Abrir-se para as várias possibilidades do jornalismo e da comunicação, não limitando o interesse a apenas uma editoria; fazer das redes sociais um portfólio de produção de conteúdo (pode pesar mais que um currículo); aprender com a experiência de outros colegas, principalmente aqueles com mais tempo de estrada.
No campo aberto para os jornalistas iniciantes, esses e outros passos podem ser determinantes para uma trajetória mais segura, como apontam os profissionais que participaram do bate-papo “Como começar a carreira com o pé direito?”, promovido na manhã desta terça-feira (30). O encontro marcou a aula inaugural do 25º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e ocorreu no auditório da empresa, em Vitória.
A roda de conversa teve como convidados os jornalistas Elaine Silva, editora-chefe de A Gazeta e CBN Vitória; Guido Nunes, repórter de Esportes da Globo; Marina Dayrell, curadora de conteúdo do Twitter; e Vinícius Viana, repórter do Estúdio Gazeta. Os diferentes caminhos trilhados por esses profissionais tiveram um mesmo ponto de partida. Os quatro são ex-residentes da Rede Gazeta, integrantes de turmas veteranas, logo no início do programa, ou das mais recentes.
“A empatia de jornalista para jornalista faz muita diferença. Eu me senti desafiada pelas dificuldades. Contei muito com o apoio da repórter Vilmara Fernandes, que me ajudou bastante neste início. Ela me levou até as fontes e me apresentou”, lembra Elaine Silva, que integrou a primeira turma da Residência, formada em 1998.
A editora-chefe começou como repórter de Cidades do jornal A Gazeta, tendo assumido em seguida o cargo de editora-adjunta de Economia e de editora desta mesma seção no veículo, ainda na versão impressa. Com uma trajetória que despontou para a posição de comando logo nos primeiros anos de trabalho na Rede, ela fala sobre uma outra conduta que foi decisiva no momento em que deixou de ser repórter para ocupar funções com perfil de liderança: “Tenham vontade. Não se obriguem a ser o que vocês não querem ser, mas experimentem.”
Guido Nunes salienta a importância da persistência para não desanimar no primeiro “não”. Foi mantendo esse foco que ele conseguiu superar a frustração de não ter sido aprovado na primeira tentativa do processo seletivo de Curso de Residência, em 2006. “Perguntei por que não tinha sido aprovado. E me disseram que eu fui reprovado na prova de Português! Para a segunda tentativa, no outro ano, vivi de ler Manual de Redação e acabei sendo aprovado.”
Saber que a profissão tem vários pontos negativos para a rotina de trabalho (como o plantão durante os feriados), mas ter a consciência de que o lado positivo é muito mais proveitoso é outra questão relevante, na opinião do repórter de Esportes da Rede Globo. A editoria de Esportes, aliás, sempre foi sua paixão, mas ele não se furtou a experimentar outras áreas do jornalismo no início de carreira. Isso foi fundamental para adquirir bagagem. “Se vocês querem Esportes, façam outras coisas antes de Esportes. Se surgiu a oportunidade de trabalhar em Polícia, vão lá e façam. Eu aprendi muito por ter passado por várias editorias”, acrescenta Guido.
Assim como Elaine, ele também cita um profissional da Rede que o ajudou no seu percurso: o cinegrafista Roberto Pratti, da TV Gazeta. "Aquele cara ali foi quem me ensinou a fazer televisão", disse Guido, apontando para Pratti na plateia.
Marina Dayrell compartilha do mesmo pensamento. “Coloque-se aberto a fazer de tudo. Passei por várias editorias e áreas. No Estadão, passei por Política, Entretenimento, plantão da madrugada... Fiquei rodando um ano em tudo. Até que depois me deram algumas opções. Escolhi ir para a Editoria de Empreendedorismo”, enfatiza Marina, que também fala sobre uma fonte de inspiração no seu trabalho: a sua então editora, Ana Paula Boni. “É uma profissional completa, que me ensinou muitas coisas, desde a apuração até na hora de escrever o texto. E me ensinou a ter menos autocensura”, sublinha a curadora do Twitter, que também é especialista em Diversidade & Inclusão.
Vinícius Viana lembra que a Residência ensinou-o a identificar o que quer e o que não quer para a sua carreira. “E assim descobri que posso sim escrever sobre Política. A Residência foi uma experiência muita catártica. Ensinou-me coisas que eu tinha afinidade”, diz o repórter do Estúdio Gazeta. “O jornalismo é um movimento de cidadania não só para os outros, mas também para nós, jornalistas”, define.
Marina defende ser primordial pensar para quem se está produzindo e onde será distribuído o conteúdo, entendendo as ferramentas e plataformas disponíveis. “E não se esqueçam também de olhar para si, cuidar da saúde mental. Olhem para vocês como carreira. Tem redação, assessoria, startup, corporativo. Estudos mostram que as pessoas vão ter de duas a três carreiras no futuro. Estudem as opções para que as escolhas sejam feitas da maneira melhor.”
Guido completa falando à plateia, formada em sua maioria por jovens: “Vocês são de uma geração que não pode pensar em não estar nas redes sociais. A rede social pode ser mais importante que o currículo. As empresas olham as redes sociais.”
Para Vinícius Viana, é importante também ter referências nas suas preferências. “Filmes, músicas, podcast. Use esse tipo de bagagem. Ela vai ajudar você a construir sua produção."
Elaine Silva menciona que a fluência em inglês e as habilidades técnicas são vantagens competitivas, mas aponta também as flexibilidades e as competências emocionais. “Cobrem-se menos. A geração de vocês cobra-se muito. Sejam felizes fazendo aquilo de que gostam.”
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