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O que é cringe? Internautas da geração Z apontam 'micos' dos millennials

O que é cringe? Internautas da geração Z apontam 'micos' dos millennials

Pagar boleto, usar Facebook, usar calça skinny e tomar café da manhã estão na lista das vergonhas. Entenda a expressão do momento

Publicado em 21 de junho de 2021 às 18:36

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Adolescentes geração Z
A geração Z  é conhecida por sua extrema conexão com a tecnologia. (Freepik)

A expressão "cringe" foi parar nos Trending Topics do Twitter na última sexta-feira (18), após a criadora de conteúdo Carol Tchulim fazer a seguinte pergunta na rede social: "por favor jovens da geração Z, me contem o que vocês acham um mico nos Millennials? (acho que falar mico já passou, é cringe né)"

A pergunta gerou uma enxurrada de comentários com respostas da geração Z e réplicas de muitos millennials surpresos com o que encontraram. Muitos, inclusive, nem sabiam o que era 'cringe', que para os jovens é usado para descrever atitudes embaraçosas de outras pessoas - o famoso vergonha alheia ou até mesmo o cafona, nas gírias das turmas mais experientes.

Entre as atitudes dos millennials que a geração Z considera mico estão: pagar boleto, usar Facebook, hashtag na legenda, beber cerveja "litrão", assistir jornal, achar que "fds" é final de semana, usar emoji sem ser na ironia, usar calça skinny, sapatilha redonda e tomar café da manhã. Sim, até o café da manhã veio parar na "lista cringe".

Para quem não sabe, Geração Z e Millennials são definições sociológicas para grupos de pessoas que nasceram em determinados períodos da história pós-Segunda Guerra Mundial. Há algumas divergências na forma como as gerações são divididas, mas a mais aceita atualmente e descrita pelo Guia do Estudante é a que separa a população mais recente em 4 grupos: Baby Boomers (1946-1964), Geração X (1965-1980), Geração Y ou Millennial (1981-1996) e Geração Z (1997-2010).

Assim, os millennials cresceram na “virada do milênio” (por isso, o nome) e com o início do boom tecnológico. Já a turma Z é conhecida por sua extrema conexão com a tecnologia, afinal são indivíduos que não viveram nem um ano de suas vidas sem internet e foram desde cedo expostos às redes sociais e à cultura pop.

Por falar em cultura pop, foi dela que a gíria "cringe" veio com tudo. De origem inglesa, ela significa encolher-se (de medo, dor ou repugnância) ou morrer de vergonha, segundo o dicionário Michaelis. Lá em 2011, a palavra já era usada para definir produções de artistas pop feitas de forma caseira e bem abaixo dos padrões da indústria. (Os Millenials devem lembrar bem de Rebecca Black e seu hit "Friday", que muitos criticaram e mesmo assim estourou na internet).

Mas voltando a polêmica da semana... Claro que as respostas geraram toda uma discussão entre gerações que renderam muita "revolta" e memes. 

APRENDIZADOS

A nutricionista Fernanda Pignaton, 40 anos, e sua filha Julia, 12, se divertem com as diferenças. "Ela acha estranho até como postamos no Instagram. Ela gosta do TikTok e acha que eu 'pago mico' dançando. Ela também tem uma visão diferente sobre algumas atitudes e comentários politicamente incorretos que estão na nossa sociedade, mas que precisamos mudar", diz a mãe.

Fernanda Pignaton e Julia
Fernanda e Julia Pignaton. "Ela acha estranho até como postamos no Instagram", diz a mãe. (Fernanda Pignaton)

Fernanda conta que não entende praticamente nada do que a geração Z fala nas mídias sociais. "Acho estranho o costume de ficar com as amigas em ligações de 2 horas ou mais, entre outras coisas. Mas com ela aprendo principalmente sobre os costumes dos jovens, de como está o mundo e as preferências, de coisas que não existiam na minha época e agora são normais entre eles. A Julia me ensina como ser totalmente neutra e dá um show quando o assunto é respeito. E incrível como os jovens tem uma visão de aceitar e respeitar uns aos outros", diz.

E como ela administra os conflitos de gerações? "Geralmente rimos muito. Ela me explica, ou tenta pelo menos, eu falo como era antes e ela ri também. E assim nos atualizamos uma sobre a outra, dividindo as vivências e opiniões", finaliza Fernanda.

GERAÇÕES

A psicóloga Giseli Cristina Xavier de Melo explica que os avanços na tecnologia, além dos novos hábitos e valores, criam um abismo entre as gerações. "É notório o surgimento de dois polos na sociedade, de um lado estão os jovens, dotados de agilidade que se adaptam de forma rápida e prática as novas tecnologias. E do outro os mais velhos, que por conta da idade não conseguem acompanhar estas mudanças. Assim, nasce um distanciamento social familiar, onde os jovens se apegam as novas tecnologias apenas, deixando de lado um meio de comunicação primordial que é o diálogo, o famoso olho no olho, e o mais velhos por não conseguirem acompanhar ficam sem saber como interagir com eles, restando assim, um abismo. Em hipótese algum há normalidade nesse distanciamento familiar causado, muita das vezes, em razão das novas tecnologias".

A profissional conta que é preciso entender que, esses modos hoje considerados 'micos', eram costumes na época. "Cada época tem a sua moda e o seu modo de como se vestir, por exemplo. É claro que nas próximas gerações o que ouvimos, vestimos e gostamos também será cafona", diz Giseli Cristina Xavier.

A psicóloga Danielle Alvim explica que as discussões entre gerações vão ocorrer, porém é necessário que haja esforço de jovens e adultos para minimizar os efeitos. "As gerações mais velhas devem ter mais tolerância em relação aos valores com maior flexibilidade que os jovem tem e devem também tentar se atualizar. Já os jovens precisam ter mais paciência e tolerância com o tempo mais lento dos pais ou avós. A família que possui um vínculo forte terá abertura para o diálogo entre as gerações, tendo como base o respeito entre eles".

Não existem fórmulas para lidar com os conflitos. "Cada família ou união de pessoas deverá desenvolver uma forma de como lidar com cada conflito que possa surgir. Os pais precisam entender que se trata de um processo natural quando os filhos deixam de os ver como modelo e trilham os próprios caminhos se formando como indivíduos", analisa a psicóloga. 

CONFIRA COISAS QUE MILLENNIALS FAZEM E A GERAÇÃO Z ACHA CRINGE

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