor financeiro e comentarista da CBN Teco Mediana sobre a atual conjuntura brasileira de dificuldades de atingir as metas fiscais.

Os dois economistas destacaram que o Espírito Santo vive uma "ilha de prosperidade" com modelo de gestão fiscal e controle de contas pública, enquanto em outros Estados e mesmo no país o desafio é reduzir os gastos. 

Na última sexta-feira (27), uma declaração do presidente Lula sinalizando que dificilmente o país vai alcançar déficit zero em 2024 provocou reações negativas no mercado, levantando o receio de aumento das despesas e consequentemente da inflação.

Para Ana Paula, o exemplo do Espírito Santo vem de um processo de superação que se iniciou em 2003 com a união do setor empresarial, da sociedade civil e de lideranças políticas para organizar o Estado e implementar ações para garantir um futuro.

Ela alerta, no entanto, que é preciso vigilância para não se perder a característica de ter uma sociedade empreendedora e organizada. “É um Estado que aprendeu como ter instituições que assegurem esse processo de desenvolvimento, inclusive sustentável. Não podemos perder isso. Acho que nós deveríamos ensinar essas experiências aos outros”, defende Ana Paula.

Bruno Funchal também acredita que o modelo adotado pelo Espírito Santo para conectar poder público e lideranças empresariais deve ser levado para outros Estados e cita o Pedra Azul Summit como exemplo para fortalecer esses laços. "Eventos assim mobilizam e ajudam a fortalecer e dar perenidade para os desafios", afirma.

Meta fiscal

A declaração desta sexta-feira (27) do presidente Lula sobre o país dificilmente atingir a meta fiscal em 2024 também foi tema do painel.

Os economistas defenderam que o país precisa ter o corte de gastos como caminho para garantir o crescimento da economia e também a redução de juros. E conversaram sobre quando o país deve parar de falar sobre meta fiscal, já que o assunto está em pauta constantemente desde 2013.

Ana Paula Vescovi destacou que a situação é mais do que ter equilíbrio nas contas. “Temos um setor público despoupador enquanto as famílias e as empresas fazem esforço para economizar”, defendeu Ana Paula.

Para Ana Paula, equilíbrio é ter financiamento do governo pelos impostos que a sociedade está disposta a pagar. E afirma ainda que há um enorme conflito na sociedade, que não quer pagar mais impostos. Ao mesmo tempo, existem um movimento de aumentar gastos para depois arrecadar mais.

“É importante a sociedade entender que, para a termos menos impostos, precisamos ter menos gastos e um Estado equilibrado na essência, ou seja, menos extrator da poupança pública”, afirma.

Já Bruno Funchal destacou que gastos devem ser cortados sempre e destacou que quando se fala em não cumprir metas fiscais acaba se trazendo incertezas. Com isso, quem paga a conta é a sociedade. O economista também confronta a justificativa do governo para não cumprir a meta, que teria o objetivo de investir.

“O reflexo em juros será tão grande que o investimento agregado fica menor. Sairá mais caro para todo mundo investir”, lembra.

Queda da inflação

Para perseguir a meta de inflação, Ana Paula estabelece alguns caminhos, como avanço nas reformas, como a tributária, que será em breve discutida no Senado. A pauta, segundo ela,  será importante para a credibilidade e para reduzir riscos.

E sinalizou também outra medida importante que foi a manutenção da meta de inflação em 3% e fixação da meta de forma permanente. “Temos que aproveitar essa vantagem e colocar a independência do Banco Central funcionando e avançar nas reformas. Não tem mágica”, disse.

A economista fez ainda uma previsão para taxa de juros, que está em ciclo de redução. Para ela, com o cenário internacional e as questões fiscais do país, a perspectiva é de chegar a 10% ou até 9,5% em 2024.

Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, falou sobre as oportunidades para o Estado com avanço da infraestrutura(Carlos Alberto Silva)

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