Já dizia o ditado “quem não é visto não é lembrado”. Quando o assunto são negócios, quais requisitos a marca deve ter para ficar na memória do consumidor, mesmo quando a pauta da vez passou a ser um vírus capaz de alterar o curso da economia global? Especialistas atestam que, para ser memorável, é preciso coragem de mudar, bom senso para manter um discurso coerente e investimento em comunicação com o público, para entender os anseios e perceber como os produtos estão sendo recepcionados e consumidos.
“A mais decisiva atitude para a marca não estagnar é compreender que ficar parado não é mais uma opção. A época é de transformação radical. Portanto, é preciso estar pronto para mudar quase tudo: maneiras de se posicionar, interagir e atender ao público. Sempre buscando maneiras profissionais e atualizadas de se fazer isso, pois, ainda pior do que sentir-se estagnado, é se movimentar para a direção errada”, ressalta o CEO da holding Beta Rede, Rimaldo de Sá.
Um dos grandes exemplos de marcas que se destacaram durante o último ano, na opinião de Rimaldo, é o Magazine Luiza, que soube explorar o comércio digital e ainda usou a plataforma para ajudar pequenos negócios a se manterem de pé, fazendo o que muitas empresas já perceberam ser uma exigência dos novos modelos de negócio: jamais limitar a marca aos produtos e sempre expandir para o lado social, humanitário e ambiental.
“A pandemia criou um cenário de mudanças extremas e, para uma boa parte das marcas, isso demandou alterações na forma de atuar e se comunicar. Além disso, a crise resgatou o papel da união e das grandes instituições que têm a capacidade de responder a questões coletivas”, analisa o CEO da Beta Rede.
O Magazine Luiza, acrescenta Rimaldo, enxergou seu papel social para reafirmar seu posicionamento e sua marca. “Ou seja, uma ideia poderosa porque mantém a marca na pauta e a torna importante para milhares de pessoas.”
Ainda no início da pandemia, muitos aplicativos e serviços de streaming disponibilizaram conteúdo gratuito como cursos, canais de filmes, séries, música e até livros digitais. Segundo os especialistas, além de fomentar o isolamento social necessário no período, marcas como Faber-Castell, Casa do Saber e Globoplay propiciaram conhecimento e lazer, cativando o público, que viu nas empresas um forte sentimento de empatia, aumentando as chances de converter o apreço em vendas no futuro.
No processo para não perder espaço, fechar as portas ou cair no esquecimento, uma necessidade já antiga, porém evidenciada com o novo contexto, é fortalecer os vínculos e criar um público especializado.
Isso significa dizer que a marca precisa criar conexões sólidas, com envolvimento verdadeiro com os clientes e se apresentar como indispensável no segmento de atuação. O desafio é entregar sentido e propósito com coerência e verdade.
“Trata-se de um contexto mais complexo para marcas que focam exclusivamente o produto ou serviço, mas é uma grande oportunidade para aquelas empresas que vão além e que buscam a todo instante consolidar-se como indispensável e insubstituível”, frisa o sócio-diretor da Teia Comunicação, Gustavo Oliveira.
Para o especialista em marcas e comunicação, independentemente da pandemia, a readequação para que os nomes não saiam da cabeça dos consumidores deve acontecer, já que o futuro ainda é incerto e muitos dos novos modelos de comunicação, de propaganda e de vendas vieram para ficar. Ele ressalta ainda que o trabalho das marcas durante a pandemia vai servir como um legado para o futuro, sendo de suma importância fortalecer o comércio digital e o relacionamento a distância com os consumidores.
“Muitos restaurantes criaram alternativas e experiências gastronômicas diferenciadas, instituições de ensino adotaram a educação a distância, academias de ginástica criaram planos para o aluno se exercitar em casa, supermercados e grandes varejistas fortaleceram e-commerce e delivery. As empresas precisaram encontrar alternativas para continuar presentes na vida do consumidor, independentemente do contexto externo de pandemia”, pontua Oliveira.
O diretor da Teia reconhece, contudo, que nem todas tiveram fluxo de caixa suficiente, ou capacidade técnica para inserção de novos processos a tempo, e acabaram encerrando as suas atividades. “Foi, e está sendo, um período muito cruel para pequenos comércios, já que um dia de portas fechadas pode comprometer todo o seu financeiro”, sentencia.
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