A capixaba Fernanda Muniz Fernandes mora há 10 anos na cidade do Rio de Janeiro. Mesmo estando a 500 km de distância da zona eleitoral em que está inscrita, ela não mede esforços para votar no bairro de Pitanga, área rural do município da Serra e local onde tem um encontro com a urna desde os 16.
A atriz de 30 anos destaca que, em uma década vivendo longe do lugar de origem, justificou o voto apenas uma vez. A cada dois anos, ela mantém um ritual: viaja para a terra natal, aproveita para rever a família e escolhe os seus candidatos. Desta vez, em especial, para cumprir essa tradição, precisou pedir dinheiro emprestado a uma amiga para conseguir comprar a passagem.
Esse jornada da cidadania também vem sendo seguida à risca por Geisibel Pires, 41. Natural de Vitória, ela mora atualmente em Nova Venécia, no Noroeste do Estado. Neste fim de semana, a bibliotecária encara seis horas de viagem e 250 km de trajeto para exercer seu direito de voto na Capital. Para esta capixaba, o sentimento de pertencimento social e a participação nas eleições não têm preço, têm valor. Compensam o sacrifício de tanto tempo no ônibus e o custo da passagem.
Mesmo em eleições municipais, Fernanda e Geisibel fazem questão de votar na cidade em que cresceram e onde suas famílias residem. As duas também compartilham a ideia de que retornar ao lugar de origem é uma oportunidade de reviver memórias. A bibliotecária conta que não tem planos de transferir o título de eleitor para o interior, pois voltar para a Capital é também uma forma de reencontrar parentes e amigos. "Tem pessoas que eu vejo só em época de eleição. É um gostinho especial.”
Fernanda tem o mesmo sentimento, mas diz que talvez a transferência do domicílio eleitoral esteja próxima de ocorrer.
Ao ser perguntada sobre a solicitação do voto em trânsito, Geisibel respondeu que desconhecia essa alternativa. "Não conheço o voto em trânsito. inclusive, quando fui perguntar no cartório eleitoral sobre transferência, não fui informada, ninguém me falou sobre isso.” A bibliotecária só passou a ficar ciente dessa possibilidade durante a entrevista para este conteúdo de A Gazeta.
Quem está fora da cidade onde reside durante as eleições tem direito de exercer a cidadania por meio do voto em trânsito. Desde 2010, quando essa modalidade passou a vigorar, há uma seção especial para que pessoas possam votar, em capitais ou em municípios com mais de 100 mil eleitores, para os cargos de presidente, governador, senador e deputado federal, estadual ou distrital.
Fernanda Muniz Fernandes pontua que soube há pouco tempo que essa opção era possível, depois de terminado o prazo para solicitar.
Mas o desconhecimento não é regra. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu 332.548 requerimentos de eleitores para realizar o voto em trânsito no primeiro turno das eleições de 2022. Comparando com o último pleito, de 2018, houve um crescimento de 278% nos pedidos. O prazo para solicitar a habilitação para votar, neste domingo, em trânsito ou em seção distinta da origem, expirou no dia 18 de agosto.
*Lívia Bonatto é aluna da 25ª turma do Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação da editora do programa, Andréia Pegoretti.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta