A pandemia do novo coronavírus fez a solidariedade florescer em várias partes do mundo e por aqui não foi diferente. Os capixabas têm formado uma grande rede de ajuda ao próximo nesse tempo em que a empatia é essencial para que essa fase seja superada.
Apesar disso, há um impasse: muitos querem ajudar e não sabem a quem recorrer com a segurança de que suas doações realmente irão chegar a quem precisa. E foi pensando nisso que as organizações capixabas do chamado Terceiro Setor, formado pelas organizações privadas sem fins lucrativos que prestam serviços públicos (popularmente chamadas de ONGs), se mobilizam para captar as doações e dar suporte aos grupos mais vulneráveis. Reunimos algumas entidades e movimentos que tem feito a diferença por aqui
A ativista social Marina Cunico e o grupo Amigos do Amor ao Próximo organizaram juntos o projeto O bem que contagia, que recolhe alimentos, materiais e outras doações através do site (obemquecontagia.com.br). Os voluntários distribuem as arrecadações aos que mais precisam e as ações são nas redes sociais (@obemquecontagia) para que o doador se certifique de que deu tudo certo.
A ativista social Marina Cunico e o grupo Amigos do Amor ao Próximo organizaram juntos o projeto O bem que contagia, que recolhe alimentos, materiais e outras doações através do site. Os voluntários distribuem as arrecadações aos que mais precisam e as ações são nas redes sociais para que o doador se certifique de que deu tudo certo.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Apae de Vitória também tem se mobilizado nas redes sociais para arrecadar recursos para as famílias dos assistidos que são, em sua maioria, de baixa renda. A campanha de arrecadação nacional Ação da Cidadania desenvolveu um projeto específico para onde a doação é feita pelo site e distribuída em diversos estados.
Além disso, a Rede Globo lançou a plataforma de divulgação Para quem doar, que contempla projetos de todo o país, inclusive a campanha capixaba GOLD contra o coronavírus. A Associação GOLD é uma entidade sem fins lucrativos fundada em 2005 com a intenção de promover a cidadania e defender os direitos da população LGBTQIA+ capixaba. A associação está arrecadando recursos para a compra de cestas básicas com alimentos e produtos de higiene para pessoas LGBTQIA+ que se encontram em situação de vulnerabilidade social.
Conheça outras instituições que estão cumprindo um papel essencial em tempos de coronavírus:
Central única das Favelas do Espírito Santo (CUFA-ES)
Gabriel Costa é presidente estadual da Central única das Favelas do Espírito Santo (CUFA-ES), ele explica que a Cufa é uma instituição reconhecida em todo o Brasil, e está atuante nas 27 unidades da federação. Aqui no Estado iniciou suas ações a 5 anos atrás, e foi reativada em meados de 2019, quando pudemos desenvolver projetos como o Movipraça Cultural, Ponto da leitura, Dia da Favela, Oficinas de formação, Futebol de várzea, Favela literária e outros, conta
Os participantes são todos voluntários e diante do atual cenário, eles precisaram unir ainda mais as forças e abriram uma campanha através das redes sociais da Cufa-ES, voltada para o combate ao coronavírus nas favelas e periferias. No início da pandemia se temia que o vírus se espalhasse nas favelas, ambiente com deficiências severas em infraestrutura, saneamento básico e saúde, explica Gabriel.
De acordo com o presidente estadual, o objetivo desde o começo foi amenizar um pouco do impacto causado pela quarentena nesses territórios, e para isso, a Cufa passou a buscar doações e contribuições com pessoas físicas, grupos e empresa. A partir dos pré-cadastros que já tínhamos devido nossas ações anteriores nas comunidades, passamos a fazer uma pré seleção de famílias e o cadastramento de outras novas, fazendo com que as doações pudessem chegar até a ponta, que seriam essas famílias até então desassistidas, complementa.
Os voluntário arrecadaram doações de alimentos não perecíveis, itens de limpeza e higiene pessoal, livros infantis e brinquedos, além de valores para custear a estrutura de fazer chegar essas doações às famílias mais vulneráveis. Em três semanas conseguimos atender 4 mil famílias nos municípios de Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha, conta Gabriel.
A campanha continua e continuamos buscando parceiros para prosseguirmos com nossas ações e poder alcançar mais famílias, deixando as favelas e periferias ainda mais fortes, diz.
Mulheres Unidas do Caratoíra (MUCA)
O Coletivo MUCA - Mulheres Unidas do Caratoíra (@mulheresunidasdocaratoira), surgiu e 2016 na Unidade Básica de Saúde do bairro, como um trabalho terapêutico formado por um grupo de mulheres da comunidade, uma psicóloga e uma fonoaudióloga. Em 2018 esse grupo expandiu para uma proporção comunitária e passou a oferecer atividades de empoderamento para as mulheres da região, além de reivindicar políticas públicas e buscar espaços para inserir essas mulheres.
Notamos que muitas das mulheres assistidas pelo nosso grupo estavam em relacionamentos abusivos principalmente por dependência financeira. Por isso passamos a promover oficinas voltadas para o empoderamento e para práticas empreendedoras, explica uma das articuladoras do grupo Winy Fabiano que divide a direção das ações com Rayanne Rocha.
Em tempos de coronavírus, os esforços se multiplicam. Segundo Winy, o grupo é composto por cerca de 15 articuladoras que fazem diversos trabalhos direcionados para a comunidade. Durante este período de pandemia todas as atividades do grupo foram suspensas e as atenções estão voltadas para a ações de auxílio aos moradores da comunidade.
A periferia é a que mais sofre e mais vai sofrer com a vinda do Covid-19 e ela não pode parar, a maioria dos empreendedores informais estão aqui dentro e sem o movimento na rua eles não conseguem fazer dinheiro. Por isso nós estimulamos a circulação da economia dentro da própria comunidade, acrescenta Winy.
Além disso, o grupo faz ações informativas a fim de conscientizar a comunidade a respeito da pandemia, falando sobre os riscos e forma de prevenção e arrecadam doações para oferecer a quem não pode trabalhar no momento e não tem outro meio de adquirir renda.
A doação de alimentos ajuda a manter as pessoas em casa - sem que saiam para trabalhar para conseguir comprá-lo -, estamos buscando dar o básico, como cestas básicas e materiais de higiene para eles se manterem em casa, conclui Winy. O grupo mantém uma campanha chamada Favela Resiste nas redes sociais @mulheresunidasdecaratoira, cujo o objetivo é arrecadar quantias para os chamados Kits de sobrevivência que são distribuídos.
Construir no presente um futuro diferente e Instituto Aprender Cultura
Marina Queiroz é economista, mestre em política social e fundadora do projeto Construir no presente um futuro diferente (@construirnopresente) que surgiu em parceria com o Instituto Aprender Cultura, que atua no bairro Flexal II, em Cariacica. Ela conta que a campanha de arrecadação promovida por essas entidades começou a partir da distribuição de kits de limpeza que recebemos em apoio da Cufa, onde eles notaram que os moradores da comunidade precisavam de mais do que aquilo. A gente viu que deveria fazer alguma coisa pra ajudar essas pessoas, algumas não tinham sequer o comer, diz.
A gente conseguiu ajuda de muita gente e entregamos 50 cestas básicas. Porém surgiram muitos novos cadastros de pessoas precisando, inclusive de outros bairros. A maior parte são trabalhadores informais que não tem de onde tirar a renda, conta Marina.
Segundo ela, a maioria das contribuições são pessoas de fora da comunidade, mas todos fazem questão de participar. Mas eles sempre ajudam com o que têm, acho que daí que vem a ideia de comunidade, todos se conhecem e se ajudam. Isso é muito forte, complementa.
Marina explica que os voluntários pegam o telefone das pessoas que serão assistidas e fazem o contato depois que a arrecadação é feita para que elas vão até o Instituto buscar as cestas e a quem não tem celular, o contato é feito pessoalmente, com todos os cuidados. Nós ainda precisamos de muita ajuda, temos que distribuir no mínimo mais 150 cestas básicas, tivemos que encerrar o cadastro, porque é muita gente, conclui.
É importantíssimo que façamos a nossa parte para que todo mundo fique bem. Ah, e ,se puder, fique em casa.
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