Observar, escutar, pesquisar, investigar. Aliadas à intuição, as técnicas usadas no jornalismo também são adotadas pelas equipes dos programas de entrenenimento que você vê por aí. Caçadora de boas histórias, a jornalista Tati Wuo, que trabalha com "Caldeirão com Mion", conhece bem esse caminho e contou sobre sua própria saga como pesquisadora e produtora de conteúdo. Ela enfatiza: esse percurso começa muito antes – até anos antes – de a atração ir ao ar.
Os segredos da profissional para garimpar esses tesouros em forma de narrativas foram detalhados num bate-papo entre ela e os alunos do 27º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, na aula inaugural do programa de imersão, ocorrida na manhã desta quarta-feira (14). A mediação ficou a cargo da editora de Entretenimento da TV Gazeta, Elis Carvalho.
“Tudo é inspiração. Se o seu olhar já estiver voltado para isso, você vai ver que o mundo é inspirador para a gente pensar em histórias boas pra contar. Às vezes, você pega o mesmo ônibus todos os dias e o motorista tem uma p* história que você nem sabe, porque não teve a curiosidade de perguntar. Tenho essa visão de que o mundo tem mais coisas boas do que ruins. As ruins, eu deixo para o jornalismo factual (risos)”, disse Tati, que também é ex-residente (da turma de 2001) e ex-apresentadora do programa "Em Movimento", da TV Gazeta.
Uma das dicas dadas pela jornalista ao longo da conversa foi sobre a “investigação” pelas redes sociais. Em tempos de hiperconexão, esse é um recurso potente, atesta. Foi assim que ela, por exemplo, chegou a uma superfã de Demi Lovato, cantora norte-americana que estaria no Brasil para participar da edição 2023 do festival de música The Town.
Na passagem pelo país, Demi agendou uma rápida participação no “Caldeirão com Mion”, e toda a equipe do programa foi desafiada: como sair do "mais do mesmo" na interação com a diva pop?
A solução do time foi promover um encontro com a cantora e seus jovens admiradores, um segredo que seria só relevado a eles na entrada no palco do Caldeirão e desvendarem os olhos.
Começou então a saga para selecionar os "lovactics" que teriam esse privilégio. Não, não poderia ser um fã "meia-boca". O ponto de partida adotado por Tati para achar "a história" foram as redes sociais.
“Vi uma postagem no Instagram do The Town sobre a Demi. Tinha milhões e milhões de comentários. Fui lendo um a um e cheguei ao de uma fã que me chamou atenção. Ela falava que nunca tinha conseguido encontrar a Demi. Cliquei no perfil dela e fui stalkear, fazer aquele trabalho de detetive investigativo, sabe?”, ressaltou Tati.
Foi aí que veio a surpresa que credenciou a jovem a ser um case de alto match com a pauta. “Vi na rede social que ela tinha participado de um videoclipe da Demi Lovato, só com os fãs que estavam na grade de um show. Mas ela não tinha encontrada a Demi. Não era só uma história. Ela tinha uma história que poderia contar na TV: 'Eu participei do clipe da Demi Lovato'”, disse Tati, que em seu currículo também tem passagens como pesquisadora do Fantástico e do Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, e como integrante da equipe de Xuxa, na Record.
Na conversa na Rede Gazeta, Tati deu outros exemplos de trabalhos que a marcaram como pesquisadora e produtora, como a jornada para encontrar crianças superdotadas que participaram do “Pequenos Gênios”, quadro do “Caldeirão” que foi ao ar ainda sob o comando de Luciano Huck. A convidada especial da aula inaugural também mostrou algumas imagens e reportagens da época em que foi apresentadora do “Em Movimento”.
Para o coordenador do curso de Residência e gerente de Relações Institucionais da Rede Gazeta, Eduardo Fachetti, a mensagem deixada pela veterana pode e deve inspirar novos jornalistas nesta imersão. Afinal, a turma vai produzir um programa de entretenimento que vai ao ar pela TV Gazeta, tendo por foco a geração Z.
“O conteúdo apresentado por Tati foi ótimo e vai ao encontro do que os residentes encontrarão pela frente. Queremos boas histórias e bom percurso narrativo. Entretenenimento também é jornalismo, é informação. Queremos cumprir os próximos três meses aliando a leveza e a profundidade que o dia a dia da produção jornalística pode oferecer”, afirmou Fachetti.
A aula inaugural desta quarta-feira foi aberta pelo diretor de Jornalismo da Rede Gazeta, Abdo Chequer, que reforçou a importância boa apuração para fazer entregas relevantes ao público, e não o mediano e medíocre. Disso, o mercado está cheio, observa. "Jornalismo é igual a tocar violão: violão é muito fácil de ser mal tocado. Qualquer boteco pode ter alguém ‘arranhando’. Mas a perfeição tem que ser construída, tem que ter dedicação.”
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