Tristeza e indignação. Dois sentimentos compartilhados por Dona Aparecida Souza, Simone Bento e Ana Cláudia da Silva. Elas são moradoras de Mimoso do Sul, município no Sul do Espírito Santo atingido por fortes chuvas no mês de março deste ano. A tristeza pela perda de toda uma vida construída com muito esforço se mistura à indignação diante da denúncia de que as doações destinadas a elas foram furtadas.
Três meses após a tragédia que devastou a cidade, Dona Aparecida Souza ganhou um fogão novo de um amigo da família. No entanto, não tem botija de gás nem geladeira. Quando ela deseja comer algo ou tomar água gelada, precisa pedir para a filha. “Minhas coisas eram tudo coisas velhas, mas eram minhas. Tudo que eu tinha foi embora, até os documentos”, relatou a moradora em entrevista a repórter Alice Sousa, da TV Gazeta Sul.
A investigação da Polícia Federal, que culminou na operação Black Friday deflagrada nesta terça-feira (2), apontou que houve o desvio de doações de diversos tipos, de eletrodomésticos como geladeiras e fogões a cesta básica. Indagada sobre o desejo de ter a cozinha reconstruída, a dona de casa não esconde que queria ganhar uma geladeira e panelas novas. “Eu ficaria feliz, feliz mesmo”, expressou.
Simone Bento, vendedora de roupas, presenciou os itens da loja se misturando à lama trazida pelas chuvas. Sem uma fonte de renda, passou a viver apenas com um fogão, que funciona parcialmente, e uma geladeira emprestada. Ela recebeu uma doação de cesta básica, colchão, lençol e travesseiro. No entanto, não recebeu nenhum eletrodoméstico. “Dormir eu dormiria até no chão. Agora, ter um fogão e uma geladeira é o principal”, disse.
Já a manicure Ana Cláudia da Silva, voltou para casa há apenas 15 dias. Ela recebeu doações apenas de familiares e amigos. A esperança de receber itens novos para reconstruir a vida deu lugar a frustração ao saber que os itens doados não iriam chegar. “Nós vimos alguns carros de bombeiros passando com doações, mas só entregaram em duas casas. Sempre ficávamos na expectativa de receber, mas esse dia ainda não chegou”, contou
Ela também espera que os materiais ainda possam chegar a quem realmente necessita, já que ainda há muitos moradores que dependem disso para recomeçar. “Esperamos que a justiça seja feita”, finalizou Ana Cláudia da Silva.
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