Os smartphones e a internet abriram um novo campo na paquera: os nudes. Além disso, as fotos com trajes de banho estão estampadas por todas as redes sociais. Com isso, a atenção à estética das partes íntimas passou a ter maior relevância. Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) mostram que a procura por cirurgias íntimas aumentou 25% entre os anos de 2014 a 2018.
O médico e presidente da seção capixaba da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP/ES), Ariosto Santos, destaca que os pacientes que buscam por estes procedimentos o fazem na busca pela melhora da autoestima e da confiança após a cirurgia.
As pessoas querem sentir-se bem por inteiro e isso inclui as partes íntimas. As cirurgias íntimas femininas, chamadas de ninfoplastias ou labioplastias, são realizadas sob anestesia local e sedação. Elas carecem de poucas horas de hospitalização e, dependendo do procedimento, requerem repouso mínimo de dois a três dias. A vida sexual pode ser retomada em torno de até 20 dias", explica o cirurgião.
A busca pelas intervenções que envolvem a estética íntima ganha cada vez mais popularidade entre as mulheres. Inclusive, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos em volume de cirurgias íntimas, de acordo com último levantamento divulgado pela ISAPS. São 18 mil procedimentos no Brasil contra 13 mil nos EUA no mesmo período.
Processos como envelhecimento, uso de anabolizantes e até o emagrecimento são alguns dos fatores que levam as mulheres a buscarem a correção de pequenos e grandes lábios, afirma o médico.
A gordura localizada na região pubiana, conhecida como monte de Vênus, é o principal fator de incômodo relatado pelas pacientes que, geralmente, sentem-se desconfortáveis ao colocar um biquíni ou roupas mais ajustadas. A alteração pode ser feita com lipoaspiração da área, tudo feito com anestesia local e sedação, explica Ariosto.
Os procedimentos estéticos íntimos para homens são chamados de faloplastia. Ariosto explica que é possível realizar, por meio da cirurgia plástica, a correção da bolsa escrotal, através da retirada do excesso de pele, o que reposiciona os testículos e aumenta do diâmetro do pênis.
Não existe técnica cirúrgica para aumentar o comprimento do pênis, mas é possível aumentar sua espessura através da inclusão de tecidos dermogordurosos e/ou musculares e derme acelular ao redor. Esse enxerto não interfere nas ereções e sensibilidade, complementa.
Com o avanço das tecnologias, novos procedimentos estéticos surgem a todo momento e conquistam cada vez mais adeptos que estão na busca pela melhor versão de si mesmos. Mas um fator que não deve ser desconsiderado é a relação dessa busca com a associação do corpo a um padrão inalcançável, onde cada vez mais aspectos naturais são substituídos por novas referências que só são possíveis através da intervenção.
A ativista e colunista da Revista.ag Rayane Souza acredita que alguns pontos devem ser levantados. O primeiro é o limite dessa busca pela perfeição, o que já foge do fato de se olhar no espelho e querer fazer algumas mudanças pra se sentir bem. O outro ponto é como isso tem sido passado pela mídia e como as pessoas abordam essa escolha com naturalidade. E até que ponto um profissional da saúde entende isso como algo natural e relevante, explica.
Para ela, o aumento da procura por procedimentos como este já ultrapassa os limites da busca por autoestima ou escolha por um estilo de vida mais saudável - seja física ou mentalmente. Já é um aprisionamento a uma ilusão de perfeição, e muitos profissionais tem contribuído com essa deturpações, acrescenta.
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