"A casa não pode ser uma vitrine, onde nós somos meros objetos a contracenar com os demais. A casa deve ser, sim, o nosso lar, espelho de nós mesmos, reflexo de nossa alma, colcha de retalhos que alinhava nossa própria história". A frase, dita em 1994 pelo arquiteto José Daher, está mais atual do que nunca. Vinte seis anos depois, diante de um vírus invisível, muita gente tem aprendido o prazer de ficar em casa. E a decoração faz parte disso. Plantas, iluminação, cores, objetos decorativos são alguns dos elementos que trazem aconchego para nosso lar.
"Vivemos um momento especial . O isolamento social nos leva a voltarmos para nós mesmos e para os que nos são íntimos. É preciso fazer um mergulho na memória afetiva se quisermos uma casa para ser mais vivida do que exibida. Sugiro buscar fotos de momentos felizes, lembranças de viagens encantadoras e peças da infância , juventude e heranças de família", sugere Daher. Os objetos podem ser arrumados num canto da sala, numa mesa de café da manhã e até mesmo numa mesa de lanche na varanda. "A decoração tem o poder mais do que nunca, de nos fazer olhar para nós mesmos e para nossos afetos. Aqueles que dividem conosco o teto, a cama, a comida e também as expectativas e esperanças quanto ao futuro".
Para exemplificar um ambiente aconchegante, ideal para os dias atuais, ele projetou uma copa/cozinha que se integram, permitindo que o marido prepare seus quitutes para a família. "A louça antiga, herdada da mãe da proprietária está exposta em móvel cristaleira para ser vista por todos", explica. Já os quadros tem lugares de destaque trazendo um clima de aconchego.
O arquiteto Kassio Fontoura, que atua junto com Marcela Grasseli, conta que, quando vai projetar algum espaço, o conforto é uma das grandes diretrizes para início do processo. "Atrelado a isso é importante imaginar a casa como refúgio físico, mental e espiritual, atribuindo-lhe a capacidade de ser um espaço de celebração e união dos laços de afeto entre família e amigos. Por isso pensamos na integração dos espaços para o estímulo do convívio e na proposta com elementos naturais (revestimentos, acabamentos, paisagismo e uso das cores) como algo instintivo e necessário para a boa saúde".
Ele ressalta ainda que é preciso respeitar a história do morador. "Por isso sempre valorizamos os objetos de viagens, aqueles que o morador traz pela vida, os herdado. Objetos que contam um pouco da vida podem ser expostos". Kassio diz que é muito importante pensar na composição da cores, criando uma sensação de conforto.
A dupla projetou um espaço social de 90 metros quadrados com espaços integrados que permitem o convívio social e que segue uma tendência natural de voltarmos nossa atenção aos itens que remetem a natureza. "Foram propostos acabamentos naturais nas paredes como o tijolinho cerâmico pintado de off-white aliado ao cimento queimado também no mesmo tom claro. Tais bases serviram de fundo para outros elementos responsáveis por essa sensação de conforto e aconchego, como o paisagismo disposto em alguns vasos distribuídos entre o mobiliário, o uso da lâmina natural de madeira na marcenaria e mobiliário, as obras de arte com forte presença de cores vivas que ao mesmo tempo fazem alusão a outros elementos presentes na natureza", explica o arquiteto.
A arquiteta Mariana Lofêgo conta que criar uma casa aconchegante é o grande desejo da maioria das pessoas. "E para alcançar isso temos que unir vários itens importantes na decoração como a iluminação, o uso de materiais naturais, a presença da natureza, o uso de elementos decorativos como tapetes e almofadas, a valorização de peças que contam histórias, entre outros".
Ela explica que, quando se fala em ambiente com aconchego, um dos principais meios para criar esse clima é através da iluminação. "A utilização de iluminação natural potencializa a sensação de bem-estar e proporciona um ambiente mais confortável e saudável. Mas além da iluminação solar, a artificial também pode oferecer isso, o uso de iluminação indireta e lâmpadas de cores quentes são importantes para criar um clima de aconchego".
Outro artifício é o uso de tecidos com texturas diferentes. "Em regiões mais frias, o uso de tricôs, lãs e veludos são bem-vindos. E tecidos como algodão e poliéster são uma boa aposta em regiões mais quentes. E ainda, se aliados com as fibras naturais, que são mais rústicas, criam um ambiente bastante confortável", sugere ela, que decorou uma sala apostando no uso de elementos naturais, como madeira, palha e vegetação. O projeto foi complementado com uma iluminação indireta e com focos de luz bem pontuais. "Tudo isso foi aliado a valorização de peças com muita história, o que trouxe muito aconchego para esse apartamento", diz Mariana.
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