Do icônico “Caetano estaciona no Leblon” (notícia "foto e texto" do extinto site Ego) às críticas musicais em vídeos caprichados que despertam amor (ou ódio) do fandom de alguma diva pop. Das informações sobre um livro “cabeça” que atrai a chamada elite intelectual à cobertura de um show sertanejo que levanta multidões.
No tempo e nos espaços, o jornalismo de entretenimento e cultura acompanha as mudanças trazidas pelas gerações que chegam, e deve abraçar, sem preconceito, a diversidade dos variados públicos. Parafraseando a defensora dessas convicções, a jornalista Carol Prado, repórter de Pop&Arte do g1, são condutas nota 10 de 10 para fazer valer a pluralidade e respeitar o que os fãs estão consumindo por aí pelas plataformas digitais, sem deixar de levar informações e opiniões.
Carol Prado trouxe, na manhã desta quinta-feira (18), suas percepções para o palco do auditório da Rede Gazeta, onde apresentou a palestra “Pop & Arte: como o jornalismo dialoga com os jovens”, evento que lançou a 27ª edição do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. O encontro também marcou a abertura das inscrições para concorrer às dez vagas do programa (clique aqui para se inscrever).
Como convidada especial, a jornalista conversou com uma plateia atenta, formada predominantemente por jovens da geração Z. Destacou a importância do texto bem escrito (tudo começa por ele, até mesmo um vídeo) e reiterou a necessidade de dar voz às várias vertentes das manifestações artísticas.
Ao abordar a multiplicidade das pautas tratadas editorialmente, a comunicadora falou sobre as diferentes fases por que passou o jornalismo de cultura e entretenimento, que antes andavam mais separados nas seções editoriais.
“Teve uma fase mais elitista, focada em temas de uma elite intelectual. Aí teve uma fase mais provocadora, mais opinativa, principalmente a partir dos anos 80. Teve também a explosão do jornalismo de cultura pop, sobretudo musical e em vídeo, com a MTV Brasil. Depois, teve a explosão do jornalismo de fofoca, com o surgimento do site Ego lá em 2006”, elencou a convidada, que também é apresentadora dos boletins do "g1 em 1 Minuto", na TV Globo, e do podcast de entrevistas “g1 Ouviu”.
Ainda sobre abismos culturais, ela lembrou um acontecimento que expôs com mais evidência o gap: a intensa comoção popular causada pela morte do sertanejo Cristiano Araújo, em 2015, contrastada pela tímida cobertura inicial feita pelas editorias de cultura sobre o fato, à época.
“A redação não conhecia (o Cristiano). Não entendeu logo de cara o tamanho daquela cobertura e a proporção que ela deveria tomar. Se o repórter de Cultura tivesse uma cabeça mais aberta para cobrir também temas da cultura popular, isso não teria prejudicado tanto a cobertura. No fim, saiu uma notinha e depois o jornal correu atrás para mais informações”, recordou-se.
Carol ressaltou algumas características diferenciais do público jovem. A geração Z quer saber opiniões, o que abre um terreno muito fecundo para o jornalismo de curadoria. “(É como se dissesse:) Então me dê dicas de filmes para ver no fim de semana; me conte se esse álbum é legal ou não é tão legal. Me mostre quais os melhores álbuns e os melhores livros de todos os tempos”, citou ela, ao falar sobre algumas das demandas de conteúdo desse público.
Hoje, acrescentou, as pesquisas mostram que os mais novos, ao consumirem informação, querem saber quem é aquele emissor da mensagem, do que ele gosta, de que jeito ele é, como ele é. “Enfim, quer se identificar ali de alguma forma. É uma lógica bem mais personalista e bem menos padronizada do que a do jornalismo que a gente cresceu assistindo”, comparou.
Alguns dos trabalhos mais conhecidos de Carol Prado envolvem entregar à audiência suas impressões sobre o trabalho dos artistas ou atribuir em vídeos notas às produções musicais, um conteúdo que ganha evidência ao estabelecer casos de amor ou suscitar a ira dos fãs, a depender do tom das críticas sobre o trabalho do ídolo. O “caso Taylor Swift” exemplifica esse modo passional dos seguidores – “Taylor Swift não tem voz incrível, nem melodias interessantes; por que, então, ela é tão popular?” é o título de um conteúdo assinado por ela, que acabou sendo alvo dos admiradores da diva pop.
Sobre a onda hater que recebe nesses episódios, a profissional sublinha: “Não dá para você esperar que a reação de um jovem ou adolescente seja a mesma de um adulto. Tem as reações mais acaloradas. Eles se exaltam mesmo. Quando era adolescente, não admitia que ninguém falasse mal do Felipe Dylon na minha frente. Ele, para mim, era como se fosse da minha família. Então, eu entendo que isso aconteça. Isso não tira meu sono nem nada, porque tem dado certo ignorar. Só em casos mais graves que bloqueio a pessoa.”
Ao longo da palestra, Carol Prado deu dicas para as várias etapas da produção de conteúdo. Confira algumas.
Como fazer uma boa entrevista
Como escrever bem
Como ter ideias de pautas
Ao fim da palestra, foram abertas as inscrições para o Curso de Residência 2024, que seguem até o próximo dia 28. Podem concorrer às dez vagas do programa de imersão da Rede Gazeta graduados em quaisquer cursos superiores, cuja conclusão tenha acontecido a partir de dezembro de 2022, ou graduandos que estejam cursando o último período da faculdade. Com esses mesmos prazos, a participação estende-se aos alunos do curso técnico de Rádio e TV.
No mesmo ambiente das inscrições, os candidatos também respondem a uma prova com 30 questões de conhecimentos gerais, Língua Portuguesa e conhecimentos básicos de jornalismo. Seguem na disputa aqueles que acertarem pelo menos 60% das questões.
Após a fase objetiva, a etapa seguinte é a produção de texto. Por e-mail, os candidatos receberão um link para assistirem a determinado conteúdo e, em seguida, deverão produzir uma matéria jornalística a respeito do tema. Essa etapa acontecerá nos dias 30 e 31 de julho.
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