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Escolas particulares contratam psicólogos para apoiar professores e famílias

Escolas particulares contratam psicólogos para apoiar professores e famílias

Adaptação ao home office e ao estudo remoto impactou a saúde mental de diversos profissionais, estudantes e pais, que contaram com ajuda especializada para gerir o estresse e a ansiedade

Publicado em 29 de junho de 2020 às 17:03

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Os pais Akel de Andrade e Ludmyla Araújo com o filho Akel.
Os pais Akel de Andrade e Ludmyla Araújo com o filho Akel. "Seguimos as orientações da psicóloga e o estudo remoto aqui está tendo efeitos positivos", diz o pai . (Divulgação)

A suspensão das aulas presenciais por causa do coronavírus criou uma nova rotina de aprendizagem para os estudantes. E as novas formas de conduzir o processo educativo se tornaram um desafio para escolas e pais. E para cuidar da saúde mental de professores, pais e alunos - nesse período de isolamento social -  algumas escolas particulares contam com psicólogos.

"É muito importante propiciar acolhimento às pessoas nos momentos de crise como este que estamos vivendo. O trabalho consisti em potencializar os professores e pais para enfrentar a situação desafiadora com mais recursos internos, protegendo a saúde mental deles, o que é fundamental para o desempenho profissional e pessoal", explica a Luciane Infantini, do Centro Educacional Leonardo da Vinci.

A profissional explicou para os pais que o ser humano gosta de certezas e de fazer planos a médio e longo prazo. Mas isso não era mais possível. "A gente sugeriu que eles vivessem o presente, pensando no que poderiam fazer para ter um isolamento de maior qualidade. Isso porque o externo não pode ser mudado, mas o interno pode", diz.

Ela também ressaltou que cuidar das próprias emoções é cuidar das emoções dos filhos. Por isso, a profissional deu algumas dicas para ajudar no acompanhamento dos filhos. "Se a criança estiver com sentimentos aflorados, é preciso escutá-la, deixe-a falar, às vezes ela só precisa desabafar; ou precisa de um carinho. Demonstre a aceitação, além de criar uma rotina". 

Já o diretor pedagógico Mário Broetto explicou que a escola precisou trabalhar o estresse e a ansiedade da equipe da escola. "Foi fundamental esse trabalho para que todos estivessem preparados para atuar com os alunos. Vimos que era necessário um suporte para a saúde mental. Fizemos um trabalho coletivo e, em algumas situações, individualizado também". 

Desafios

Akel de Andrade Lima, pai do Akel Filho, de 4 anos, conta que o estudo remoto tem surtido efeitos positivos. "A gente vem fazendo exatamente o que a psicóloga orientou. Na verdade, intuitivamente, a gente já seguia uma rotina, com horários e local certos para dormir, comer, trabalhar, estudar e brincar. Tínhamos um planejamento do dia e a disciplina de cumprir. Mas quando ouvimos a psicóloga, ficamos mais seguros de estar fazendo o correto por saber que ela é especializada na área de educação. E isso diminuiu a ansiedade de todos. Nada aqui é forçado, tudo é combinado, então não gera estresse na família", conta.

Fabricia Gonçalves e as filhas Gabriela e Giovana.
Fabrícia Gonçalves e as filhas Gabriela e Giovana. "Evito fazer cobranças excessivas em relação às atividades escolares e aos resultados", diza. (Divulgação)

Vencer o medo e a ansiedade em relação à covid-19 também tem sido desafio na Escola Monteiro. "Temos feito um trabalho regular que envolve pedagogos, psicopedagogo, assistente social e psicólogo. Estamos sempre disponíveis para situações que demandam tratamento individualizado, porque essa é nossa forma de ser e de conduzir, para qualquer membro da comunidade escolar", explica a diretora pedagógica Penha Tótola. 

Ela explica que, no início, muitos alunos disseram estar se sentindo sobrecarregados, com muitas tarefas, num momento de tanta mudança. "Ao ouvir, vamos ponderando, nos adaptando e buscando o equilíbrio. Sabemos que a saúde emocional e o bem-estar de professores, pais e alunos são muito importantes".  Também há reuniões exclusivas com presença de representantes da direção e da coordenação (pedagogo e psicopedagogo) com pais de cada uma das turmas da escola. “O objetivo é manter os laços fortes. Preservar o vínculo com a escola é algo muito importante no processo educacional, que não deve se perder”, explica.

A mãe das alunas Gabriela e Giovana, Fabricia Gonçalves, conta que evita fazer cobranças excessivas em relação às atividades escolares e aos resultados para manter o emocional das filhas equilibrado. “Procuro passar uma certa leveza para as meninas, respeitando eventuais dificuldades que surgem”.

Segundo ela, no início, o uso das plataformas virtuais para o ensino à distância exigiu um pouco mais da família: “No início das atividades escolares on-line foi necessária uma adaptação quanto à utilização das ferramentas disponíveis, demandando mais a minha participação. Mas, agora, as crianças já dominaram os sistemas, demonstrando uma evolução no uso do computador”.

Cuide das emoções dos filhos

Veja algumas dicas práticas para ajudar no acompanhamento dos filhos

- Se a criança estiver com sentimentos aflorados, escute-a, deixe-a falar, às vezes ela só precisa desabafar.

- Dê carinho e demonstre aceitação.

- Crie com ela uma rotina e deixe-a visível.

- Estimule a criança a desenvolver autonomia, mas com paciência, dando um passo de cada vez.

- Tenha um local adequado para estudo e separe os momentos de estudo e lazer.

- Se a criança tiver resistência com os estudos, insista para ela entender que não pode fazer somente o que gosta, mas também as obrigações.

- Brinquem juntos de jogos de memória, estratégia e raciocínio.

- Reforce os laços afetivos para que as crianças lembrem com carinho deste momento.

- Ressignifique o isolamento, olhando o lado positivo, o que está dando certo, o que está sendo bom.

Fonte: Luciane Infantini

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