Todo adulto quer estar próximo de uma criança considerada como “exemplar” pela sociedade à sua volta: uma que obedece aos mais velhos, é educada, estuda e se porta bem. Entretanto, os psicólogos alertam e questionam: “será que em algum lugar do planeta Terra existe uma criança desse nível?”. A psicóloga e comentarista da Rádio CBN Vitória, Adriana Müller alerta para os grandes níveis de cobrança e destaca que a necessidade de educar “filhos perfeitos” é uma forma sutil e indireta de dar ao mundo crianças infelizes.
Segundo a psicóloga, devido ao nível de maturidade cognitiva afetiva a criança não apresenta essa desenvoltura completa. "As crianças estão em sua fase de errar, a aprendizagem é feita em qualquer interação dela com o meio ao seu redor, ela está aprendendo a lidar com o mundo, tudo é muito novo, feito de tentativas e erros", afirma.
A especialista ressalta que as grandes exigências durante a fase da infância deixam marcas irreversíveis no cérebro do adulto. "O indivíduo cresce a achar que nunca é suficientemente competente ou perfeito no cumprimento dos ideais que lhe foram incutidos. É preciso cortar esse vínculo limitante que veta a nossa capacidade de sermos felizes", destaca.
Diante disso, Adriana conclui que para ajudar a esses considerados "pequenos seres" a se tornarem bons adultos, e até mesmo grandes cidadãos no futuro, não são necessários atos grandiosos, mas pequenas ações todos os dias. Existe um ideal de criança exemplar, mas temos que ajudar a criança a se sentir bem com ela mesma e entrar nas relações sociais. "Crianças assimilam e aprendem as coisas de uma maneira muito rápida e prática, por isso não são necessárias cobranças que possam gerar infelicidade e futuras frustrações", conclui.
A psicóloga sugere que os pais troquem o: "você é" pelo "hoje você está", sendo de extrema importância que pais tomem cuidado com os rótulos, repetições e afirmações negativas, nos quais as crianças podem se prender, tornando um obstáculo futuro.
Ao longo dos primeiros anos de vida, as crianças precisam de carícias, abraços, beijos e palavras carinhosas que estimulem o seu crescimento e amadurecimento cerebral. "Dessa forma não devemos dizer 'não gosto de você' ou 'vou embora por sua culpa', pois os pequenos vão acreditar que o afeto só é possível em troca de algo", explica.
Assim como os adultos, os pequenos têm aptidões, gostos e preferências - e também podem ficar sobrecarregados com muitas atividades. "Não há problema em pequenas cobranças naturais do dia a dia, mas deve-se ficar muito atento com as cobranças de uma perfeição que não existe, afinal, ninguém é perfeito", conclui.
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