O câncer é uma doença delicada. Como se não bastasse o medo das consequências dele, o tratamento também é cercado de incertezas e comprometer muito a vaidade, principalmente das mulheres. Isso porque, em muitos casos, elas também precisam lidar com a queda dos cabelos.
Mas será que existe tratamento para os fios durante o tratamento e após a quimioterapia? A oncologista Juliana Alvarenga, do Cecon/Oncoclínicas, explica que a quimioterapia afeta muito o cabelo. "Durante o tratamento toda a estrutura do fio pode ser prejudicada. Mas temos algumas opções. Além de cuidados rotineiros, podemos acrescentar um suplemento via oral para fornecer mais nutrientes aos cabelos. Uma avaliação com o dermatologista é importante, por exemplo", diz.
A médica explica que é preciso manter a limpeza e hidratação dos fios diariamente. "É importante evitar terminantemente o uso de tinturas, progressivas e outros tipos de alisamentos durante a realização da quimioterapia para não ocasionar a quebra e queda do cabelo", diz Juliana Alvarenga.
Camila Zanoni, que é tricologista e terapeuta capilar, explica que a quimioterapia é utilizada para destruir células de proliferação. E o cabelo está nesse meio de células proliferativas. "Nossos fios são produzidos a todo momento. Um vez que o cabelo caiu, depois de finalizar todo o tratamento, ocorre o nascimento de forma natural. Nesse processo, muitas pessoas recorrem às próteses, lenços ou perucas, que são formas de disfarçar a careca e proteger o couro cabeludo do sol".
Os cuidados com os fios se iniciam a partir do momento que eles tiverem crescido um pouco. Mas a profissional alerta que é importante levar em consideração o tipo de câncer que a paciente teve, a autorização médica para o tratamento e a localização do tumor, pois existem restrições. "Não são todos os procedimentos que podem se utilizados. Mas podemos usar a fototerapia, e produtos mais naturais, como as argilas e óleos essenciais. Lembrando sempre que tratamentos podem ser feitos, mas tudo com muita cautela e orientação médica", diz Camila.
A oncologista Juliana Alvarenga explica que a quimioterapia é feita com medicamentos especializados em destruir as células tumorais que se desenvolvem rapidamente. "Porém, ela também atinge células saudáveis de divisão rápida, como é o caso dos folículos pilosos, responsáveis pela produção de pelos e cabelos. O medicamento age nesta área, alterando o desenvolvimento das células e ocasionando queda do cabelo, ou ainda o crescimento de fios fragilizados mais suscetíveis a quebra".
O normal é que em 40 dias após o fim da quimioterapia os primeiros fios comecem a aparecer. "A paciente pode ajudar esse crescimento fazendo massagens com algum óleo, diariamente, na região do couro cabeludo, protegendo a cabeça com protetor solar, usando chapéus ou lenços e mantendo uma dieta rica em nutrientes e com uma boa hidratação", diz a médica.
A fisioterapeuta Adrieli Borsoe foi diagnosticada com câncer na mama direita no meio do ano passado, aos 29 anos. "Eu estava sintomática e dolorida, fiz autoexame e senti. Fiz uma ultrassonografia que mostrou um nódulo benigno. A recomendação foi de voltar seis meses depois para monitorar. Antes desse prazo senti dor e fisgadas, porém fui orientada a usar anti-inflamatório, óleo de prímula e vitamina E, e aguardar o tempo do retorno. Quando fiz o novo exame, havia crescido quase cinco centímetros e tinha indicação para biópsia. Assim que recebi o diagnóstico fiz mais exames e iniciei o tratamento", conta.
O caso da capixaba era atípico pela idade, agressividade, fator hormonal e forte componente genético. Após o mapeamento genético foi constatado síndrome de Li Fraumeni. Ela iniciou a quimioterapia neoadjuvante, fez 4 sessões quinzenais da quimioterapia vermelha e doze semanais da branca. "Depois disso fui submetida a mastectomia radical (retirada do máximo tecido mamário possível, incluindo mamilo e aréola) e esvaziamento axilar. Foram 25 sessões de radioterapia (todos os dias uma sessão) e, por fim, uma terceira cirurgia de mastectomia profilática da mama saudável - devido à síndrome de Li Fraumeni tenho muita chance de ter outros tumores, inclusive na outra mama. Então resolvemos tirar antes que acontecesse. Assim que pude, fiz a reconstrução das duas mamas com prótese", relata Adrieli.
Antes de iniciar a quimioterapia ela cortou o cabelo bem curtinho para fazer uma peruca. Após a segunda sessão iniciou a queda do cabelo de forma intensa. "O momento da decisão de raspar foi ao mesmo tempo libertador e temeroso. Mas por incrível que pareça, assumir a careca foi algo natural e eu segui bem. Após o fim da quimioterapia os cabelos começaram a crescer e estou aprendendo a lidar com a nova textura deles, diferente de antes", conta. Atualmente ela usa produtos convencionais e pomada modeladora para arrumar enquanto está curto. Adrieli pretende manter o corte baixinho por um tempo.
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