Crescida no Morro do Macaco, em Tabuazeiro, Josiane Souza Santos, 32 anos, perdeu os pais assassinados em 2000. E cedo teve que aprender a se virar. Trabalhava numa casa como empregada doméstica e estudava. Logo entendeu que a sala de aula seria a válvula de escape. Josiane é a primeira de sua família a fazer um curso superior. Quando entrei pensei: quero estar aqui para que meus irmãos e sobrinhos também venham. Esse espaço também é nosso, conta ela que, aos 28 anos, começou o curso de Administração. A capixaba já vendeu bijuteria, bolsas, ajudou os tios que a criaram na venda de bolos e polpa de frutas. Fez um curso de estética em 2012 e criou a Fio a Fio, voltada para a pele negra. Percebi que os protocolos eram sempre para peles claras, não falavam das pretas. Pesquisei tratamentos e testei em familiares e nas amigas, notando como a beleza enaltecia e melhorava a autoestima, conta.
Ela também criou o projeto Negras Empreendedoras do ES, com uma amiga, voltado para o empoderamento através do empreendedorismo. Josi é bem resolvida, empoderada e mesmo assim tem que lidar com o racismo. Ele é muito sucinto, por mais que não verbalizem. Quando entro em um ambiente recebo olhares, é como se não pertencesse a ele. Certa vez, quando usava tranças, um senhor dentro do elevador pegou no meu cabelo e questionou como se estivesse mal cuidado ou fedorento, lembra. Também por isso que representatividade importa. É importante dar visibilidade para as pessoas conhecerem. As pessoas olham, se identificam e passam a consumir.
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