A especialista em segurança na internet Susan Mclean fez um post na última segunda-feira (7), alertando pais de todo o mundo para um vídeo violento que estaria circulando nas redes sociais, em especial no TikTok. Segundo ela, imagens de um suicídio foram introduzidas a vídeos que aparentemente são inofensivos, como de bichinhos de estimação, por exemplo.
"Certifique-se de não permitir que seus filhos usem o aplicativo hoje, se eles o tiverem", escreve Susan. "Aparentemente, ele está chegando na seção Para você, por isso, por favor, avise as crianças para não assistirem a nada que seja solicitado", completa. Ao The Mirror, um porta-voz do TikTok disse que o conteúdo viola as políticas da empresa e já está sendo identificado e devidamente removido.
O número de crianças e adolescentes com acesso à internet e as redes sociais é cada vez mais maior. Por isso, é importante os pais ou responsáveis sempre estarem atentos aos conteúdos acessados. A psicanalista infantil e colunista de A Gazeta, Bianca Martins, explica que o melhor caminho para prevenir os filhos da violência através da web é o diálogo. "É importante que os pais conversem com os filhos sobre o que é violência, o que é permitido e o que não deve ser feito desde muito cedo. A criança não nasce sabendo essas questões, ela é ensinada. É função dos pais limitar o uso da internet, verificar o que elas estão acessando e principalmente conversar sobre. Os responsáveis precisam se interessar pelas atividades dos filhos. A internet é uma janela para o mundo dentro de casa e é uma ótima oportunidade de estabelecer conversas com as crianças".
Quando o assunto é a idade ideal para acessar esses conteúdos, Bianca está de acordo com a norma das Redes Sociais: 13 anos. "Antes disso acho desnecessário que uma criança tenha acesso às redes sociais, pois ainda não tem as habilidades de comunicação necessárias para manejar essa ferramenta. Eu sou mãe de um menino de 9 anos e coloco a responsabilidade no Zuckeberg. Ele quem criou a rede, portanto a lei de que antes dos 13 anos não se deve estar inscrito. É importante para o desenvolvimento psíquico das crianças saber que não podemos tudo na vida", ressalta.
A psicóloga Mariana Rossoni Lombardi diz que o ideal é observar o que a criança busca e faz no computador ou em outros dispositivos, e conversar claramente com explicações práticas para cada momento. É preciso ter um diálogo aberto com o pequeno. "Dialogar é muito importante, ouvir o que ela tem a dizer e orientá-la, colocando limites claros e até construídos juntos. Cada uma vive em um contexto familiar e social diferente, os pais ou responsáveis, na melhor das hipóteses, os conhecem e poderão apostar no melhor momento para conversa. Na prática clínica podemos observar que cada sujeito tem o seu tempo e é importante levar isso em consideração", explica.
A psicóloga infantil Danielle Alvim também concorda que o diálogo é o ideal para que a criança possa usar a internet com segurança. "Respeitando a idade e o nível de desenvolvimento, é necessário ir conversando sobre o que pode ou não pode ser visto. A partir dos 7 anos as crianças conseguem ter um entendimento melhor sobre regras na internet", diz. Para ela, a idade ideal para ter acesso as redes sociais é a partir dos 13 anos. "Uma alternativa para os pais é fazer um perfil em conjunto com o filho, tendo amplo acesso e controle a tudo que ele utiliza".
Os pais precisam ter as senhas de acesso aos perfis dos filhos e aos dispositivos? "Confiança é algo que se constrói junto na relação pais e filhos. Os adultos podem ter as senhas, mas também podem apostar nesta confiança em algum momento e acompanhar de perto até que os filhos possam assumir os riscos desse ambiente", explica Mariana Rossoni Lombardi.
Já em relação aos adolescentes, a psicóloga Danielle Alvim conta que muitos pais acabam encontrando dificuldades para impor limites. "E ainda se sentem culpados por estarem invadindo o espaço deles. Os adultos precisam entender que zelar pelo filho é sempre mais importante. Proibir não é o caminho, mas é importante participar e orientar sobre a vida digital desse adolescente".
As profissionais ressaltam ainda a importância de acolher os pequenos, já que eles podem ficar com medo de contar algo por medo de briga ou castigo. "A criança que tem medo de contar algo que fez de errado é porque não se sente suficientemente ouvida e considerada. Naturalmente elas contam sobre suas traquinagens. Se o pai ou a mãe forem benevolentes, escutarem, acolherem e orientarem, a criança saberá que errar é humano e que ela tem uma família que a auxilia e a orienta em direção de um comportamento adequado para cada situação. Só aprendemos porque erramos, e não o contrário. A criança jamais deveria temer seus pais, mas sim saber que pode contar com eles nas adversidades", diz Bianca Martins.
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