O isolamento social por conta da covid-19 alçou a masturbação aos seus dias de glória: ganhou o apelo da quarentena e, inclusive, a recomendação de organizações médicas e governamentais. Se você não vive com o parceiro, o momento é uma boa oportunidade de conhecer mais sobre seu corpo e sua sexualidade por meio do toque, garantem os sexólogos.
Desde o início da pandemia, autoridades médicas vêm propondo que a masturbação pode, sim, proteger os indivíduos do vírus, pelo simples fato de que os mantêm longe de outras pessoas que possam vir a estar contaminadas, mesmo sem saber. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere a prática como o tipo de sexo mais seguro durante a quarentena. Em Nova York, a prefeitura divulgou um guia em que sugere a masturbação como melhor forma de evitar o contágio. Você é seu parceiro sexual mais seguro, diz o comunicado. Na Irlanda, foi emitido diretrizes sobre sexo seguro e masturbação durante a pandemia: "Seja sexualmente ativo apenas com alguém com quem você mora e que não foi testado como positivo ou está com sintomas do vírus, evite beijar alguém fora de sua casa ou que tenha sintomas", informou o país. Já na Argentina, o Ministério da Saúde recomendou o sexo virtual como aliado para evitar a contaminação.
O sexólogo e urologista Danilo Galante, membro da Sociedade Brasileira de Urologia, explica porque as pessoas estão se masturbando mais do que o habitual neste período de quarentena. "As pessoas estão mais ociosas e o apetite sexual está ainda mais intenso que o normal, já que passam mais tempo em casa e o contato interpessoal não é permitido. Isoladas, elas estão procurando formas de entretenimento, e o autoprazer pode saciar seus desejos".
Ele conta que o ato é uma forma de autoconhecimento, de entender como o corpo funciona e a partir disso, encontrar novas formas de praticar a sexualidade. "Além disso, uma das funções da masturbação neste período é diminuir a ansiedade e as tensões provenientes do cenário incerto que estamos passando. Ao ejacular, os hormônios que são liberados podem proporcionar inclusive, um relaxamento e um sono mais tranquilos".
A sexóloga e terapeuta sexual Virgínia Pelles confirma as pessoas têm se masturbado mais. "Principalmente as que estão ficando sozinhas. É uma necessidade fisiológica, de aliviar o estresse e a tensão, uma válvula de escape". Entre os benefícios está a sensação de bem-estar. Não é somente uma questão de prazer, mas de saúde física e mental. A liberação de hormônios (dopamina, ocitocina, serotonina) faz a pessoa se sentir melhor. "Quando ela tem essa sensação de prazer, de atingir o clímax, tudo isso está conectado à percepção de relaxamento. Ocorre a liberação de hormônios e substâncias químicas que estão dentro do nosso organismo e geram bem-estar intenso", diz Virgínia.
Porém, alguma pessoas, sentem culpa ao realizarem o ato. "Se o sentimento for de que está fazendo algo errado, pode gerar um problema emocional. Além disso, a masturbação compulsiva causa disfunção sexual e ocasiona, no caso da mulher, dificuldade de conseguir um orgasmo na relação a dois, porque sozinha é mais fácil e rápido. Já o homem pode ter uma disfunção erétil ou ejaculação precoce", explica Virgínia. Por conta disso, é preciso somente ficar alerta ao excesso.
Danilo explica ainda que a prática pode tornar-se maléfica quando começa a atrapalhar a vida, como perder o foco no trabalho. "A partir do momento em que o indivíduo não tem mais a rotina habitual, pode acabar entrando em um ciclo vicioso de masturbação e o cérebro passa a não reconhecer mais a quantidade de dopamina e querer cada vez mais. Desta forma, ao invés de a pessoa se sentir bem com suas descobertas, passa a se sentir culpada".
O especialista ainda ressalta que não há uma recomendação sobre a quantidade de vezes que se deve praticar a masturbação por dia. "O número deve ser o suficiente para satisfazer e não deixar a pessoa culpada".
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