Você já deve ter escutado falar da icterícia, uma coloração amarelada que surge na pele e nos olhos. Assim como os seres humanos, os cães também podem apresentar essa manifestação física em seus tecidos corporais, principalmente nos olhos e gengivas. E embora não seja uma doença, pode ser um importante alerta para problemas de saúde graves nos pets.
Segundo a médica veterinária Juliene Maria Debortolli, a icterícia é um sinal clínico de uma doença preexistente no animal. “Os donos podem notar que algo está errado ao perceberem os tecidos do pet mais amarelados, em áreas como a parte dos olhos, boca e dentro das orelhas. Em casos mais graves, a alteração passa também para o pescoço e barriga”, destaca.
A especialista explica que essa alteração é reflexo de um aumento e maior acúmulo da substância bilirrubina no corpo do animal, sendo ela a responsável pela coloração amarelada.
Segundo a médica veterinária, várias doenças podem levar ao aumento da concentração da bilirrubina e causar a icterícia, por isso é preciso que o responsável pelo animal fique atento ao surgimento da coloração, que pode indicar um problema de saúde grave, levando até mesmo à morte do bichinho. “É bom sempre observar bem atentamente qualquer situação anormal para tomar as medidas necessárias para o diagnóstico do pet”, destaca Juliene, que citou a lista de doenças que podem se manifestar através da icterícia.
É uma doença caracterizada pela inflamação dos dutos biliares que se estende para o fígado. “A inflamação causa muita dor, desconforto, vômito, diarreia, todos esses sintomas indicam inflamação dos órgãos”, destaca.
A doença transmitida pelo carrapato, ou seja, uma hemoparasitose. Segundo a médica veterinária, quando o parasita infecta o animal ele se torna parasita das hemácias as quais vão perder a função de gerar a circulação sanguínea. "Conseguimos comprovar o diagnóstico com testes em soros e exames de sangue, que mostram se o animal está com anemia e plaquetas baixas”.
Segundo Juliene, a doença é causada pelo acúmulo de gordura no fígado do cão. “Ela pode ser de origem dietética, devido à alimentação oferecida à vontade dos pets ou pela alimentação discriminada. Quando estão com a doença, muitos animais apresentam perda de apetite, de peso, fraqueza, vômitos e diarreia”, explica.
Segundo a especialista, são as popularmente chamadas de “doenças do carrapato”, sendo as principais a babesiose e erliquiose. “O carrapato, por se alimentar de sangue, é o principal meio de transmissão dessas doenças. Em pets com a doença na corrente sanguínea, os parasitas vivem nas hemácias. O animal doente geralmente apresenta anemia, baixa de plaquetas, sangramento pela orelha, sangramento da gengiva e manchas vermelhas pelo corpo”.
É uma doença autoimune adquirida, um tipo raro de anemia, em que a medula óssea não produz glóbulos vermelhos suficientes. A médica veterinária explica que quando a destruição dos glóbulos vermelhos é grave, são necessárias transfusões de sangue. “Entretanto é um processo bem delicado, dado que temos que ficar atentos a possíveis reações, visto que o próprio corpo não entende que essa célula é do pet”, explica
Segundo Juliene, a doença é transmitida por meio da urina de outros animais infectados, a partir do contato com mucosas (orais, nasais). “A infecção grave pode atingir órgãos, chegando até o fígado levando a insuficiência de órgãos, fazendo com que não funcionem da maneira adequada”, ressalta.
De acordo com a médica veterinária, a icterícia após uma intoxicação é vista com menos frequência nos consultórios veterinários, mas, ainda assim, existe. “Algumas substâncias ingeridas ou até mesmo produtos com micotoxinas que proliferam fungos geram grande impacto no fígado, local onde essas substâncias são metabolizadas. Isso faz com que ele não funcione da maneira adequada, levando a problemas hepáticos e, consequentemente, à icterícia".
Juliene Maria Debortolli explica que, observando os sintomas de algumas das doenças citadas, o atendimento de um médico veterinário capacitado é a melhor solução para o caso de um animal que apresenta qualquer anormalidade em seu comportamento. Os donos também devem ficar atentos para alterações no peso, vômito, apatia e aumento da ingestão de água. Ao observar esses sintomas no animal, é preciso levá-lo para um atendimento urgente.
“Após o exame físico, com os sintomas visíveis da doença, também são necessários diversos exames, sendo que a maioria deles é feita por análise do sangue — hemogramas e testes de dosagem de bilirrubina na urina. Também há o exame de urina e a ultrassonografia, que auxiliarão a finalizar o diagnóstico”, explica.
A partir do diagnóstico, será possível partir para o tratamento correto da doença, o qual depende diretamente do que está causando o acúmulo de bilirrubina. “Em alguns pacientes, é necessário agir com precursores de metabolismo, antibióticos. Em caso de doenças virais, não utilizamos muito antivirais, o tratamento é mais sintomático e será especializado dependendo de cada caso do paciente”, afirma.
Já sobre a prevenção, Juliene destaca que a melhor forma é evitar que outras doenças atinjam o animal, como os quadros hepáticos e a leptospirose, as principais causadoras da icterícia em cães. "Podemos prevenir algumas doenças, outras não, mas é sempre importante fazer o controle do carrapato, deixar a vacinação do pet em dia contra as doenças virais, principalmente com as vacinas V8 ou V10, conhecidas como Polivalentes, além da avaliação de colesterol e glicemia anual do pet e testes de dosagem sangue”, explica.
Além disso, priorizar uma boa ração com vitaminas e suplementos adequados e tomar cuidado com os locais que o animal frequenta, utilizando coleiras com remédios contra carrapatos, são outras dicas para manter os bichinhos saudáveis.
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