Quando estamos na produção de nossos destinos do #emmovimentoviaja (quadro do programa Em Movimento na TV Gazeta ES) sempre buscamos as peculiaridades e curiosidades que tornam aquela cidade única dentro de todo o nosso Estado. E com Bom Jesus do Norte não foi diferente! A primeira pergunta surgiu ao olhar no mapa. Pra nossa surpresa, Bom Jesus do Norte não ficava no Norte, mas no Sul do Espírito Santo. O norte do nome se explica pelo fato de a cidade ficar na parte Norte do rio Itabapoana. Alguns contam que um prefeito até tentou, há um tempo atrás, mudar o nome da cidade pra Bom Jesus do Sul, mas o povo não deixou.
Outra particularidade do município é que ele fica a uma ponte do estado do Rio de Janeiro, em Bom Jesus do Itabapoana. Por conta disso, durante todo o dia, o fluxo de pedestres, carros e bicicletas é intenso por ali. Muitos moradores trabalham ou aproveitam opções de comércio do lado de lá, e vice-versa. Aliás, eles quase não dizem que são habitantes de Bom Jesus. Costumam dizer que são do estado do ES ou do estado do RJ, uma forma de facilitar a conversa, já que eles se sentem numa única cidade.
Um fato histórico e triste, mas que formou muito do que a cidade é hoje, é que Bom Jesus do Norte já sofreu muito com enchentes. Vários moradores perderam seus bens e isso fez com que muitos deixassem o lado capixaba e fossem morar no lado carioca. Muitas casas já se adaptaram pra enfrentar as chuvas, construindo muros altos, como a da família que nos recebeu na cidade pra passar a noite. Apesar de ser de interior, com pouco mais de 10 mil habitantes, a cidade é movimentada, com pouquíssimas pessoas vivendo na zona rural. Aliás, no lugar há uma área ainda pouco explorada pelos próprios moradores. Apesar de ser considerada uma cidade-dormitório, achamos algumas boas opções pra você colocar na agenda e conhecer.
Já que estamos no verão, que tal sair da zona de conforto e conhecer um lugar desconhecido pelos próprios moradores da cidade, praticamente inexplorado? Um dos passeios é a antiga usina e Cachoeira de Mangaravite, que reúne história, mistério e belíssimas paisagens.
As ruínas de arquitetura da usina hidrelétrica (1930) servem de portal pra explorar uma trilha mais aventureira sobre tubulações antigas que levam a cachoeira. Isso aqui é o começo da região. O progresso de Bom Jesus começou aqui, diz seu Manoel Mangaravite, que trabalhou no local.
É um lugar lindo pra admirar a paisagem, tomar um bom banho e ainda praticar esportes radicais, como rapel. Aqui é pouco explorado. As próprias pessoas da cidade desconhecem. Quando a gente chama alguém daqui pra vir, eles ficam se perguntando onde que é, e olha que fica só a 7 quilômetros do centro, reflete o guia Toni da Silva, que sempre faz aventuras pelas bandas de lá.
A festa da cidade, sempre no final de abril, é um capítulo à parte. Isso porque acontece a apresentação da banda do Seu Nilo, a Lira Operária Bonjesuense. Se você tá se perguntando porque isso é algo interessante, imagina só a cena: uma banda sai de madrugada pelas ruas da cidade acordando todo mundo, como se fosse um carnaval fora de época.
Além disso, a banda é comandada pelo Seu Nilo, um senhorzinho de 86 anos, simpático e que há mais de 40 anos comanda a banda, formada por moradores da cidade de Bom Jesus do Norte e de Bom Jesus do Itabapoana. Eu toco desde 52, é o prazer de gostar de música que me mantém a frente da banda.
O legal é que as pessoas da cidade ficam esperando por isso, elas não ficam bravas. Elas acordam mesmo, saem nas janelas e ainda vão atrás da banda, felizões. O bom de interior é isso. Todo mundo ama, vai pra janela pra ver passar e aplaudir.
Se permita participar também das Folias de Reis. É uma das festas mais populares no Estado e em Bom Jesus do Norte é uma tradição local, um ponto de resistência, de orgulho, e que envolve há anos muitas famílias. É de emocionar até mesmo aqueles não ligados à religião.
E, por fim, aproveite que a cidade capixaba é colada numa cidade carioca, e conheça dois estados de uma vez só. É só atravessar a ponte sobre o rio Itabapoana. Dá também pra fazer umas comprinhas no lado do RJ. É lindo aqui, só de ficar olhando o rio me inspiro para fazer minha arte, diz a artesã Maria Adélia, que trabalha colada na ponte no lado do ES.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta