O futuro é movido por pessoas que se dispõem a inovar no agora. E quando falamos do audiovisual, ter criatividade é uma habilidade essencial. Por isso, empreendedores do audiovisual capixaba têm investido cada vez mais no potencial das comunidades com um viés de inovação, em busca da associação entre arte e desenvolvimento social.
No Estado não faltam exemplos. Um deles vem do Movimento Cidade – que um dia já se chamou MovCidade. Criada em 2018, a iniciativa realiza produções e exibições de cinema por meio de manifestações artísticas locais. Em sua última edição em formato de festival, em agosto, o Movimento Cidade reuniu cerca de 5 mil pessoas por dia no Teatro Carmélia, em Vitória, misturando uma programação de shows locais, nacionais e mostras de audiovisual genuinamente capixabas.
“Eu vejo o cenário audiovisual do Espírito Santo em crescimento, mas com muita necessidade de espaços de difusão dos conteúdos que a gente produz. A importância de se inovar é realmente poder realizar algo que seja uma lacuna no mercado”, pontua o idealizador e diretor do festival, Léo Alves. Ele acrescenta que a equipe busca integrar apresentações de dança, exposições e batalhas de rima para promover a cena cultural local.
No contexto de valorização do protagonismo local, outra realização que vem ganhando espaço é o CineMarias. Criado há apenas dois anos, o projeto oferece uma formação em audiovisual para mulheres que vivem em áreas de vulnerabilidade social no Estado.
Através da iniciativa, identidades femininas têm a oportunidade de estudar cinema, e ao mesmo tempo, falarem de seus corpos como territórios. A inovação vem no sentido de buscar, em cada oficina realizada com as participantes, novas formas de aplicar a técnica a olhares e formatos que de fato dialoguem com o público, conforme explica a cineasta e jornalista Luana Laux, à frente do CineMarias.
“A inspiração é trazer narrativas que não são vistas nas telas, e o Espírito Santo está cheio de narrativas que precisam ser compartilhadas. A gente sofre um processo de invisibilização muito forte”, ressalta Luana.
Em 2022 e 2023 os laboratórios de audiovisual aconteceram no Fonte Hub, da Rede Gazeta. Foram 108 horas de aulas práticas, que resultaram na criação de 4 curtas-metragens totalmente realizados por mulheres. Uma delas é Maytê Hensso, que fez parte da segunda edição do projeto, em 2022. Ela é a primeira mulher trans a dirigir e coreografar uma companhia de dança no Estado.
“Quando falam pra gente ‘você vai criar o seu roteiro’, isso é uma forma de inovação, porque não é um cara branco que já está no cenário mundial de construção que vai falar sobre a gente, nós que vamos. É incentivar as pessoas a contarem histórias de seus jeitos”, relata Maytê.
“O cinema capixaba já é por si um modelo de produção independente, e através da inovação estamos encontrando outras possibilidades, que é você distribuir o seu produto pela internet, ou pelas webséries”, enfatiza Luana Laux.
Na mesma linha do Movimento Cidade e do CineMarias está o Crias.Lab. O projeto busca promover um novo olhar dos jovens moradores de comunidades periféricas e transformar a visão deles em produto audiovisual, sempre com um olhar de inovação – seja no formato, seja na linguagem.
A jornada dos participantes começa com a oferta de cursos especializados em roteiro e criação de projetos, que logo depois são produzidos. O diretor do projeto, Sullivan Silva, explica que para descentralizar a comunicação, as comunidades periféricas participam ativamente do processo de criação.
“O nosso propósito é formar redes de comunicação reunindo a galera que trabalha com comunicação audiovisual, seja na produção de podcast; seja em produção de iniciativa de comunicação; de grupos de coletivos culturais; da economia criativa, para que a gente consiga formar no futuro uma rede colaborativa de comunicação digital”, destaca Sullivan.
Em outubro, o Crias.Lab inicia mais uma edição dos laboratórios de audiovisual para participantes de 18 a 35 anos. Durante 3 semanas, as turmas terão aulas de roteiro, produção e direção, e a entrega final será uma série focada em personagens e comunidades da Grande Vitória, como parte do movimento “Somos Capixabas”.
ISABELLE OLIVEIRA E LAÍSA MENEZES são alunas do 26º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação e edição do coordenador do programa, Eduardo Fachetti.
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