Caro leitor, deixe que nos apresentemos: somos quatro alunos do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Até um mês atrás, vivíamos em outros Estados, e desembarcamos em Vitória para essa experiência imersiva. Só não esperávamos que antes de um mês de curso viveríamos algo tão expressivo: na última quarta-feira, dia 11 de setembro – dia em que foi comemorado o aniversário de 96 anos da Rede Gazeta – faríamos o diretor de Jornalismo, Abdo Chequer, chorar.
Mas não foi por tristeza. Foi a reação que ele teve ao assistir aos 15 minutos de um “Arquivo Confidencial” produzido por nós. Contar histórias é uma missão diária no jornalismo e, desta vez, não foi diferente.
No dia 21 de agosto, recebemos a missão de produzir um material audiovisual sobre a história de Abdo Chequer, celebrando seus 45 anos de emissora. Também tínhamos como objetivo capturar a essência dele como marido, pai, avô, filho e amigo. Foi um processo longo e desafiador. “Como quatro futuros jornalistas poderiam produzir um material tão importante sobre o rosto da principal emissora do Espírito Santo?”, foi o que pensamos.
Começamos pela pesquisa. Juntamos todas as informações sobre a história do Abdo, trajetória na empresa, entrevistas marcantes e vida fora das câmeras. Listamos os possíveis entrevistados; incluindo irmãos, filhos, esposa e alguns dos profissionais que tiveram suas carreiras marcadas pelo homem que apresentou o “Bom Dia ES” por 25 anos – mais tempo do que a idade que temos hoje.
Ao todo, foram dez pessoas ouvidas no período de aproximadamente duas semanas. Nós nos dividimos em duplas para organizar a logística das gravações: quando um ficava responsável por entrevistar, o outro se encarregava de cuidar da câmera. Aí veio a organização de chamar os carros de aplicativo, agendar entrevistas e cruzar os dedos para que, com tanta gente envolvida, nada vazasse.
Com tantos relatos que falavam sobre um Abdo que muitos não conheciam, veio o dilema: o que adicionar ao roteiro? Foram alguns dias, olhando para a tela em branco do computador, até conseguirmos formular o que seria o começo de uma história.
Como estudantes de Jornalismo, sabíamos que não seria fácil. Aprendemos que contar uma história nunca é, mas resumir 45 anos de uma trajetória a um punhado de folhas de papel foi uma experiência além do imaginado – o que incluiu lavar os copos que usamos na casa do Abdo, após sermos recebidos pela esposa dele, Terezinha, porque vai que ele chegasse em casa e visse quatro copos usados ali… O que justificaria? Melhor não abrirmos margem para o azar…
Com o roteiro pronto, iniciamos a pós-produção: a edição. Essa parte foi uma nova forma de nos desafiarmos. Passamos horas aprendendo e explorando novos recursos para garantir que a narrativa, que nasceu com as entrevistas e foi organizada pelo roteiro, tivesse uma lógica e fluidez para quem recebesse o material final.
Nesse processo, aprendemos a corrigir imagens, ajustar o brilho e o contraste, e aplicar técnicas de edição que tornassem os cortes mais fluidos e naturais. Isso custou algumas horas de sono? Sim. Teve noite que terminou quando já era quase dia, e o travesseiro só nos viu para lá das 4 horas da manhã.
Cada decisão foi pensada para garantir que o material final não apenas refletisse a trajetória de Abdo Chequer, mas também emocionasse e mostrasse como todos os depoimentos refletem carinho e admiração com que falavam sobre ele. Queríamos, e era necessário, ir além do profissional.
Utilizamos algumas técnicas de zoom em momentos de maior emoção, além de tela preta para o público absorver o conteúdo e gerar essa emoção. Com a trilha sonora, não foi diferente, e o gosto pessoal de Abdo Chequer imperou, incluindo Beatles, Tchaikovsky e Luciano Pavarotti, um dos seus músicos favoritos.
Contamos com a ajuda da equipe do Cedoc (o Centro de Documentação da Rede Gazeta), que resgatou algumas imagens arquivadas da TV Gazeta. Além disso, capturamos muitas imagens pessoais com os familiares e amigos do Abdo.
Finalmente estava pronto: o material para o qual nos dedicamos tanto seria um dos destaques de uma noite de comemorações, e o nosso nervosismo era visível. O auditório estava cheio; ter o nosso trabalho exibido para o homenageado ao lado dos seus familiares e da plateia ali presente nos assustou.
Trabalhar nos bastidores de uma reportagem é uma experiência. Todos estão ali a postos, prontos para assistirem ao material, mas nenhum deles sabe dos bastidores da produção. Passamos muitas horas editando, detalhe por detalhe, fala por fala, em busca de uma trilha e de imagens que combinassem perfeitamente com o roteiro. Nosso objetivo era entregar um material à altura, e acho que podemos dizer que conseguimos.
Durante nossa produção, conhecemos e falamos de um Abdo que, até então, nem todos conheciamos e, no dia seguinte, quando tivemos a oportunidade de conversarmos com ele, em sua sala, na diretoria da empresa, vimos além do jornalista que aparecia em frente às câmeras: vimos que o Abdo é simplesmente ele, e ainda fomos convidados para um café na casa dele – desta vez, sem termos que nos preocupar em esconder os vestígios da visita.
* Adrielle Mariana, Aline Gomes, André Borghi e Bruno Nézio são alunos do 27º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação da editora de conteúdo Andréia Pegoretti e edição do gerente de Relações Institucionais da Rede Gazeta, Eduardo Fachetti.
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