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Coronavírus: por que podemos ter medo do retorno ao convívio social?

Coronavírus: por que podemos ter medo do retorno ao convívio social?

Especialistas explicam que é preciso se expor de forma gradual, até perceber que a rua pode ser novamente um lugar seguro. Mas, claro, desde que as regras sejam respeitadas. O retorno também pode gerar ansiedade, estresse e inquietação

Publicado em 8 de junho de 2020 às 16:33

De olho no retorno das atividades.
De olho no retorno das atividades. "Precisamos ser gentil conosco nessa hora. Cada um vai ter uma experiência muito individual", diz psicóloga. Crédito: Freepik

Já tem mais dois meses que a maior parte da população teve que aprender a viver em isolamento dentro de casa. Agora, à  medida que as regras de distanciamento vão se afrouxando, muita gente que estava adaptada ao formato da quarentena, começa a sentir uma agonia. E a pergunta que paira no ar é:  "Como sair de casa e voltar ao convívio social sem ter medo?". 

A psicóloga comportamental Letícia Santana diz que é normal sentirmos medo na medida que, gradualmente, será possível voltar para as atividades que tínhamos pré-pandemia. "Estamos falando de medo, que é um processo de adaptação natural do ser humano". Ela explica que, biologicamente falando, há dois meses precisamos convencer o cérebro da importância de ficar dentro de casa, já que a rua tinha se tornado um local perigoso. Agora teremos que descondicionar o cérebro com essa ideia. "Imagina como funciona a cabeça de alguém que levou 2 meses construindo a ideia que a rua é perigosa, um sentimento involuntário e inato do medo. A partir de agora teremos que ter a sensação momentânea da desconstrução de algo que foi construído", ressalta.

Letícia conta que esse movimento não é fácil e, que cada pessoa, vai se adequar de uma forma. "A pessoa vai ter que perceber que existe um ambiente lá fora que pode, sim, ser seguro e ir se adaptando novamente. Precisamos ser muito gentil conosco nessa hora. Cada um vai ter uma experiência muito individual".

Tenha paciência

O retorno às ruas e ao que as pessoas têm chamado de'novo normal' pode gerar ansiedade, inquietação, estresse e medo de um futuro que  desconhecemos.  "É como se a vida voltasse ao normal e eu sofresse com os efeitos colaterais do que foi vivido. É uma relação do cérebro com as emoções", diz a psicóloga Milena Careta. 

Ela também concorda que ter medo é normal, já que a casa virou refúgio nesse período, se tornando um lugar seguro.  "E a volta para o mundo nos deixa inseguros, já que o vírus não sumiu, a doença não desapareceu e não existe vacina. Nesse momento isso vai gerar angústia, medo, entre outros sentimentos", explica Milena. 

"Comece com pequenos movimentos como levando o lixo na rua ou indo até à padaria. "

Milena Careta

Psicóloga

Para ela, a volta exige o básico, como se programar e criar uma rotina, além de ir se expondo gradualmente até perceber que a rua pode ser novamente um lugar seguro.  "Esse momento exige preparo, comece com pequenos movimentos como levando o lixo na rua ou indo à padaria. Faça da rotina da casa o que  era rotina antes da pandemia. E tenha paciência consigo mesmo, não exigindo muito e tudo de uma vez, já que é um momento novo para todo mundo", aconselha Milena Careta. 

Sinal de alerta

Em que momento esses sentimentos podem estar passando dos limites? Letícia Santana explica que o sinal de alerta é quando o medo paralisa a pessoa. Aí é preciso buscar ajuda profissional.  "Devemos ligar o alerta quando a sensação é de paralisa do físico,  de não querer sair de jeito nenhum!  E também de paralisia do cognitivo, parar de produzir, de ter ideias... Precisamos voltar a ter o controle de nós mesmos".  

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