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Metade dos corpos de vítimas de acidentes no ES tinha álcool no sangue

Metade dos corpos de vítimas de acidentes no ES tinha álcool no sangue

A informação foi dada pelo diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES), Givaldo Vieira, em entrevista à CBN Vitória, nesta terça-feira (2)

Publicado em 2 de julho de 2024 às 16:21

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Bebida e direção
A combinação de bebida e direção de veículos se mostra perigosa e fatal. (Pixabay)

Em cinco anos, os laudos cadavéricos realizados em vítimas de acidentes de trânsito mostram que, em aproximadamente metade dos corpos, foi constatada a presença de álcool no organismo. A informação foi dada pelo diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES), Givaldo Vieira, em entrevista à CBN Vitória, nesta terça-feira (2). O levantamento foi feito pela Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES).

"Estamos falando de uma evidência científica grave, que aponta uma relação direta entre o consumo do álcool e o resultado mortes no trânsito", disse Givaldo Vieira. 

Maior que homicídios 

O número de mortes em acidentes de trânsito em maio deste ano no Espírito Santo, superam os homicídios registrados no mesmo mês. Foram 109 mortes no trânsito contra 73 assassinatos, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp). 

O alto número foi registrado justamente no mês dedicado à atenção no trânsito, o Maio Amarelo. Em entrevista à CBN Vitória, o diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES), Givaldo Vieira, anunciou que haverá um reforço da fiscalização não apenas na Grande Vitória, mas também nas cidades do interior do Estado. 

Detran-ES
O diretor-geral do Detran|ES, Givaldo Vieira, mostra-se preocupado com o cenário de mortes no trânsito com a presença de álcool nas vítimas. (Reprodução/Instagram @givaldovieira_es)

Em maio do ano passado, o Espírito Santo teve 58 mortes no trânsito. "Quase o dobro do número de mortes em um mês simbólico, importante para toda essa luta em favor da vida no trânsito que é o Maio Amarelo", comentou Givaldo Vieira, que afirmou que houve uma reunião com instituições responsáveis pela fiscalização no trânsito, onde foi criado um comitê operacional formado por esses representantes para o fortalecimento das operações integradas. 

"Avaliamos o quadro recente e saímos com um grupo de trabalho. O que nós teremos serão mais ações de fiscalização imediatas, vamos aumentar o foco na lei seca, inclusive", disse.

Conforme diretor-geral do Detran|ES, há motoristas que usam o argumento que, mesmo alcoolizado, conseguem conduzir um veículo sem provocar acidentes. Gilvan explicou que o álcool no organismo, até mesmo em pequenas quantidades, é capaz de reduzir as condições de respostas.

"Como condutor, o tempo de resposta é muito importante. O álcool reduz a capacidade, o campo visual, confunde imagens, cores, mas, principalmente, bastam pequenos doses de álcool para fazer uma desinibição da pessoa. Então ela reduz o autocontrole com o álcool e isto acaba favorecendo a comportamentos arriscados no trânsito" explicou o diretor-geral.

Segundo Givaldo Vieira, entre janeiro e abril, os números de mortes em acidentes foram dentro do percentual que ocorreu no ano passado, no mesmo período. A partir de maio, houve um crescimento. Em junho, ocorreu estabilização no indicativo em relação ao ano anterior.

"É uma estabilização alta e preocupante. O que nos alerta hoje é que esse número de maio é bem maior do que o número de pessoas que morreram vítimas de homicídios. Em nosso Estado estamos vivendo um quadro que se continuar como está, podemos ter uma situação em que as pessoas morram mais nas vias do que por morte violenta, que a gente tanto teme", disse. 

Motocicletas

Das 109 mortes no trânsito registradas em maio, quase metade das vítimas estavam em motocicletas, seja como condutor ou passageiro, segundo o diretor-geral do Detran|ES, Givaldo Vieira.

Givaldo, inclusive, destacou que o aumento de transportes de passageiros por aplicativos em motocicletas tem preocupado e se tornou um desafio para órgãos de fiscalização no trânsito. "Já existem alguns registros de acidentes gravíssimos que vitimaram pessoas transportadas por esse serviço, que tem crescido no Estado de forma desordenada, sem nenhum controle e/ou regulamentação própria dos municípios", aponta.

O número de acidentes com motocicletas no interior do Espírito Santo também é grande, conforme o diretor-geral informou.  

De acordo com Givaldo Vieira, são acidentes graves e ocorrem, pois, principalmente em cidades do interior, as pessoas usam motocicletas indiscriminadamente. O diretor-geral informou que, das 109 mortes por acidentes registrados no mês de maio, metade envolveu motos. Desse percentual, 85% dos casos eram jovens entre 17 e 25 anos. 

"É uma mudança cultural que precisa ser compreendida pela sociedade e a fiscalização precisa fazer seu papel.  As famílias estão perdendo seus filhos muito jovens, então é preciso uma postura também da família em não entregar uma motocicleta para um filho não habilitado, não permitir que use sem capacete, que consuma álcool e conduza", destacou. 

Fiscalizações

Segundo Givaldo Vieira, o Detran|ES identificou que as ações de fiscalizações de trânsito precisa ser cada vez mais presente e regular no interior do Estado.

"Para que as pessoas também mudem a sua visão em relação à possibilidade de serem abordadas, verificadas quanto à regularidade do veículo ou da forma como está conduzindo. Por exemplo, a condução de motocicletas no interior sem habilitação ou por menores de idade é uma realidade muito relatada por nossos agentes de fiscalização", disse.

Policiais militares durante trabalho na blitz da Lei Seca em Viana
Ações como as blitze da Lei Seca serão intensificadas para flagrar e multar motoristas que consomem bebida alcóolica. (Carlos Alberto Silva )

Ainda conforme Givaldo Vieira, há uma preocupação especial com finais de semana, onde os acidentes ocorrem em torno de 40% entre a sexta-feira e o domingo, pois há um movimento maior de deslocamentos e festividades.

Aspas de citação

A gente tenta ordenar a melhor logística com o efetivo disponível para cobrir esses dias e períodos mais significativos, assim como as regiões onde temos percebido uma constância de ocorrências

Givaldo Vieira
Diretor do Detran|ES
Aspas de citação

Mesmo com a presença policial nas ruas e o aumento de blitz, há ainda registros de recusas de bafômetros, assim como, existem grupos de mensagens em aplicativos de conversa focados em denunciar os pontos onde estão ocorrendo fiscalizações de trânsito.

Para o diretor do Detran|ES, quem se recusa a realizar o teste do bafômetro vai pagar a mesma multa de quem assoprar e positivar para uso de álcool, um valor aproximado de R$ 3 mil, além da suspensão da habilitação por 12 meses. A única diferença é que caso a pessoa decida realizar o teste etilômetro e der positivo, ela vai responder por delito de trânsito. 

Já os grupos de mensagens onde são informados onde estão sendo realizadas blitz, para Givaldo, é um desafio à parte. 

"O que a gente faz é um trabalho de inteligência, quando a gente tem uma blitz posicionada, há, muitas vezes, policiais, descaracterizados ou agentes de trânsitos descaracterizados em outras posições analisando o comportamento de motoristas, eventuais desvios, aquelas paradas que eles tentam fazer antes da blitz para trocar de posição de um condutor e o passageiro", explicou Givaldo. 

O Detran|ES também faz uso de drones para fiscalização. O órgão pretende ainda parametrizar o sistema para dar um fluxo mais rápido em julgamentos de recursos e finalizações de decisão em relação a determinas infrações que tem um potencial maior de provocar acidentes.

"Por exemplo, uma infração por ultrapassar um semáforo vermelho terá, provavelmente, uma prioridade de julgamento no Detran diferente de uma infração por estacionamento irregular, certamente uma infração por recusa de bafômetro ou teste positivo no bafômetro terá um nível de prioridade e julgamento maior. Então a gente vai dar um tratamento a algumas infrações de natureza gravíssima, cumprindo o prazo mínimo legal dando condição do contraditório, para que a pessoa possa fazer a sua defesa, mas permitindo que a gente separe do conjunto tão grande de recursos que temos que julgar, que demoram muitas vezes meses e acabam favorecendo um certo sentimento de falta de punição", disse Givaldo.

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