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Jovens eleitores: pensamento coletivo e fuga de polêmicas influenciam voto de estreantes no ES

Jovens eleitores: pensamento coletivo e fuga de polêmicas influenciam voto de estreantes no ES

Espírito Santo tem cerca de 22 mil eleitores com 16 e 17 anos, quando o voto é facultativo. Jovens vivem a expectativa de ajudar a escolher os rumos para as cidades

Publicado em 10 de setembro de 2024 às 09:49

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Letícya Rezende é de Cariacica e irá votar pela primeira vez
Letícya Rezende é de Cariacica e vai votar pela primeira vez. (Ifes)
André Borghi
[email protected]

Daqui a menos de um mês, aproximadamente 22 mil jovens do Espírito Santo, com idades de 16 e 17 anos, irão às urnas pela primeira vez. O quantitativo de estreantes nas eleições de 2024 representa 0,73% dos quase 3 milhões de votantes no Estado, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES).

Nessa idade, participar de uma eleição é facultativo, mas o que leva os jovens a tomarem essa decisão mesmo sem a obrigatoriedade? É o que A Gazeta foi às ruas para saber. 

Emily Gomes, de 17 anos, vai votar em Cariacica. Para a estudante, entre os pontos mais importantes que precisam de melhoria, e que serão levados em conta na hora de escolher um candidato a prefeito e vereador, estão a educação, a saúde e a segurança pública.

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Espero melhorias nos aspectos essenciais, que incluem a qualidade das escolas públicas, a garantia de um sistema de saúde pública eficiente e acessível, e o fortalecimento da segurança.

Emily Gomes
Estudante
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Assim como Emily, a estudante Letícya Rezende, moradora de Vitória, é outra que vai votar pela primeira vez: “Meu anseio é por melhorias na mobilidade urbana, ampliação das ciclovias, melhor acessibilidade, modernização do transporte público, aumento do policiamento e implementação de mais tecnologias para monitoramento urbano."

Campo minado

E se na hora de citar os tópicos que são capazes de fazê-los optar por determinada candidatura os jovens são rápidos, o mesmo pode ser dito sobre os atributos que lhes despertam a rejeição. Nesse campo, o comportamento do candidato pode ser um  terreno minado, capaz de dinamitar a confiança do eleitorado estreante.

O estudante Gabriel da Vitória desaprova “falta de honestidade, falta de respeito com a população e desconsideração das opiniões da população”, e admite que levará em conta essas observações para definir em quem não votar, assim como a estudante Letícya Rezende, que rechaça quem se envolva em casos rumorosos. 

“São aqueles candidatos envolvidos em polêmicas, com histórico de mentiras, envolvidos em corrupção, que fazem promessas irrealistas, demonstram falta de compromisso com o bem comum, desrespeitam o Estado de Direito e mudam frequentemente seu posicionamento.”

Para a cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart, os políticos estão atentos aos posicionamentos do público jovem, que tem mudado nos últimos anos.

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A gente observa uma mudança em relação ao posicionamento ideológico do eleitor jovem, que no processo de redemocratização, num primeiro momento, pelo menos no tocante às eleições nacionais, tendia a ter um voto posicionado à esquerda do espectro ideológico.

 Mayra Goulart
Cientista política e professora da UFRJ
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Mayra Goulart é cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Mayra Goulart destaca mudanças de posicionamento da juventude. (Arquivo Pessoal)

O fator confiança

Para Renato Andrade, de 15 anos, morador da Capital, é essencial que o candidato dialogue com a população. “Um bom candidato deve estar sempre disposto a ver como pode melhorar a situação com a ajuda do povo. Mesmo estando ocupado, deve se juntar à população para tomar decisões que não afetem o dia a dia e possam melhorar a situação do lugar", afirmou o adolescente, que vai completar 16 anos antes das eleições municipais e votará pela primeira vez.

Renato Andrade Prata, 15 anos, mostra seu Título de eleitoral
Renato Andrade Prata, que estará com 16 anos na época da votação, mostra seu título de eleitor. (Carlos Alberto Silva)

De olho no futuro de Cariacica, Emily Gomes complementa: “A transparência na comunicação, a experiência prévia em cargos públicos, um histórico de boas realizações e a habilidade de lidar com crises de forma eficaz também são aspectos que me passam confiança”.

Eleitor do mesmo município, o estudante Matheus Valério, de 17 anos, confia em candidato que “demonstra ser uma pessoa  organizada e que vê o seu cargo não como posição de poder e sim uma oportunidade de ajudar as pessoas”.

Matheus Valério é eleitor de Cariacica e vai votar pela primeira vez.
Matheus Valério, de 17 anos, também estreará nas urnas . (Ifes)

Mayra Goulart enxerga a participação dos jovens na política como algo positivo. "Eu vejo com muito bons olhos, uma vez que a cidadania é algo que só se aprende na prática. Então, quanto mais participa, quanto mais pratica, melhor fica o exercício da cidadania", observa a cientista política. 

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