Para conter a disseminação do coronavírus, desde a semana passada é recomendado a toda população brasileira a quarentena voluntária. Algo que o povo italiano já vive há algumas semanas. A bióloga, pesquisadora e consultora em eco-epidemiologia e sustentabilidade, Sabrina Simon, que vive em Turin e está há 30 dias em isolamento social, compartilhou um vídeo nas redes sociais falando sobre as fases da quarentena.
"Quando a epidemia começou no Brasil, eu me surpreendi ao perceber a semelhança na maneira como ela iniciou aqui na Itália: o clima de férias que levou as pessoas a fazer conteúdo engraçado para as redes sociais, e a até reproduzir coisas que aconteceram aqui, como música nas janelas e aplausos aos profissionais da saúde. Aí percebi que nós já não estávamos mais nesse espírito, e foi aí que me toquei de que as coisas evoluem. E foi possível identificar as fases", explica.
Ela conta que, ao fazer o vídeo, a intenção era mostrar para os amigos como as coisas evoluíram. "E alertá-los que tudo mudaria muito rápido, como foi conosco. Aquele clima de férias acabaria logo no Brasil. Creio que a pior semana foi a terceira, quando predominou o silêncio e as reportagens mostravam que o vírus seguia num crescimento descontrolado", relata.
Para manter a sanidade mental, ela conta que depois de três crises de ansiedade, começou direcionar o foco para informar os conhecidos. "Isso me deu um desafio que se tornou quase um propósito. A minha dica é manter a rotina e que as pessoas tenham um projeto para se dedicar".
"Na primeira semana a gente não sabia o que estava acontecendo, as crianças já estavam sem aula, muitos pais levavam elas para andar de bicicleta nos parques e as pessoas faziam caminhadas tranquilas. Enquanto por um lado esvaziamos as prateleiras dos supermercados, por outro as pessoas viviam um clima de férias na rua".
"Na segunda semana foi quando o tédio começou a bater. Foi neste momento que viralizou na internet diversos vídeos de músicas nas sacadas, porque o tédio estava começando a aparecer. Com essas atitudes o clima de tédio era levemente quebrado".
"Depois da terceira semana o silêncio começou a predominar. E a sensação é da generalização de um estado deprimido. Não é depressão, mas uma tristeza. Porque não faz mais sentido a gente cantar nas janelas. Não faz mais sentido fazer vídeos engraçados e espalhar pela vizinhança. As coisas começaram a apertar e a pesar mentalmente".
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