Atire a primeira calcinha quem nunca teve infecção urinária. O problema é muito mais comum em mulheres. E a culpa disso passa pela própria anatomia feminina e também por certos (maus) hábitos do dia a dia.
A nefrologista Fernanda Zobole Peterle gosta de brincar que a natureza foi generosa com os homens nesse sentido. Digo sempre que os homens não têm direito de ter infecção urinária! A uretra deles é muito grande. Pode até acontecer, mas aí é preciso investigar melhor as possíveis causas, se é por má formação renal, por exemplo. Já as mulheres têm o trato urinário curtinho. Qualquer coisa comportamental, como hábitos de higiene ruins, pode afetar a saúde na região, comenta ela.
Beber pouca água, prender o xixi, usar roupa apertada, passar muito tempo com biquíni molhado, abusar da ducha higiênica e até aquela posição desconfortável para evitar sentar no vaso do banheiro público são algumas das manias que podem levar à doença.
A médica explica: Quando você bebe água, essa água passa pelo rim, desce bexiga abaixo, vai para a uretra. Ou seja, vai fazendo uma limpeza geral. Se há alguma bactéria ali, é eliminada junto com a urina depois.
E se, além de beber pouca água, a mulher ainda ficar adiando a ida ao banheiro Se ficar segurando o xixi, imagina que fica aquela água quentinha, cheia de alimento. Vira uma piscina de bactérias!, diz Fernanda.
E nada de malabarismos ao usar o vaso sanitário desconhecido! O melhor é forrar com papel higiênico e sentar para fazer o xixi com calma. Essa posição em que a mulher fica, meio em pé, muda a angulação e não garante que o esvaziamento da bexiga seja completo. Se restar resíduo, vira matéria-prima para a bactéria nociva, que causa a infecção urinária, observa a nefrologista.
Tem gente, segundo ela, que coleciona dois, três, vários desses maus costumes. E aí, as consequências podem ser ainda piores. O problema é que a infecção urinária pode evoluir. Se não tratar rapidamente e da forma certa, as bactérias podem migrar para a bexiga, causando a cistite; e depois para o rim, causando a chamada pielonefrite. Mas pode afetar o organismo todo, causando uma infecção generalizada, um choque séptico e até a morte, alerta.
Recentemente, a atriz Samara Felippo contou, em suas redes sociais, que foi hospitalizada devido a uma pielonefrite. "Acordei com calafrio, dor na lombar muito forte, dor de cabeça, mal-estar... Corri para o médico. Fiquei três dias internada", relatou ela, que ainda compartilhou várias dicas com seguidores de prevenção à infecção urinária. "Muitas mulheres confundem porque um dos sintomas parece uma cólica pré-menstrual. Aí, elas tomam um remedinho e acham que vai passar", comentou Samara.
A infecção urinária dá sinais como urgência e ardência ao urinar; dores na bexiga, que podem irradiar para as costas; febre e sangue na urina. Mas a médica lembra que nem em todo mundo esses sintomas estão presentes. Alguns pacientes não sentem nada, como diabéticos ou pessoas com doenças que deixam a imunidade baixa.
Apesar de ser muito frequente nas mulheres, a infecção urinária é bastante prevenível. Confira abaixo a lista de dicas do que fazer e o que não fazer para nunca mais ter mais esse sofrimento.
Ao beber mais água, você mantém sua urina mais diluída, abundante, o que a fará urinar com mais frequência, limpando todo o trato urinário e, assim, eliminando impurezas e bactérias nocivas que podem causar a infecção urinária e outras doenças.
Adiar a ida ao banheiro contribui para a proliferação de bactérias nocivas, que podem migrar da uretra para bexiga, rins e, por fim, para todo o organismo, causando uma infecção generalizada
A hora do xixi é sagrada! Mesmo em banheiro público, nada de ficar naquela posição, meio em pé, para não ter que sentar no vaso. Forre com papel o assento sanitário para usar com calma e, assim, esvaziar por completo a bexiga. Se ficar resíduo, é matéria-prima para a proliferação de bactérias
Nada de pressa para urinar. Pelo mesmo motivo anterior. Ao forçar o xixi, você pode não esvaziar a bexiga totalmente, o que é prejudicial e pode levar à infecção urinária
Calcinhas e calças muito apertadas dificultam a transpiração da região íntima, o que pode contribuir para a proliferação de bactérias nocivas
O melhor tecido para suas calcinhas é o algodão, que é o que permite a transpiração adequada da região genital, evitando a umidade excessiva e, por consequência, a disseminação de micro-organismos
Pode ser chá ou suco, mesmo os de caixinha do supermercado. Há estudos que apontam que essa fruta antioxidante tem substâncias que previnem a infecção urinária, impedindo a aderência das bactérias na região
Segundo os médicos, basta água e sabão neutro para lavar a região genital. Usar sabonetes íntimos em exagero pode alterar o equilíbrio da flora vaginal e favorecer a proliferação de bactérias. Não precisa exagerar na higiene íntima, ou o efeito pode ser contrário ao desejado
Produtos cheios de química podem provocar irritação na região íntima e causar a colonização de bactérias no local
Os sistemas urinário e sexual são muito próximos. Ao urinar após a relação sexual, você ajudará a limpar o trato urinário, eliminando as bactérias nocivas presentes na região
Ao usar duchas e bidês, o jato de água muito forte pode empurrar a sujeira (e as bactérias) para dentro do trato urinário. A melhor forma de higienizar a região é lavar durante o banho
No verão, muitas mulheres passam o dia inteiro de biquíni. O problema é que se a calcinha ficar úmida por muito tempo, isso pode ajudar na proliferação de bactérias na região íntima, favorecendo a infecção urinária
O jeito certo de se limpar, após evacuar, é da frente para trás, ou seja, da vagina em direção ao ânus, e não o contrário. Dessa forma, você evita que bactérias da região anal tenham acesso à região vaginal e ao trato urinário. Use o papel usa vez só e descarte
Quando estiver no período menstrual, evite passar muito tempo com o mesmo absorvente. Troque-o com frequência. Não espere que fique muito saturado, encharcado ou com mau cheiro. A umidade pode contribuir para a disseminação bacteriana na região
Após urinar, dê uma boa olhada no seu xixi. Observe a cor. Se for parecida com cor de "guaraná", pode ser que esteja bebendo pouca água, por exemplo. Se estiver mais avermelhado, pode significar presença de sangue. Por isso que sempre é indicado ter em casa vaso sanitário de cor branca
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