O amor é múltiplo e plural. Não existe uma regra pra amar. Tem gente que gosta do relacionamento monogâmico, outros preferem o aberto. Tem casais que se dão superbem com o ex, outros nem são um casal, mas um trisal... São várias as formas de amar e como bem cantou Milton Nascimento todas valem a pena. Às vésperas do Dia dos Namorados, que será comemorado no meio de uma pandemia, ouvimos casais de namorados que valorizam a convivência com o ex e um outro que decidiu morar junto no meio da pandemia e está vivendo um "quase-casamento". Eles nos mostram que hoje, mais do que nunca, precisamos exercitar a empatia e não abrir mão daquilo que sentimos.
A empresária de moda Dayane Barros, 36 anos, não tem do que reclamar do ex-marido Fernando, com quem foi casada durante 4 anos e teve a filha Manoela. Pelo contrário. "Somos bem resolvidos. Não mudou nada na nossa relação de amizade, porque ele é um bom ser humano, um bom pai", conta ela, que hoje é casada com a dentista Mariana Laranja.
As duas se conheceram quando a empresária foi fazer um procedimento com a dentista. "Nunca tinha me relacionado com mulher na vida, mas me apaixonei. O que foi assustador é que nunca tinha tido interesse por mulheres", conta. A consulta virou um convite para jantar, que se transformou em namoro e, logo depois, casamento, realizado no ano passado. "É uma paixão, nosso convívio é maravilhoso", conta Dayane.
No último carnaval o casal viajou para os Estados Unidos, onde o ex de Dayane vive. "Fomos para Disney com a Manoela e ele, que mora em Manhattan, foi ao nosso encontro. Ficamos hospedadas num hotel e ele na casa de um amigo junto com a nossa filha. Todos os dias ele passava no hotel para nos levar aos parques. Passamos os dias inteiros juntos. Foi ótimo", lembra ela, ressaltando que a relação deles sempre de harmonia. Tanto que ele costuma fazer videochamadas diariamente para o Brasil. "Ele janta com a gente, assiste o jornal por vídeo e até reposta nossas fotos na rede social", diz Dayane, orgulhosa do que conquistou.
A psicóloga e comentaria da CBN Vitória, Adriana Müller, explica que essas novas relações são uma realidade dos tempos atuais. "Os casais que se dão bem são aqueles que conseguem perceber que terem estado juntos proporcionou a construção da própria identidade, uma identidade que merece ser reconhecida. Eles podem estar juntas como pessoas que se respeitam porque viveram um tempo juntas, construíram uma história que foi muito boa, mesmo tendo acabado".
No caso dos casais com filhos o convívio harmônico é ainda mais importante. "A criança precisa ter a noção de que é fruto de uma história de amor. Eles precisam fazer o exercício de construir um bom relacionamento, que seja amistoso em função dos filhos", diz.
A arquiteta Rita de Cássia Landi, 54 anos, que namora o servidor público Marcos Venícius Siqueira Lima, 52 anos, também não tem o que reclamar da ex dele. "Sempre que nos encontramos é de forma harmônica, sem nenhum tipo de problema", conta.
Os encontros acontecem principalmente nas festas da família do namorado, como Natal e aniversários. "Ela vai porque um dia ela já foi daquela família, e acho justo. Além disso, a presença dela é superimportante para os três filhos que eles tiveram. Eles sempre estão juntos, é algo natural. No último aniversário do Marcos Venícius, ela foi ao almoço de comemoração. As pessoas acham estranho", conta Rita.
Nessa quarentena, ela, que mora em Vila Velha, tem passado os finais de semana na casa dele, em Vitória. Os dois filhos, que estudam no Rio de Janeiro, também estão aqui. "O que não me causa ciúmes. Pelo contrário. É o momento de ele estar próximo dos filhos, pois daqui a pouco estarão longe novamente. E o ideal é passar por este momento em família", diz.
Quem tem vivo uma nova experiência, e aprendido com ela, é o casal Agnes Gava, 21 anos, e João pedro, de 24. O casal de namorados decidiu morar junto durante esse período de isolamento social e está vivendo um "quase-casamento". "Começamos a namorar no Carnaval. E pouco antes de começar a quarentena a empresa que trabalhamos definiu o home office. E eu me vi numa situação ruim, porque não tinha um local para trabalhar e nem internet ideal. Além do fato de pensar que teria que passar esse tempo todo sem encontrar com ele", conta Agnes.
Há três meses eles têm vivido diariamente juntos. "Não é fácil, principalmente pelos desentendimentos que ocorrem na rotina. E quando eles acontecem não tem como ir dar uma volta, como aconteceria normalmente", diz a analista de treinamento. Já a parte boa, segundo ela, é poder passar esse período, tão angustiante, na companhia de alguém "que a gente gosta". "Estar com ele nesse momento é um ponto positivo. Quando estou nervosa ele me dá apoio. Ter intimidade é importante", ressalta a jovem.
Para Adriana Müller decidir morar junto no meio de uma pandemia é uma situação desafiadora. "O isolamento social nos leva a reinventar as formas de estar juntos e isso é desafiador. Os casais que decidem morar junto nesse período acabam tendo que lidar com situações que são típicas de pessoas casadas. O namoro costuma ser algo leve e não tem a pressão e o peso de ter que estar sempre junto. Eles com certeza estão tendo que lidar antecipadamente com alguns desafios da vida de casados", explica.
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