Durante a quarentena, muita gente aproveitou a pouca exposição para assumir os fios naturais, incluindo as celebridades. Recentemente, a atriz Juliana Paes e a apresentadora Maísa resolveram assumir seus cachos e compartilharam parte das etapas nas redes sociais. Em carta aberta no Instagram, Maísa escreveu um texto direcionado ao próprio cabelo, que representa bem o sentimento de mudança da transição. Eu te quero de volta, do seu jeitinho, eu juro que eu vou tentar te amar do jeito que você merece. Te aceito de volta, disse.
Certo dia, durante a quarentena, eu me olhei no espelho e pensei: 'Gente, esse é o meu cabelo', e comecei a achar bonito", afirmou Juliana Paes em entrevista ao programa Saia Justa do GNT. Ela descreveu a nova fase assim: É muito doido, né, quando você descobre o seu cabelo. Agora posso ser eu.
Para a terapeuta capilar naturalista Paula Breder, a transição capilar é uma fase que vai além da estética, começa internamente. Precisamos reaprender a nos olhar no espelho, a assumir nossa personalidade, nossa essência, e deixar de lado a afirmação que ter cabelo liso é mais bonito e saudável, isso está fora de moda e não é mais o padrão, pontua.
A profissional acredita que o período em casa e os poucos compromissos públicos colaboraram para que mais pessoas se sentissem encorajadas a iniciar o processo. Por aqui, com o período em casa, muitas mulheres assumiram os cachos e agora que retornamos ao trabalho, temos recebidos diversas clientes que querem fazer a transição capilar, afirma Paula.
A universitária e digital creator Raquel Sarcinelli conta que no início teve muito receio e resistência em assumir seu cabelo natural. Porém, já estava cansada de investir tempo e dinheiro alisando-o. Sempre que a raiz natural começava a crescer, o cabelo dela ficava com duas texturas e sua autoestima ficava abalada. Entendi que eu precisava mudar esses sentimentos e, por conta disso, decidi começar a transição capilar, apesar de ter tido muito medo de não aceitar meu cabelo como ele é, disse ela.
A parte mais difícil do processo era ver meu cabelo com duas texturas e ter que ajustar isso. Passar chapinha quase todo dia ou usar meu cabelo apenas preso, o que fazia eu me sentir feia. A demora do processo também foi bem difícil para mim, não tinha muita paciência com meu cabelo e queria ver o resultado logo, então acabava me torturando com isso, complementa.
Atualmente, após a transição, a relação de Raquel com seu cabelo já é totalmente diferente. Ela conta que seu cabelo natural contribuiu para o aumento de sua autoestima. Eu sinto que foi uma das melhores escolhas que eu tomei na minha vida. Apesar de receber alguns olhares e palavras que ofende, me sinto orgulhosa de ter conseguido passar e superado a transição, finaliza.
A decisão de encarar a transição é o primeiro passo e, às vezes, demanda tempo. De acordo com a tricologista Cristal Bastos, as etapas do processo são facilmente perceptíveis aos olhos, no entanto, a transformação começa antes mesmo do início do tratamento e, concordando com Paula Breder, ela acredita que o processo acontece de dentro para fora . Segundo a profissional, essa tomada de decisão aumentou durante a pandemia.
O desejo de passar pela transição capilar é como se fosse uma sementinha que é plantada no íntimo de cada um e vai expandindo, florescendo do lado de fora, pois a mudança não é apenas dos fios. Ninguém sai de uma transição da mesma maneira que entrou. É um olhar para dentro de si, afirma a especialista, que já passou pela transição e repudia qualquer imposição ao cabelo, seja a ditadura do liso ou a pressão em aceitar o cabelo natural.
Ela explica que o cabelo em transição apresenta duas texturas: os fios alisados pela química e a raiz natural. Ou seja, as pontas ficam mais lisas do que o restante dos fios. Esse período de indefinição, segundo ela, é também o mais difícil porque mexe com a autoestima feminina e pode durar até três anos.
Vale ressaltar que a transição só acaba quando os cabelos estão totalmente naturais, sem resquícios de química. "Para isso, é necessário cortá-los. Isso não significa um corte radical que deixa os fios mais curtos. Mas aparar as pontinhas aos poucos é essencial para que os cachinhos cresçam saudáveis", destaca a tricologista.
Se você tem vontade de assumir os seus fios naturais, a primeira coisa que eu digo é: não tenha medo! Dê uma chance para a transição e aprenda a amar o processo. Cada etapa será cheia de descobertas sobre o seu cabelo e também sobre si mesma, aconselha.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta