Mais do que nunca, precisamos apoiar e consumir artistas locais, e a boa notícia é que o Espírito Santo está cheio deles. E se você ainda não se atualizou nesta área, pode aproveitar a quarentena para conhecer alguns nomes e fazer uma nova playlist. Acredite! Vai valer a pena.
Embora alguns dos gêneros musicais em que atuam não tenha o merecido destaque, eles estão por todo os lados produzindo materiais de qualidade. Superativos nas redes sociais e disponíveis nas principais plataformas digitais de música, eles vêm conquistando cada vez mais fãs. E nós, da Revista.ag, fomos saber quem são as pessoas por trás do som contagiante que fazem.
Nomes como César MC, Dudu, Budah e Noventa são alguns dos que marcam a chamada Cena musical capixaba. Mas eles não estão sozinhos, uma geração de jovens desponta cheia de talento e tem alcançado cada vez mais espaço e visibilidade em nível nacional em ritmos como rap, hip-hop, trap, r&b (rhythm and blues) e pop.
A artista Mary Jane está no movimento do hip-hop como Mc desde 2012, em projeto compartilhado com o grupo de que faz parte, o Melanina Mcs. Atualmente focada em sua carreira solo, ela conta que acha o crescimento da cena relativamente tardio. Nosso estado sempre teve artistas muito bons, só que foi necessário termos reconhecimento fora para sermos reconhecidos aqui. Temos artistas, produções, produtores e estúdios exemplares e impecáveis aqui, explica.
Entre os principais hobbies de Mariana (Mary Jane) estão frequentar rodas de samba com os amigos e curtir uma praia. No meu bairro, Manguinhos, sempre tem roda de samba. O legal é que as pessoas que tocam hoje nessa roda são meus amigos. A gente cantava junto quando era pequeno. A diferença é que agora é brincadeira de adulto. Também gosto de jogar bola na praia, de comer (risos) e de música, claro, complementa a artista.
Suas referências tem raízes na música feminina e brasileira, além disso ela sempre teve muito contato com o samba e isso também se reflete em seus trabalhos. Tenho muito do samba na minha veia, é um dos gêneros que mais amo e me traz referências. Procuro minhas inspirações com foco nas grandes mulheres que temos nesse cenário e dou preferência também a referências nacionais, nossa cultura é rica conta ela.
Por lidar tanto com a realidade, meu trabalho vai muito além só de um determinado gênero. Posso dizer que faço Música Popular Brasileira, música atemporal e sem prazo de validade. Eu abordo desde temas sociais a temas de relação e sentimento, na hora que paro pra escrever me sinto a pessoa mais livre do mundo.
A frase acima é de Áquila Sabino, de 22 anos, ou apenas Akilla para quem acompanha seu trabalho. Com um EP recém-lançado, intitulado Balloons, e que conta com a participação de Mary Jane na faixa Tralha, ele conta que tudo começou quando era bem novo, ainda no ensino fundamental. Sempre gostei de ler e de escrever, e as coisas vinham à minha cabeça, sempre brinquei com as palavras. Nas batalhas de mcs, ganhei e perdi inúmeras vezes, deixando assim meu nome marcado pela Grande Vitória. É uma satisfação muito grande quando uma pessoa me diz que minha música melhorou o dia dela ou fez ela pensar diferente sobre algum assunto. Afinal, o objetivo é esse, complementa ele.
Akilla é um jovem negro de 22 anos, local de Vila Velha, que adora a boemia capixaba. Gosta de fazer churrasco nos fins de semana. Se possível passo a maior parte da semana dentro do estúdio. Além de amar o que faço, estou correndo atrás do sonho da música, fazendo de tudo pela casa própria e pelo bem-estar do meu filho que está por vir, diz o artista sobre como ele faz a leitura de si.
Akilla acredita que o Espírito Santo é um poço de talentos, e tem certeza de que o Estado vai atingir um lugar de maior destaque nacional. Aqui tem artistas diferentes e pra todos os gostos, cada um é gênio dentro da sua vertente e essa concentração de diversidade não é fácil de encontrar, sempre estivemos em outro patamar, conclui.
Apesar da quarentena, a produção de Vk Mac está a todo vapor, com uma série de lançamentos separados por pouquíssimo tempo. O clipe da música Praga da Vez, dirigido por Lucas Araújo e lançado há pouco mais de um mês já alcançou a marca de mais de meio milhão de visualizações no YouTube.
Vk ou Victor Oliveira, de apenas 20 anos, mora na comunidade de Santo Antônio, em Vitória, sua história é marcada por constantes superações e ele encontrou na música a forma de se comunicar com o mundo. Já vivi cenas que a maioria das pessoas nem imagina. Isso me fez crescer sendo bastante introvertido, com dificuldade em falar o que penso e sinto e, com isso, a música caiu como uma luva, foi a minha saída para me expressar, conta.
O contato com a música veio cedo. Ele conta que desde pequeno via o avô compor moda de viola e acompanhava os tios, que formavam uma dupla sertaneja, nos shows pela Grande Vitória. Mas minha carreira mesmo começou aos 13 anos. Eu aprendi a tocar violão por conta própria lendo cifras na internet e, logo depois de saber formar uns 4 acordes, já escrevi minha primeira música, foi bem natural.
Ao rap mesmo eu fui me dedicar mais em 2016, graças à minha amizade com o Mc Noventa. 2016 foi o ano em que eu gravei em estúdio pela primeira vez, juntando dinheiro de alguns beats que eu fazia e vendia pros amigos bem baratinho. Estava fazendo de tudo para ter como gravar minhas músicas, até dentro do guarda-roupas já gravei, conta Vk.
Sobre seus objetivos, o artista não hesita em dizer qual é o principal deles: "Fazer com que meu público se sinta bem quando colocar meus sons pra tocar no fone. Recebo mensagens todos os dias de fãs dizendo que amam o nosso trabalho, que as músicas ajudam em alguns aspectos ou situações da vida dessas pessoas, que se sentem bem e felizes quando ouvem. Isso pra mim é a maior recompensa e é um objetivo que nunca descansa".
O artista, dono do álbum Spacedrift, investe a maior parte de seu tempo na música e conta que está sempre buscando coisas novas e formas de deixar seu trabalho ainda melhor, mas nas horas vagas gosta de aproveitar os amigos. Gosto de rolês pela Rua da Lama com os amigos, tomando uns litrões e rindo à toa, festas, mas também gosto rolezinhos calmos, diz.
Uma jovem canela verde, que gosta muito da vida caiçara, frutos do mar, açaí e praia. Frequento muito os movimentos culturais envolvidos com samba, as congadas, a Barra do Jucu, o centro de Vitória, o Bar da Zilda e os movimentos de dança, no hip-hop e dancehall que eu tanto amo.
A autodefinição acima é de Stefany Senna, de 26 anos, mais conhecida como Morenna, que começou cantando samba e pagode em bares. A artista sempre teve envolvimento com música, desde o coral da escola. Minha família sempre esteve ao redor da música. Comecei na dança com 11 anos, fazia parte de um grupo de dança de hip-hop e me apaixonei. Já assistia aos clipes e acompanhava canais musicais e já era muito fã. Quando fui pra música autoral, o hip-hop foi me puxando, porque eu já consumia muito e já dançava. Foi muito orgânico.
A cantora, que fez parte do grupo de rap Solveris - atualmente em hiato -, ama moda e faz sucesso com seus looks autênticos nas redes sociais. É praticamente uma it-girl da música. Os segmentos musicais em que meu trabalho mais se encaixa são hip-hop e R&B, mas eu costumo dizer que faço pop, como as grandes divas.
Dona do EP Blá Blá Blá, maior marco de sua carreira, a cantora assinou contrato com a Warner Music Brasil no início deste ano. A faixa que dá nome ao EP foi a maior produção visual da trajetória de Morenna. Em Blá blá blá eu pude falar um pouco mais de mim, da minha história, das minhas questões. Com certeza é o projeto que mais me marcou até agora, consegui ter um alcance nacional e consegui o contrato pra potencializar e difundir minha música, conclui.
A história do pianista, beatmaker e produtor musical Pedro Paulo, mais conhecido como Tibery, começou na música aos seis anos de idade com as aulas de piano. No início, ele tocava na igreja, onde aprendeu muito. Em seguida, foi experimentando novas coisas até descobrir sua real aptidão. Por volta dos 18 anos comecei a tocar como freelancer em algumas bandas de reggae, uma delas foi a Banda Moana, onde vivi uma experiência muito bacana. Posteriormente, comecei a produzir alguns beats e acabei me apaixonando, hoje não imagino minha vida sem trabalhar com Rap, conta ele.
Um momento muito bacana foi a minha participação no reality Breakout Brasil, do Canal Sony e, sem dúvidas, a produção de Canção Infantil, do César MC que, com certeza, mexeu com todo mundo que participou do projeto, explica o produtor sobre momentos que marcaram sua carreira até o momento.
Tibery acredita que os artistas que trabalham nos bastidores da música cumprem funções essenciais, mas não são valorizados como deveriam. Acontece tanto pelo público, quanto por alguns artistas frontline. Tem aquele ditado: quem não é visto não é lembrado. A maior parte do público não se interessa em saber quem participou da construção de determinado projeto.
Sobre a cena capixaba, ele acredita que, como no restante do país, o rap - sua área de atuação - ainda precisa evoluir em aspectos técnicos, mas está alcançando um destaque significativo e que a importância desse segmento será cada vez maior. Temos grandes nomes, tanto MCs, como produtores. Os números estão crescendo, os fãs estão crescendo e somos respeitados em todos os lugares que vamos, complementa.
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