Brinquedinhos divertidos, troca de mensagens quentes, nudes e muita live pornô têm feito a cabeça dos brasileiros nesses tempos de coronavírus. Enquanto os casais transam, os solteiros entenderam que a diversão solo pode ser tão prazerosa quanto os encontros.
Pesquisa do grupo Consumoteca, que monitorou o comportamento sexual de duas mil pessoas em todo o Brasil durante a quarentena, mostra que 45% dos entrevistados mantiveram a frequência sexual. Vinte por cento disseram que fizeram mais sexo. Dezenove por, cento menos. E 17% afirmam ter parado de transar. A mesma pesquisa revelou que 22% dos homens e 11% das mulheres passaram a se masturbar mais e 10% dos homens e 4% das mulheres passaram a enviar mais nudes.
"Antes era necessário ter corpos se encontrando para que houvesse sexo. Agora, corpos se encontrarem é perigoso, por causa da covid-19. Tanto os homens, quanto as mulheres, ainda que em menor frequência, têm descoberto que com a masturbação, videochamadas sensuais e a troca de nudes, é possível sentir prazer estando, fisicamente, sozinho", comenta a psicóloga e sexóloga Marcelle Paganini.
A sexóloga Sirleide Stinguel explica que um equívoco comum nos dias de hoje, e que tem minado muitos relacionamentos, é a busca do prazer somente na transa. "Muitos casais pensam que o único caminho para o prazer é no ato sexual e que esse está totalmente ligado a alguém, ou somente as partes genitais. Tanto no cenário em casal presente ou separado, a experiência do sexo na pandemia ganhou novas dinâmicas e olhares quanto ao prazer, deixando muitos tabus e preconceitos para trás. A troca de mensagens e de fotos picantes no universo virtual tem tido mais resultados prazerosos e que vão permanecer pós-pandemia", diz.
Marcelle Paganini lembra que, antes, a masturbação, as videochamadas sensuais e as conversas picantes, eram adotados devido às questões como distância e tempo. E eram encaradas como uma forma 'periférica' de sexo. "Agora, ganha forma como uma expressão legítima da sexualidade, porque essa própria sexualidade tem ganhado contornos ainda mais vastos e complexos". A masturbação, ela conta, ajuda no autoconhecimento e na evolução do prazer. "Quanto mais vivenciamos o prazer e a energia orgástica, mais a percepção se desenvolve. Também contribui para a manutenção da atividade das zonas erógenas, evitando atrofias. Mas deve ser feita corretamente, sem utilizar força em demasia, sem finalidade ansiolítica ou como alívio de algum vício emocional".
O tatuador Leoni Coutinho, 28 anos, viu a frequência das relações sexuais diminuir com o passar da quarentena. "Nesse período o meu prazer tem sido através da masturbação. Entendo que ela é importante para o autoconhecimento, tanto para os homens, como para as mulheres. A frequência, de certa forma, se manteve. Mas a intensidade aumentou bastante, me sinto mais sensível e com a libido mais alta", conta.
Para quem não está acostumado com a masturbação, Sirleide dá a dica. "Uma dica é usar um espelhinho para visualizar e estimular o desejo pelo próprio corpo ou um óleo próprio ou lubrificante para a região. Para a mulher, a dica é fazer exercícios de pompoar ou o kegel que estimula o toque e ainda fortalece a musculatura do assoalho pélvico. E é importante ativar gatilhos de desejo para gerar excitação ao momento".
O Dia do Sexo também pode ser comemorado acompanhado de brinquedos sexuais - seja você casado ou solteiro. Tem para todos os gostos. Em pesquisa recente, a rede social Sexlog mostrou que a procura por acessórios sexuais aumentou após a pandemia. Cerca de 80% dos frequentadores da plataforma expressaram o desejo de comprar novos itens eróticos nos últimos meses.
Um dos sucessos da quarentena é o Satisfyer, um 'sugador' de clitóris que vem revolucionando o prazer feminino. O objeto ganhou fama extra depois que a cantora Anitta apareceu em suas redes sociais mostrando o 'companheiro' de isolamento. O brinquedo promete orgasmo em até 1 minuto. "O mercado de produtos eróticos têm desde pequenas cápsulas que vibram a sugadores, próteses, massageadores com várias potências e géis que vão aumentar essa sensação de prazer no auto-toque", diz Sirleide Stinguel.
Para Marcelle, as pessoas passarão a entender que quem transa é, na verdade, nossa mente. "O transar, propriamente dito, o encontro de corpos, tende a ser deixado para momentos mais especiais. Ganham força os flertes pelo Instagram, as trocas de nudes, os aplicativos. Toda a preocupação com imagem e performance agora pode se resumir a enviar foto ou vídeo somente da parte do corpo que se gosta mais, como um abdômen, seios, pernas, o pênis e a vagina", conclui.
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