O que você vai ser quando crescer? Essa é uma pergunta muito comum feita pelos adultos às crianças. Ela pode vir dos pais, de parentes ou algum amigo da família. Em seguida, como resposta, surgem futuros astronautas, médicas, caminhoneiros, atrizes, entre outras profissões.
Para a psicanalista Bianca Martins, essa é uma pergunta feita há décadas, passada de geração em geração.
A cada geração essa pergunta é reeditada. Nos séculos passados, quando as famílias deixaram seu núcleo produtivo e se tornaram um núcleo afetivo, em primeiro lugar, esse questionamento vinha com o intuito de preparação para esses pais saberem se iam conseguir apoiarem esses filhos ou não no seu desejo profissional, explica.
Mesmo sendo feita a décadas e poder gerar algum conflito entre pais e filhos, a psicanalista acredita que essa pergunta pode e deve continuar a ser feita.
Isso porque, é uma boa forma de inserir a criança num contexto social. É dar um lugar, é dar um olhar pra ela, explica. E vai além. Quando o adulto se reporta à criança o que você vai ser quando crescer? é uma forma de convidá-la a sonhar, diz.
Ela diz que os adultos, ao fazerem essa pergunta, apenas precisam considerar que as crianças também perguntam isso entre si o que você vai ser quando crescer?. E ao fazerem esse questionamentos, as crianças se projetam no futuro.
Bianca faz um alerta sobre o que você vai ser quando crescer. Às vezes tem um conflito nessa situação. O pai pergunta, mas tem o intuito de saber se o filho vai realizar seu sonho não realizado, diz.
Bianca cita, como exemplo de conflito, um menino que desenha muito bem, mas o sonho do pai era ter um filho jogador de futebol. Quando você vai investigar melhor, o sonho desejado para o filho é algo que ele não conseguiu pra ele na vida, diz.
Ela diz que o fato do pai projetar no filho o que desejou pra si é saudável e necessário. Às vezes a criança pode pegar esse desejo ou não. Mas o contrário é motivo de conflito nas famílias. Isso porque um talento pode ser deixado de lado porque aquele pai ou aquela mãe acha que é mais importante fazer outra coisa. Exemplo disso é quando uma criança diz que vai ser artista, o pai ou mãe já poda e diz que artista não vai dar dinheiro, lamenta.
Para Bianca, é importante que os pais e a família, como um todo, acolham a criança e a sua fantasia.
É muito importante que os pais, tios, avós e amigos mais próximos acolham a fantasia de todas as crianças do seu convívio. Se você nota que o sonho tem uma potência, ouça, acolha, porque aquilo pode virar realidade, explica.
O sorriso e fala gentil marcam o jeito da menina pequenina no tamanho, mas de sonhos gigantes. Isso porque Maria Zon Polese Alves, de 9 anos, quer ser cientista para inventar um remedinho, como ela diz, que cure todas as doenças da humanidade. Além disso, ela diz que as crianças podem fazer um futuro muito melhor e, consequentemente, um mundo também.
A psicanalista Bianca Martins diz que ouvir isso de uma criança de nove anos emociona. Para Bianca, as crianças fazem e farão o mundo muito melhor. Elas mais nos ensinam do que a gente ensina a elas. Então, quando a gente tem a oportunidade de viver com as crianças, o universo se escancara diante dos adultos e das famílias, completa.
Maria conta que não sabe de onde vem essa vontade de ser cientista. Mas diz que acha interessante misturar várias coisas e não saber o que vai dar no final.
Eu fiz um perfume. Misturei água, um perfume que eu já tinha e folhas de hortelã do jardim da minha mãe, explica.
Mas ela quer mais. Ela quer criar algo que cure todas as doenças. Para isso, ela diz que vai bastar tomar um remedinho, que vai ficar com um gosto bom. Ele não vai ter gosto ruim, e os outros remédios não vão mais existir, diz.
Sua mãe, a arquiteta Denise Zon, conta que Maria, quando bem pequena, era muito curiosa e mais observadora do que falante.
Ela falava que seria professora. Mas a partir do momento que ela foi para o ensino fundamental, se encantou com o laboratório de ciências e um esqueleto humano.
Denise conta que não costuma indagar diretamente sua filha sobre seu desejo profissional futuro. A gente joga a conversa mais em outro sentido: o que você gosta de fazer? Dessa forma as conversas vão surgindo e nós vamos respondendo seus questionamentos, explica.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta